Cannes, 24 - Os resultados das últimas categorias de premiação ainda serão revelados hoje, mas o Brasil já garantiu um desempenho melhor do que o do ano passado no Cannes Lions - Festival Internacional de Criatividade. As agências brasileiras já somam 97 Leões na edição deste ano, contra os 90 angariados nem 2016. O ‘Estadão’ é o representante oficial de Cannes Lions no Brasil.
Serão conhecidos hoje os vencedores das últimas 3 de um total de 24 categorias de premiação do festival: Titanium (considerada a mais importante de Cannes Lions), Integrated (que analisa campanhas que consigam integrar ações em diferentes plataformas e mídias) e Film (que analisa as campanhas feitas em filme). Desta forma, o número de Leões do País ainda pode aumentar.
O publicitário Mário D’Andrea, presidente da Dentsu Brasil, que foi o líder do júri de Radio Lions neste ano, afirma que, apesar da crise econômica, o País tem conseguido mostrar trabalhos competitivos em nível mundial. Segundo ele, com orçamentos mais apertados, as agências têm de buscar soluções criativas para os clientes, mas sem gastar muito.
No ano passado, a crise econômica fez o número de prêmios trazidos pelo Brasil para casa ter uma queda - o recorde para o País havia sido registrado em 2015, ano em que as agências nacionais haviam conquistado 108 Leões. Em 2017, a recuperação veio apesar de o último ano ter sido difícil para a economia - em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 3,6%.
Ontem, o Brasil voltou a ganhar Leões de ouro. Um deles veio em Digital Craft, categoria que mostra os trabalhos mais bem acabados em meios digitais. A agência vencedora foi a AlmapBBDO, com a campanha “Nosferatu”, feita para a agência internacional Getty Images. A campanha usa o filme clássico de 1922 - a ideia de adicionar sons ao filme, originalmente mudo, visava a promoção do estoque de áudio e efeitos sonoros da Getty, mais conhecida pelas fotografias.
Ainda em Digital Craft, a campanha “Nosferatu” levou também um Leão de prata. A AlmapBBDO - que já foi eleita agência do ano no festival em quatro ocasiões, sendo a última delas no ano passado - lidera com folga o ranking de Leões do Brasil até o momento, com 22 prêmios.
Entre as categorias reveladas ontem, o melhor desempenho brasileiro foi em Radio Lions, júri que foi presidido por D’Andrea. O ouro foi para uma campanha da Young & Rubicam para a organização Cepia (Cidadania Estudo Pesquisa Informação Ação).
O País ainda recebeu duas pratas na categoria, para a CCZ*Wow, de Curitiba, para a rádio Jovem Pan, e para a Ogilvy Brasil, para a IBM. As agências nacionais ainda garantiram mais quatro bronzes: três para J. Walter Thompson (Instituto AzMina) e um para Dentsu (Arteris).
O Grand Prix do júri presidido por Mario D’Andrea foi concedido para uma campanha da Ogilvy & Mather sul-africana, para a rede de fast-food KFC. A decisão causou certa polêmica, uma vez que se trata de uma continuação de uma ação feita no ano passado e que também havia levado o grande prêmio de Cannes Lions. O jurado brasileiro afirmou que o júri analisou somente em comparação com os trabalhos inscritos neste ano, sem pesar o prêmio concedido em 2016.
“Trata-se de uma peça que foi criada e muito bem executada a partir de um briefing que as agências recebem todos os dias: comunicar uma promoção de preço”, frisou o publicitário. “E, além disso, é interessante ver os clientes aprovando conceitos duradouros em um momento em que todo mundo parece querer trocar de estratégia a cada três meses.”
(Fernando Scheller, enviado especial)