Rio, 26 - O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, afirmou que levou um susto ao tomar conhecimento de que a conversa que teve com sindicalistas, durante a qual diz que há "vagabundos" e "safados" que ocupam cargos de chefia na empresa. "A gente nunca percebe quando (está sendo gravado) quando está numa discussão fechada. Agora, já sabemos o que pode acontecer", disse o executivo, em encontro com a imprensa para tratar do assunto.
"De fato, exagerei. As pessoas não são vagabundas. Me arrependo disso e me desculpei logo em seguida", complementou. Ferreira disse também que os comentários foram equivocados, no "calor da discussão". "Mas não significa que não tenhamos uma agenda a enfrentar.
A Eletrobras possui 17,2 mil empregados próprios, dos quais 5,97 mil são das distribuidoras que serão privatizadas. Na área de geração e transmissão de energia há 2,22 mil pessoas em cargos de chefia, 6,2 mil na área administrativa e 8,77 mil na área operacional.
Ferreira Júnior informou que vai mandar uma carta a cada um dos funcionários para explicar a situação de fragilidade financeira da empresa. "A empresa precisa enfrentar o tema da dívida grande e produtividade", afirmou.
Cargo
O presidente da Eletrobras afirmou que não renunciará ao cargo, após a divulgação do áudio em que classifica alguns funcionários como "safados" e "vagabundos". "O fascínio que eu tenho aqui é implantar esse programa (de reestruturação). Temos uma saída positiva para a empresa", disse.
Segundo o executivo, há hoje na Eletrobras uma redundância de quadros. "Não há processos eficientes", afirmou o executivo, complementando que está sendo implementado um centro de compartilhamento de serviços, para acabar com a redundância.
Dentro do programa de reestruturação interna, a Eletrobras está promovendo um plano de aposentadoria incentivada (PAI), ao qual já aderiram 900 funcionários. A meta é chegar a 2,5 mil, o que significa que 1,6 mil devem aderir até a próxima sexta-feira, quando termina o prazo de adesão.
Durante sua gestão, disse o presidente da Eletrobras, 688 empregados perderam a gratificação pelo cargo de chefia. Até junho, 101 assessores, 440 gerentes e 147 secretárias deixaram suas funções, embora não tenha havido demissões.
(Fernanda Nunes)