– Qual é o salário ideal para você?
– Quais são seus principais defeitos?
– Resuma você mesmo em duas palavras
– O que você acha que precisa ser melhorado em você mesmo?
– Quando foi a última vez que você falhou?
– Com quais valores da nossa empresa você se identifica?
– Como saber que você lida bem com pressão?
– Você gosta de liderar ou seguir?
– E se aquela promoção que você tanto quer não sair, como você se comportaria?
– O que você faria se descobrisse que alguém da equipe está roubando a empresa?
– Qual marca representa você como pessoa?
– Com quem, em toda a história, gostaria de jantar e por quê?
– Por que deveríamos contratá-lo?
– Por que quer trabalhar aqui?
– Por que saiu do outro emprego?
– O que o torna diferente dos outros candidatos?
– Diga três coisas positivas que seu anterior chefe falou de você
– Que animal gostaria de ser?
Christyano Malta, head master coach da Casa Coaching, destaca que o objetivo da entrevista de emprego é checar as informações que foram passadas pelos candidatos à vaga. É preciso verificar se o candidato tem condições de ficar com o cargo pleiteado. “O mais importante é saber se a pessoa está falando a verdade sobre a experiência profissional, se ela realmente vive ou idealiza a situação apresentada.” Ele enfatiza que as principais armadilhas quem cria é o entrevistado e não o entrevistador. “Quando o candidato vai para entrevista e fala que é flexível, resiliente e bom com trabalhos em grupo, mas ao ser perguntado sobre algumas experiências não tem bons exemplos sobre aquelas características ou tem mais exemplos negativos, está errado. Às vezes, o entrevistado entra em contradição consigo mesmo. Não falar a verdade é a maior armadilha que existe.”
Para o head master coach, a maneira mais adequada de se portar é falar sempre a verdade. As perguntas são feitas para checar as informações, então, se o candidato expuser a verdade, o restante da conversa fica mais simples. Quanto às perguntas delicadas, Christyano Malta especifica algumas: “Sobre o salário, o candidato deve calcular o seu custo de vida com os seus interesses e dizer a verdade, já que se você coloca para baixo não vai cobrir seus custos e assim pode vir a ter problemas futuros. Em uma entrevista, é sempre importante saber o que o recrutador está fazendo. Ele julga, faz caras e bocas, entre outras, para testar os candidatos e ver como eles reagem sobre todas as emoções. Sobre os principais defeitos, a dica é transformar as coisas positivamente. Apontar características com muito potencial de desenvolvimento, em vez de falar que tem tal e tal defeito. Em se tratando do animal, depende do que a empresa quer. Tem algumas que buscam o cachorro, a águia, o leão ou o gato. Todos eles mostram algum lado positivo”.
Para Christyano Malta, as perguntas incômodas se justificam porque o intuito é checar informações e isso deve ser feito. “Entretanto, deve ser com respeito e avisar aos envolvidos o que será feito e que técnicas serão utilizadas. O objetivo é analisar a pessoa em campo. Mas, particularmente, não concordo com o excesso de perguntas que coloque as pessoas em situações difíceis ou perguntas que podem humilhar os candidatos. Esse tipo de conduta vem sendo questionada”, afirma.
As orientações de Christyano Malta para o profissional reduzir as chances de perde pontos com o entrevistador são: “Chegue no horário correto, seja bem respeitoso, tenha uma boa postura, olhe nos olhos, desenvolva empatia com quem está fazendo a entrevista e sorria. Sinta-se em casa e mostre sempre sua verdade, mostre seu real e não o ideal. Na hora de sair, seja sempre positivo. Se pedirem para deixar uma frase ou análise, foque sempre no positivo. Ao se despedir, olhe sempre nos olhos. Vá com o intuito de aprender e não apenas para fazer uma seleção”, alerta o especialista formado em direito e com MBA's em gestão estratégica e marketing e gestão de projetos.
Pense antes de responder
A segurança durante uma entrevista de emprego é essencial. Ter atitude e habilidade para responder ao que foi questionado pode parecer tranquilo, mas não é sempre assim. Ainda mais quando está em jogo uma oportunidade tão aguardada. Se não conseguir ser convincente e driblar possíveis “armadilhas” em meio à pressão da situação, é provável que a entrevista se torne mais complicada e acabe sendo um obstáculo a mais para o candidato. Então, como se sair bem diante de perguntas clássicas ou surpreendentes?
Fátima Trindade, vice-presidente da Thomas Case & Associados, consultoria de gestão e transição de carreiras com 40 anos de mercado, afirma que uma das principais armadilhas é o profissional chegar despreparado, sem conhecimento de suas habilidades, competências e resultados alcançados nas empresas nas quais atuou. “Postura adequada, saber ouvir, empatia com o selecionador, sempre com foco em inteligência emocional são características imprescindíveis para o sucesso na entrevista.”
Pessoas apresentam diferentes habilidades e, diante de perguntas consideradas “pegadinhas”, podem se perder. Há quem não saiba lidar com questões mais invasivas ou inesperadas. Para Fátima Trindade, o mais importante é ter sempre em mente ponderação, criatividade, pensar antes de responder abruptamente, mantendo coerência e trabalhando com inteligência emocional, pois todo o momento da entrevista é, por si só, momento de grande estresse. “Quando estamos em situação de tensão, muitas vezes não nos controlamos e é assim que podemos deixar passar uma grande oportunidade na carreira. Pensar sempre antes de responder, essa é a grande estratégia. Usar a imaginação, improvisar e abstrair podem minimizar uma situação complicada. Outra dica é respirar fundo e relacionar a resposta com características do cargo em questão ou com a empresa”, diz.
SURPRESA Tudo depende do perfil da empresa e da orientação que o selecionador segue. Há organizações que veem sentido em perguntas que são verdadeiras saias justas, acreditam que se justificam. Outras, não. Fátima Trindade explica que o grande desafio para o recrutador é selecionar com assertividade, garantindo que os profissionais estejam aptos para o desempenho de suas atividades. Perguntas previsíveis terão respostas comuns, como clichês e, dessa forma, não revelam com tanta profundidade os detalhes da personalidade do candidato. “Esse é o motivo de o recrutador fazer perguntas que saiam do esperado, conseguindo que o profissional responda com foco em experiências já vividas, situações do passado. Elas darão uma noção de como o profissional reagirá em circunstâncias futuras. O intuito primeiro é que devemos conhecer cada vez melhor o candidato, como ele se comporta em grupo, capacidade de liderança, senso crítico, argumentação, entre tantas outras características.”
Fátima Trindade destaca que não existe uma receita. “Sem dúvida. O objetivo principal é perceber as competências técnicas e profissionais do candidato e de que forma ele se adequa à necessidade da posição em si. Dessa forma, ele precisa em primeiro lugar conhecer claramente suas competências, agir naturalmente, responder com análise lógica da pergunta, empaticamente...”
Diante da pressão, do nervosismo, sempre existe a dúvida se o entrevista é obrigado a responder a todas as perguntas. Se existe resposta certa e errada que, no fim, o fará ganhar ou perder pontos. O profissional pode dizer que não sabe responder? “Não existe resposta certa ou errada nesse sentido. São questões subjetivas e o profissional deverá usar seu feeling e astúcia. Esses questionamentos mais inusitados suscitam a criatividade e bom senso e isso depende de cada candidato. Nenhuma pergunta deve ficar sem resposta. Imprescindível estudar a lógica que está por trás e o que se pretende por parte do entrevistador. No mais, naturalidade, autoconfiança, foco e alto grau de conhecimento de si mesmo sempre devem estar permeando o momento da entrevista”, afirma a especialista.
• Não há receita, mas regras
“Tudo depende, não tem receita de bolo”, avisa Milta Rocha, coach e fundadora da Milta Rocha Consultoria. Ela explica que a entrevista é o momento que o candidato tem para se apresentar. “O entrevistador já viu o currículo e quer ver se as informações procedem. Mesmo porque as pessoas não sabem fazer currículo, há aqueles que são suprassumo e outros que não têm nada. Há ainda quem manda fazer e sequer sabe o que foi colocado. É fundamental ter na ponta da língua sua trajetória profissional e confirmar os dados. Num segundo momento, o entrevistado vai querer conhecê-lo, descobrir quem é .”
Assim, no momento da entrevista, Milta Rocha enfatiza que o recrutador vai querer entender se o profissional é mais agressivo, dinâmico, se tem facilidade de liderança ou de execução, enfim, se é adequado para a vaga pretendida. “Há momentos de perguntas que chamamos de situacionais, uma entrevista por competências. De repente, o entrevistador pode pedir que o candidato fale em que momento vivenciou uma situação de pressão e que resultado entregou. Questão baseada na indicação do profissional que disse trabalhar bem em momentos críticos. Ou seja, tudo que falar precisa provar.”
Milta Rocha ressalta que o candidato precisa ter em mente qual é a vaga em jogo e qual perfil ela exige para que dê respostas sobre quem ele é de olho na vaga que disputa. “Nós podemos até preparar o candidato, mas posicionar bem é ser ele mesmo”, diz.
ESTRAGO
De acordo com a coach, o mais importante é olhar no olho do entrevista, já que teve o currículo selecionado, e vai perdendo ao longo do processo. Milta Rocha avisa que não tem jeito, a primeira impressão de fato fica. Portanto, tenha cuidado com a aparência, com o vestuário adequado ao cargo, pois dessa forma o profissional vai mantendo os pontos. “O principal é não perder a naturalidade. Não há problema em não saber responder a alguma pergunta, melhor do que falar sem pensar, sem respirar, ter uma resposta pronta que, certamente será percebida pelo entrevistador, que voltará à mesma questão de forma diferente, o profissional pode não perceber e se contradizer”, observa. Está feito o estrago.
Milta Rocha lembra ainda que “quem conduz a entrevista é o entrevistador. Nada de disparar a falar, responder uma coisa se a pergunta foi outra, o que demonstra falta de foco. Como disse, não há receita. Mas há regras e a fundamental é ser você mesma, falar a verdade, ser honesto e sincero”.
O que fazer:
1) Mostre a pessoa que você é.
O entrevistador quer saber mais da essência do que você sabe fazer
2) Pesquise sobre a empresa e o negócio
3) Comporte-se com brilho nos olhos
4) Foque nos requisitos exigidos pela vaga
5) Destaque a experiência direcionada para a vaga à qual se candidatou
6) Empresa não contrata porque você quer aprender. Ela não ensina ninguém, quer um profissional que resolva seus problemas
O que não fazer:
1) Comentários pessoais sobre a empresa ou chefe anterior
2) Demonstrar falta de interesse
3) Atender ao telefone durante a entrevista
4) Mascar chiclete, bala ou olhar o relógio durante a seleção
5) Questionar a idoneidade da empresa