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Estado de Minas

Reforma trabalhista terá ajustes antes de entar em vigor

Nova legislação deve ter alterações pontuais para amenizar conflitos entre as partes atingidas pelas regras. Relator defende alteração


postado em 17/07/2017 06:00 / atualizado em 17/07/2017 08:01

"Estava mais do que na hora de haver uma reforma nesse sentido, especialmente porque a maneira como se trabalha mudou muito" - Rogério Marinho (PSDB-RN) deputado federal (foto: Lúcio Bernardo Jr/Ag~encia Câmara - 12/4/17)

Brasília – Sancionada pelo presidente Michel Temer na quinta-feira, a nova legislação trabalhista ainda é discutida entre parlamentares, especialistas e sociedade. Até que comece a valer, em novembro, outras mudanças devem ocorrer por medida provisória no texto aprovado pelo Congresso depois de seis meses de discussões.

A intenção seria garantir o mínimo de consenso entre as partes envolvidas, já que a reforma atingirá todos os contratos, novos ou que já estão em vigor. Isso significa que questões como a possibilidade de negociar a jornada de trabalho ou parcelar as férias em até três vezes, independentemente da idade do funcionário, já começam a valer em novembro.


As críticas começam pela necessidade da reforma. A principal justificativa do governo para propor e aprovar a matéria é a urgência em se modernizar as leis trabalhistas, que datam dos anos 1940. “Ao longo desses últimos anos, centenas de profissões desapareceram e milhares foram criadas”, explica o relator na Câmara, Rogério Marinho (PSDB-RN).

Esse argumento sustenta a inclusão na legislação brasileira do trabalho remoto, fora da empresa, e do teletrabalho, feito a distância pelo computador, por exemplo. “Estava mais do que na hora de haver uma reforma nesse sentido, especialmente porque a maneira como se trabalha mudou muito. Até 40 anos atrás, não havia a quantidade de carros que se tem hoje, o tempo de deslocamento era diferente e não se cogitava a possibilidade de trabalhar em casa”, pontua a advogada trabalhista Clarisse de Souza Rozales.


Mas esses estão longe de ser motivos de discordância. Incluir novos tipos de trabalho é uma das poucas decisões sobre as quais não há reclamações. As emendas, as críticas e os protestos são voltados a questões mais delicadas, como a essência da reforma, que é colocar os acordos feitos entre empregados e patrões acima da lei. Isso vale para assuntos como banco de horas e jornada de trabalho.


“O trabalhador vai ter de concordar com as imposições do patrão, senão a fila anda. Ainda mais em momentos de crise econômica. A prevalência do negociado sobre o legislado reduz a proteção social do trabalhador”, acredita o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury. Esse é, segundo ele, um dos pontos de inconstitucionalidade presentes na reforma. Clarisse discorda e acrescenta que, “na prática, a organização dos trabalhadores é mais forte do que a empresa”.

Judicialização


As menções à Justiça do Trabalho, inclusive, também têm gerado preocupação. Um dos objetivos da reforma, já deixado claro pelo relator na Câmara, Rogério Marinho, é diminuir a judicialização. “Há muitos processos trabalhistas em andamento. Quando o empregado entra com ação trabalhista, pede Deus e o mundo, porque para ele não tem prejuízo e o risco é zero. Não precisa pagar honorários, por exemplo, caso perca. Agora, o que tende a acontecer é que os advogados terão um pouco mais de atenção com isso”, explica o advogado Fabio Chong, da L.O. Baptista Advogados.

Mas alguns especialistas temem que a estratégia proposta pela reforma gere um efeito colateral perigoso: que as pessoas tenham medo de ir à Justiça por não terem condições de pagar os honorários caso percam. O advogado Magnus Brugnara lembra que, quando a pessoa comprova que não tem dinheiro e que usou defensoria pública, não precisa pagar. Mas, mesmo assim, pode haver uma reação ruim a princípio. “É um ponto que tem dois lados da moeda. Por um lado, muita gente entra na Justiça sem direito, e isso tinha que acabar. Por outro, isso pode gerar um receio aos trabalhadores, pelo risco de ter que pagar os honorários, se perderem”, pondera o advogado.


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