A elevada incerteza no país quanto a uma efetiva recuperação da economia afeta mais dois indicadores que mostram desânimo do consumidor e dificuldades ainda crescentes nas empresas. A confiança do consumidor recuou 0,3 ponto em julho ante junho, na série dos dados com ajuste sazonal, informou nessa terça-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ficou em 82 pontos, consolidando a tendência de queda que foi sinalizada com o recuo de 1,9 ponto registrado no mês anterior.
Em Minas Gerais, houve aumento de 6,52% em junho no número de pessoas jurídicas inadimplentes, comparando ao mesmo período de 2016.
A avaliação sobre a calibragem da confiança do consumidor feita pela Fundação Getulio Vargas relaciona esse comportamento aos indicadores de expectativa. “Enquanto a incerteza estiver elevada, o consumidor deverá permanecer cauteloso na hora de assumir novos gastos de consumo”, afirmou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Sondagem do Consumidor no Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
Em julho, houve piora tanto nas avaliações sobre o momento presente quanto nas perspectivas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 0,4 ponto, ao passar de 70,1 pontos em junho para 69,7 pontos em julho, quarta queda consecutiva. O Índice de Expectativas (IE) encolheu 0,3 ponto, para 91,4 pontos, indicando aumento do pessimismo em relação à recuperação da economia.
O indicador que mede o grau de satisfação com a situação econômica atual recuou 0,4 ponto em julho, para 77,1 pontos, o menor patamar desde abril. A principal contribuição para a queda do ICC no mês foi do índice que mede as perspectivas em relação à economia, com redução de 2,2 pontos, para 106,9 pontos, o menor nível desde dezembro de 2016. “A instabilidade política parece continuar contribuindo negativamente para esse resultado”, apontou a FGV, na nota. A Sondagem do Consumidor coletou informações de mais de 2 mil domicílios em sete capitais, com entrevistas realizadas entre 1º e 21 de julho.
SAIA JUSTA A despeito da desaceleração no ritmo da inadimplência das empresas em Minas, o endividamento ainda é alto. Em junho, o setor que registrou a maior quantidade de empresas inadimplentes foi o de serviços. A alta foi de 10,18% frente ao mesmo período do ano anterior. Segundo o presidente do SPC Brasil e do Conselho Estadual de SPC de Minas, Bruno Falci, a continuidade da elevação da taxa de desemprego e da queda na renda fez com que esse setor fosse o mais atingindo.
“Em Minas, nos últimos 12 meses (de abril do ano passado a março último), o segmento assinalou uma retração de 3,8% em suas atividades, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o que diminuiu as receitas das empresas desse setor e, por conseguinte, comprometeu a capacidade de pagamento”, explica Bruno Falci.
A inadimplência cresceu também em outros setores: comércio (5,51%); indústria (4,89%); e agricultura (0,16%). Ainda em junho, o número de dívidas em atraso das empresas registrou aumento de 4,83%, na comparação com o mesmo período do ano anterior. “O número de dívidas está seguindo a mesma tendência do número de empresas devedoras, com desaceleração do crescimento. Em junho de 2016 o índice alcançou os 17,35%”, analisa Falci.
Na comparação mensal, houve leve crescimento de 0,06%.
Entre os clientes, a inadimplência também cresceu, embora num ritmo menor. Em junho, houve elevação de 0,18% no número de pessoas físicas endividadas, frente ao idêntico mês de 2016, quando o patamar foi de 5,27%.
Falci entende que o universo de devedores desacelerou nesta última base de comparação, em decorrência da entrada de recursos extras por meio da liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) das contas inativas, o que possibilita que muitas pessoas quitem seus débitos. Na comparação com maio, houve queda de 1,71% no número de pessoas inadimplentes. Em 2016, o índice mostrou aumento de 0,18%.
enquanto isso...
….Otimismo em BH
Empresários do comércio em Belo Horizonte estão um pouco mais otimistas, segundo pesquisa divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG). Depois de dois anos em queda, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Idec) atingiu 92,5 pontos neste mês. O resultado é cerca de 20 pontos percentuais maior que os números dos dois anos anteriores para o mesmo mês. No período comparado, a confiança do empresariado do setor era de 72 pontos e 72,5, em 2016 e 2015, respectivamente. Apesar de ter superado a série histórica do período, o nível de confiança ainda está abaixo do pico de 98 pontos verificado em maio.