Uma ideia na cabeça e quase nenhum dinheiro do bolso. É assim que os empreendedores digitais iniciam investimentos que podem se tornar até milionários, dependendo das aptidões e estratégias usadas. Nesse cenário, Minas Gerais desponta como celeiro de startups, as chamadas empresas nascentes de base tecnológica, com cerca de 2 mil empreendimentos, perdendo no setor apenas para São Paulo. As perspectivas são boas e a projeção de crescimento dos produtos digitais no país para 2017 é de 62%.
De acordo com Temponi, os números promissores do setor podem ser explicados pela facilidade do negócio. “Você tem um investimento menor e um retorno mais rápido. É possível saber exatamente a performance de suas vendas on-line e, com isso, analisar o mercado e investir melhor”, afirma. Para dar uma ideia da dimensão desse mercado, a Hotmart, que é uma plataforma mineira que abriga produtos on-line, tem hoje mais de 1,2 milhão usuários, entre produtores e afiliados. As áreas de atuação são diversas.
“Temos, por exemplo, um produtor que trabalhava no Maranhão consertando máquinas de lavar roupa. Ele criou um curso on-line ensinando isso e vendeu milhões de reais para pessoas que queriam aprender”, conta Temponi. Enquanto o comércio eletrônico, que trabalha com a venda de produtos físicos pela internet, deve crescer 15% neste ano, o mercado de produtos digitais (cursos, e-books, softwares, aplicativos e outros) tende a avançar 62%. A Hotmart, que tem um portfólio de 80 mil produtos, atraiu mais de 1 milhão de novos compradores em 2016, chegando a 3 milhões de clientes.
O trabalho da pedagoga Cristina Cançado, de 51 anos, é um caso de sucesso na web que partiu de Belo Horizonte. O empreendimento iniciado há três anos com a página Mães que educam cresceu e hoje ela tem 13 mil alunas consumindo seus cursos no Brasil e fora do país. Cristina usou os 30 anos de experiência na área e os conhecimentos dos filhos, que já ensaiavam um produto digital para vestibulandos, e conseguiu realizar o sonho de viver do próprio negócio. “Começamos bem do zero, só com nossas próprias máquinas e ideias, e a empresa progrediu. Hoje temos um espaço físico e funcionários, conseguimos sobreviver com esse trabalho e aspirar outros”, conta.
Cristina, no entanto, faz um alerta. “Quem pensa que internet não dá trabalho está enganado, dá muito. Mas as consequências não são só lucrativas, temos realização pessoal e profissional”, diz. A plataforma de Cristina oferece sete cursos on-line e um off-line sobre educação infantil. Também tem blog, Facebook e Instagram. Os produtos digitais custam de R$ 27 a R$ 3,5 mil.
Os interessados em investir no mercado digital em Minas Gerais contam com assistência do governo do estado, que está investindo em aceleradoras, espaços de proliferação, apoio e suporte às startups. “Se você tem uma boa ideia conte pra gente que vamos transformá-la em boa empresa”, define o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Miguel Corrêa JR.
Segundo ele, enquanto o Brasil tem em torno de 35 a 40 aceleradoras, Minas Gerais pretende chegar a 100 delas em todo o estado até julho do ano que vem. Depois do primeiro ano de apoio e suporte, a empresa criada vai gerar em torno de sete a 10 postos de trabalho. Não há ação mais efetiva”, avalia.
PROGRAMAÇÃO O mercado digital estará em discussão em Belo Horizonte nos dias 16 e 17 deste mês no Palácio das Artes, na terceira edição do Fire. A expectativa é de que cerca de 2 mil pessoas de todo o país participem do evento, que terá palestrantes a exemplo do professor da Universidade da Pennsylvania e pesquisador em ciência comportamental, Jonah Berger, considerado uma das autoridades mundiais em viralização de conteúdo. O evento terá ainda a presença do biomédico gerontologista Aubrey de Grey, da diretora do YouTube Fernanda Cerávolo, e o CEO, fundador e principal investidor do Nubank, David Vélez.