Para atender ao ritmo acelerado dos pedidos do comércio, a Artesanato Costa, uma das maiores fabricantes de artigos religiosos do Brasil, trabalha com toda a sua capacidade. Das 3 mil invocações produzidas pela fábrica, mais de 500 são de Nossa Senhora. “A demanda por Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora Aparecida tem sido bem importante. Houve um aumento expressivo, principalmente de Aparecida. Cresceu muito também a procura por restauração dessas duas santas”, afirma a coordenadora de marketing da empresa, Mônica Zenha.
As expectativas do comércio especializado para outubro, quando são comemorados os 300 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida, são animadoras, se considerado, ainda, o impacto nas vendas da celebração do centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, em maio último. “A réplica de Nossa Senhora de Fátima está em falta. No centenário, vendeu bastante e o importador de São Paulo não conseguiu repor”, afirma a gerente da loja, irmã Terezinha Dambros.
As celebrações previstas para setembro no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por sua vez, têm potencial para reforçar o consumo em torno da data. De 1º a 3 do mês que vem, será realizado o 2º Salão Nacional do Turismo Religioso, como parte da programação dos 250 anos de romaria ao topo do maciço, onde se encontra a ermida com a imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade.
O local é ponto de partida do Caminho Religioso da Estrada Real (Crer), que vai até Aparecida (SP). Na programação conferências, oficinas e atividades temáticas sobre a rota. Em 3 de setembro, será dada a partida da peregrinação do Santuário de Nossa Senhora da Piedade ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, um caminho de cerca de 800 quilômetros. A pé, são necessários 37 dias para completar o percurso, que pode ser feito de bicicleta, veículo com tração 4X4 ou a cavalo. “A religião é onde as pessoas se agarram para passar por esses momentos difíceis. O turismo religioso contribui para o crescimento de economias locais”, afirma o sócio da agência Sacrum, gestora do Crer.
Histórias de devoção
NOSSA SENHORA APARECIDA
Em 1717, uma imagem simples e quebrada transformou a fé de um povo até receber o título de Padroeira do Brasil. Três pescadores foram responsáveis por conseguir peixe para o banquete que a Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá ofereceria ao então governador da Província de São Paulo e Minas Gerais. Das águas do Rio Paraíba do Sul, os três tiraram uma imagem de Nossa Senhora. Os pescadores, que antes não tinham conseguido pescar nada, encheram as suas redes de peixes. Nascia ali uma devoção, que passou a reunir todos os sábados os moradores da região para rezar o terço e cantar a ladainha.
NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
Três crianças pastores – Jacinta, Francisco e Lúcia –, com idades entre 7 e 10 anos, disseram ter visto a Virgem Maria em 13 de maio de 1917, em cima de uma azinheira em Cova da Iria, na época um terreno pedregoso próximo à localidade de Fátima, em Portugal. Esta “mulher mais brilhante que o sol”, como descreveram, apareceu em outras cinco ocasiões nos meses seguintes. A emoção provocada pelo anúncio levou milhares de pessoas a se reunirem em Cova da Iria durante a última aparição, em 13 de outubro, quando ocorreu um fenômeno meteorológico raro descrito como “o milagre do sol”. Neste ano, o papa Francisco celebrou a canonização de dois dos pastores que disseram ter visto a Virgem: Francisco Marto e sua irmã mais nova, Jacinta, morreram de gripe espanhola em 1919 e 1920, aos 10 e nove anos, respectivamente.