No meio do maior escândalo de corrupção do Brasil, a espanhola Acciona faz planos para ampliar os negócios no País. Além de novos contratos, a multinacional quer comprar empresas no setor de infraestrutura e construção para melhorar a base de clientes e conhecimento em algumas áreas. Ao mesmo tempo, está de olho em oportunidades de Parcerias Público-Privada (PPPs) na área de saneamento básico e iluminação pública.
A companhia atua no Brasil desde 1996 e detém a concessão da chamada Rodovia do Aço (BR-393). Na construção civil, a empresa participou das obras do Porto do Açu, no Rio de Janeiro, e toca dois lotes do Rodoanel Norte, em São Paulo. Além disso, detém os contratos da Linha 2 do Metrô de São Paulo e de Fortaleza - ambos aguardam ordem de serviço governos locais. No total, a carteira de projetos da companhia, que emprega 2,6 mil funcionários, soma hoje R$ 3 bilhões.
Apesar da crise, o presidente da companhia, André Clark Juliano, ex-executivo da construtora Camargo Corrêa, diz que está otimista com a recuperação do País - e de certa forma, com as lacunas deixadas pelas construtoras envolvidas na Operação Lava Jato. "Pelo menos, hoje temos condições de competir", destaca Clark, que assumiu a empresa no ano passado. Desde então, ele selecionou alguns ativos que poderiam interessar ao grupo espanhol. Sete empresas foram avaliadas, mas, por enquanto, nenhum negócios foi fechado.
O executivo não quis revelar os nomes das empresas, mas afirmou que o orçamento para uma aquisição no País está entre ¤ 30 milhões e ¤ 100 milhões (entre R$ 112 milhões e R$ 372 milhões). "Para nós, o que interessa é uma empresa que acrescente know how, capacidade técnica e carteira de clientes", disse Clark, explicando que a empresa tem interesse em ativos de concessão e prestadoras de serviço de construção e manutenção na área de energia.
No mercado, fontes afirmam que não faltam oportunidades de negócios, especialmente entre as construtoras envolvidas na Operação Lava Jato. Um executivo do setor afirma que há muitos bons ativos disponíveis na praça.
Clark afirma que tem percebido uma ligeira melhora na demanda. Nos últimos meses, a empresa recebeu oito pedidos de propostas que somam cerca de R$ 4,5 bilhões em obras, especialmente de concessionárias de serviço público em São Paulo e Rio de Janeiro. "Ainda não sabemos se vamos ganhar os contratos, mas é uma boa sinalização de que os negócios estão voltando aos poucos."
A Acciona também tem planos de expandir os negócios no setor de saneamento, área carente de investimento no Brasil. Atualmente, há três projetos no setor que interessam à empresa. Um deles é um projeto de dessalinização em Fortaleza, no qual a companhia teria condição de aplicar as técnicas que usou na estação de Adelaide, na Austrália, afirma Clark.
Outro é a gestão de perdas para uma concessionária no Nordeste e uma PPP, que será lançada pela Sabesp, para aproveitamento de biogás para geração de energia e secagem térmica do lodo. "No Brasil, fomos pioneiros neste tipo de projeto, com a realização da ETE Arrudas, para a Copasa, em MG." As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Renée Pereira)