São Paulo, 04 - Entre as empresas que reduziram a dívida líquida entre junho de 2016 e junho deste ano se destacam duas gigantes brasileiras - Vale e Petrobrás. Pressionadas por um alto grau de alavancagem, ambas vêm se desfazendo de ativos para gerar caixa e aliviar a dívida. O resultado desse movimento foi uma retração de 11,15% na dívida líquida da petroleira e de 17,5% na da mineradora, segundo dados da Economática.
A Petrobrás, por exemplo, vendeu sua participação no campo de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, para a norueguesa Statoil por US$ 2,5 bilhões. No fim de junho, a companhia brasileira somava R$ 295,3 bilhões em dívida.
Na Vale, uma das operações de maior porte foi a venda de ativos de fertilizantes para a Mosaic por - também - US$ 2,5 bilhões. A empresa, que encerrou o segundo trimestre deste ano com US$ 22,1 bilhões de dívida líquida, pretende continuar realizando desinvestimentos nos próximos meses em uma tentativa de atingir a meta de dívida de US$ 15 bilhões a US$ 17 bilhões.
Segundo a diretora de tesouraria e finanças corporativas da Vale, Sonia Zagury, além da comercialização de ativos, uma melhora no mercado e o fim de um ciclo de grandes investimentos também favoreceram a situação de caixa da empresa e, consequentemente, a queda da dívida líquida. "A melhora da situação da China e dos preços de minério tem ajudado na velocidade da redução da dívida", afirmou Sonia, por e-mail, ao Estado.
Ao contrário da Vale, a maioria das empresas brasileiras não tem contado com a ajuda de fatores externos para alavancar o caixa e reduzir a dívida. De acordo com Renato Carvalho Franco, sócio da Íntegra, de reestruturação de empresas, a redução do passivo das companhias tem vindo da comercialização de ativos, do freio nos investimentos para manter capital em caixa e no corte de custos. "O ideal para reduzir dívida é gerar caixa, mas as empresas não estão conseguindo isso. Elas têm diminuído investimentos para pagar bancos."
O diretor geral da reestruturadora de empresas Alvarez & Marsal no Brasil, Marcelo Gomes, também acredita que apenas a geração de caixa pode melhorar definitivamente o nível de dívida das empresas. "Para isso, é preciso que a economia comece a se recuperar, mas já iniciamos esse processo." Fatores como inflação e juros em queda também começam a ajudar as companhias. "Mas o impacto deles é lento."
Procurada, a Petrobrás não retornou os pedidos de entrevista. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Luciana Dyniewicz)