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Estado de Minas TALENTOS NAS EMPRESAS

Feras dentro e fora dos campos: como lidar com o peso de um talento do quilate de Neymar Jr?

Quais os benefícios, riscos e desafios de uma empresa que contrata um profissional de alto quilate? Até que ponto o salário elevado, expertise e "estrelismo" influenciam no clima organizacional?


postado em 05/09/2017 14:06 / atualizado em 05/09/2017 14:33

No mercado do futebol, a ida de Neymar para o PSG colocou todos os holofotes sobre ele(foto: PHILIPPE LOPEZ/AFP )
No mercado do futebol, a ida de Neymar para o PSG colocou todos os holofotes sobre ele (foto: PHILIPPE LOPEZ/AFP )
A transferência do atacante Neymar do poderoso Barcelona para o bem mais modesto Paris Saint-Germain por R$ 820 milhões, valor da multa rescisória, foi a maior da história do futebol. Fora das quatro linhas, o que significa a chegada de um craque, de um grande talento para uma empresa? Como ele interfere na equipe? Colegas aceitarão o ostracismo? E os efeitos no clima organizacional? Como deve se comportar o gestor? É diferente liderar um grande destaque? E a empregadora, só ganha? Quanto ao profissional, vale a pena sair de uma organização (clube) em que era considerado um craque e já com espaço garantido para recomeçar em outro? O que terá de provar? Quais os ricos vai correr?

 

Flávia Alencastro, gerente de Divisão da Robert Half, explica que contratar um profissional por um salário muito acima da média salarial deve ser uma atitude bem pensada, considerando todas as variáveis ao longo do relacionamento com esse colaborador. “Incluindo possíveis desafios econômicos e políticos do país, que podem se refletir na saúde financeira da empresa e do setor. É preciso avaliar, inclusive, quais serão os retornos financeiros que essa contratação trará para os negócios. Em geral, as ofertas salariais para um determinado cargo sobem à medida que aumenta a dificuldade para encontrar profissionais qualificados para a vaga em questão.”

 

No Paris Saint-Germain, o uruguaio Cavani é um excelente jogador, um goleador. Titular absoluto da Seleção Uruguaia. Na França, por anos ele ficou à sombra do craque sueco Zlatan Ibrahimovic, “dono” da equipe. Ibra, então, decidiu ir para o futebol inglês e Cavani recebeu todo os holofotes na temporada passada. Eis que chega Neymar. Certamente, seu espaço será ainda menor. Como lidar com isso? Flávia Alencastro afirma que pode ocorrer de profissionais que ocupem um mesmo cargo apresentarem variações salariais. Isso se deve, em grande parte, pelas diferenças entre as habilidades técnicas e comportamentais que cada um tem, além de tempo de carreira e responsabilidades que assumiu. Em geral, colaboradores que se sentem preteridos quanto à remuneração se sentem desmotivados. Essa sensação se dá porque eles tendem a avaliar a situação apenas do ponto de vista financeiro, sem fazer uma avaliação crítica e sincera sobre o que oferecem para a companhia, em comparação com as qualidades do parceiro de cargo”

 

Pensando nessas diferenças, é bom lembrar que a cobrança em cima do talento é do tamanho ou maior que seu peso, seu valor. “Em geral, as empresas se dispõem a oferecer um salário acima do mercado para o colaborador que ela acredita que tenha capacidade para realizar entregas com qualidade, dentro das metas estabelecidas e, se possível, acima delas. Sem dúvida, o profissional que receber uma oferta salarial acima da praticada pelo mercado vai sentir, no dia a dia, a pressão de atender às expectativas do gestor direto e da direção da companhia que o contratou”, enfatiza a especialista.

 

RESSENTIMENTO

Flávia Alencastro, gerente de Divisão da Robert Half(foto: Nereu A. Cavalheiro/Divulgação)
Flávia Alencastro, gerente de Divisão da Robert Half (foto: Nereu A. Cavalheiro/Divulgação)
 E quanto ao talento, vale trocar o certo pelo duvidoso? Para Flávia Alencastro, é claro que os profissionais que estão no mercado almejam receber bons salários. “Mas, com base em minha experiência na área de recrutamento e seleção, afirmo que fazer movimentações na carreira apenas pela ótica financeira nem sempre é um bom negócio. Por exemplo, conheço executivos que mudaram de cidade, atraídos por uma vantajosa oferta salarial, mas se decepcionaram porque a família não se adaptou à rotina na nova cidade, longe dos parentes e amigos. Outro ficou, inicialmente, feliz com a nova remuneração, mas quando chegou na nova companhia viu que os valores pessoais dele não tinham aderência com os da empresa. Dificilmente um profissional opta por mudar de emprego apenas pelo salário. Se ele fizer uma avaliação detalhada poderá descobrir outros pontos de incômodo na relação entre ele e o empregador.”

 

Geralmente, um talento gosta de ser desafiado. Daí a postura de correr mais riscos. “Tudo depende dos objetivos de carreira do profissional. Alguns almejam trabalhar em uma multinacional, independentemente do cargo que ocupem, enquanto outros preferem um alto cargo em uma empresa de menor porte ou se destacar por auxiliar na implantação e no desenvolvimento de uma startup. E todas as opções são válidas, desde que a decisão seja planejada.” E a mudança pode ser vista como forma de buscar desafios ainda maiores: “Com certeza. E sair da zona de conforto, em geral, reflete em muitos aprendizados, seja para a vida pessoal ou profissional”.

 

Ao contratar um profissional de alto quilate, há uma pressão em cima do empregador para dar oportunidades aos demais para um salto? “Com certeza haverá. A sugestão, nesses casos, é investir em planos de incentivo para que os profissionais que atuam na companhia se sintam motivados a buscar qualificação”, afirma Flávia Alencastro. Quanto a possíveis ressentimentos, para ela isso ocorre porque “infelizmente, há profissionais que não entendem que apenas ter anos de experiência na companhia não é suficiente para ser promovido a determinadas vagas. Em funções determinantes para o sucesso dos negócios, por exemplo, é preciso que o profissional tenha características pessoais como liderança, capacidade de influenciar pessoas e habilidade para a autogestão”.

 

Pontos a discutir

1) Do ponto de vista da empresa:
» Quando vale a pena trazer um talento por um valor muito acima da média salarial?
» Quais os riscos e possíveis efeitos para o restante da equipe?

2) Do ponto de vista do talento:
» Vale a pena sair para ganhar mais, quando já se ganha muito?
» Por que sair de uma empresa em que está com um desempenho muito bom e é valorizado para ir para uma de menor expressão?
» A mudança pode ser vista como forma de buscar desafios ainda maiores e sair da zona de conforto?


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