Brasília – O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, anunciou que as contas de luz terão o segundo patamar da bandeira vermelha em outubro. Com a decisão, o consumidor terá um acréscimo de R$ 3,50 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos a partir de domingo, 1º de outubro. Em setembro, vigorou a bandeira amarela, que adiciona R$ 2 a cada 100 kWh consumidos. Essa é a primeira vez que o segundo patamar da bandeira vermelha é acionado desde a criação do sistema. A conta de luz, porém, já teve um adicional mais caro. No primeiro ano em que as bandeiras vigoraram, em 2015, só havia um patamar de bandeira vermelha, e a taxa era de R$ 5,50 a cada 100kWh.
Para tentar conter parte desse custo, a Aneel vai iniciar uma campanha nas redes sociais e na TV para estimular a economia de energia. Não haverá meta de redução de consumo. A campanha terá dicas para uso consciente de eletrodomésticos como ferro de passar roupa, ar-condicionado, máquina de lavar roupas e geladeira, entre outros. “O usuário pode contribuir e ter um consumo mais eficiente”, afirmou.
O diretor-geral da Aneel disse que a quantidade de água que chega aos reservatórios das hidrelétricas foi a menor para meses de setembro de toda a série histórica, iniciada em 1931. “Com os reservatórios em situação crítica, vamos acionar as térmicas mais caras”, disse Rufino. E a situação hídrica tende a se manter no mês que vem, com chuvas abaixo da média histórica contribuindo para o cenário desfavorável para as hidrelétricas do país.
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que o volume de água que chegará aos reservatórios das usinas da região Sudeste/Centro-Oeste ficará em 79% da média histórica para o mês, o que deve contribuir para uma nova baixa no nível do reservatório ao longo do mês que vem, chegando em 31 de outubro em 19,6%, ante os 24,4% anotados na quinta-feira. As previsões de afluência para as demais regiões são ainda piores.
No Nordeste, que atravessa há anos uma grave seca, a previsão do ONS para a chamada Energia Natural Afluente (ENA) é de 31% da média de longo termo (MLT). Com isso, o nível dos reservatórios deve baixar mais 3,9 pontos percentuais, chegando aos críticos 5,4%. Para o Sul, a estimativa é de ENA em 53% da média histórica, levando o volume de água armazenada na região a baixar dos atuais 37,1% para 35,7%. Já o Norte deve ter afluência em 56% da média histórica, o que acarretará em uma queda de mais de 10 pontos percentuais na Energia Armazenada (EAR), para 22,4%.
Em relação à carga, a projeção do ONS aponta para um crescimento da ordem de 2,5% em outubro, em relação a igual mês do ano passado, no Sistema Interligado Nacional (SIN), para 66.050 MW médios. O subsistema Sudeste/Centro-Oeste, principal centro de carga do País, deve registrar uma carga de 38.759 MW médios, o que corresponde a uma alta de 2,8% frente ao anotado na mesma etapa de 2016, enquanto no Sul a previsão é de 11.178 MW médios, expansão de 7%. No Nordeste, a projeção aponta queda de 3%, a 10 351 MW médios, enquanto para o Norte a expectativa é de elevação de 2,9%, com 5.762 MW médios.
Custo e importação
A térmica mais cara acionada para fornecer energia no mês de outubro será a de Sepé Tiaraju, no Rio Grande do Sul. A energia da usina tem custo de R$ 698 por megawatt-hora (MWh). O segundo patamar da bandeira vermelha é acionado toda vez que o custo de geração da usina mais cara supera o patamar de R$ 610,00 por MWh. Além do acionamento das termelétricas, o governo autorizou a importação de energia de países vizinhos. O Brasil já está recebendo 400 MW médios do Uruguai e há potencial para receber 1 mil MW médios da Argentina. A operação já foi autorizada. “Todas as alternativas estão sendo buscadas para oferecer energia mais barata”, afirmou o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino.
As bandeiras
Como funciona o sistema que onera as conta de luz
Verde – Condições favoráveis – sem uso das térmicas, sem custo adicional
Amarela – Condições menos favoráveis – ainda sem uso das térmicas
R$ 2 a cada 100kWh consumidos
Vermelha – Condições desfavoráveis – uso das térmicas – custo mais alto
1º nível – R$ 3 a cada 100kWh
2º nível – R$ 3,50 a cada 100kWh
Fonte: Aneel