São Paulo, 01 - O presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, diz que o tempo do "empresário moita" ficou para trás. Segundo ele, é preciso que o setor produtivo se posicione e mude de postura, abandonando o estilo "pidão". Rocha está fazendo sua parte: defende abertamente o tucano João Doria para a Presidência.
É preciso apresentar um plano de governo do empresariado?
A "Ponte para o Futuro" (programa econômico do PMDB) é o melhor projeto. O arcabouço ideológico está mais definido do que o rosto (que vai torná-lo realidade). Agora, o rosto mais próximo do que está no coração do novo eleitor, depois desse aprendizado terrível da crise, é o de Doria.
Se o projeto de Temer é bom, por que não Henrique Meirelles?
Tem componentes emocionais e de empatia. O João Doria é melhor vendedor de um plano como o "Ponte para o Futuro". Estive com ele em Natal, a cidade quase vem abaixo.
O senhor não irá se lançar?
Meu projeto é mais impactante que qualquer projeto político. Acha que eu vou trocar o melhor emprego pelo pior emprego do Brasil? Não tem pior emprego do que ser governador do Rio Grande do Norte.
O empresariado está mais ativo por receio dos candidatos?
O Lula que ganha eleição é o Lulinha paz e amor. E a máscara caiu, definitivamente. Não existe mais o Lula que ganhou o centro. E o Bolsonaro está ocupando um espaço do qual o João Doria também pode se apropriar, que é a questão da segurança pública.
Apoiará Doria fora do PSDB?
Principalmente fora do PSDB. PSDB e PT são muito parecidos. São os mencheviques e os bolcheviques. Divergem no método, mas o ponto de chegada é muito próximo.
Não há sigla com a qual o sr. se identifique?
O único partido explicitamente liberal é o Novo. A candidatura do João Amoêdo é importante para combater a ignorância sobre o capitalismo no Brasil. Quando falta a crença na sabedoria suprema do livre mercado, você tem a hiperregulação. É o preço da omissão do empresariado na nossa política.
E qual foi a consequência dessa omissão?
Nossa competitividade teve uma queda abismal por essa omissão dos guardiães da competitividade. Não falo do empresário pidão nem do empresário de conchavo. O ápice da arrogância burocrática são os campeões nacionais, em que a burocracia acha que pode escolher (quem vai crescer). A função do Estado é cuidar do ecossistema. A prova disso é que todos os campeões nacionais foram para o espaço.
O sr. vê mais líderes apoiando explicitamente o Doria?
O empresário moita está fora de moda. Numa situação como essa, onde está em jogo um eventual retrocesso ideológico ou um salto rumo ao capitalismo moderno, trata-se da decisão mais importante da história. Vamos definir o que outros países decidiram há 50 anos: se queremos ser socialistas ou capitalistas. Se queremos um país voltado ao indivíduo ou um Estado grande. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Fernando Scheller e Renata Agostini)