A recuperação da atividade industrial em Minas Gerais ainda não está consolidada, mas a lenta retomada é motivo de otimismo para os empresários. Por um lado, no mês de agosto, a recuperação do setor automotivo apresentou impacto positivo sobre os indicadores ligados à produção – horas trabalhadas e a utilização da capacidade instalada no mês de agosto. Mas por outro lado, o emprego caiu pelo 11o mês consecutivo e o faturamento das indústrias apresentou queda no mês, embora tenha acrescido quando comparado em relação a agosto de 2016.
Os dados são da Pesquisa Indicadores Industriais (Index), da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e reiteram índices dessazonalizados voláteis verificados desde o começo do ano, alternando variações positivas e negativas.
No acumulado dos últimos 12 meses, contudo, a evolução dos indicadores aponta para uma recuperação lenta e gradual, disseminada entre os setores, uma vez que as quedas registradas são cada vez menos intensas, segundo considerou nessa segunda-feira Guilherme Veloso Leão, superintendente de Ambientes de Negócio da Fiemg.
“A nossa expectativa é muito positiva em relação à retomada da atividade industrial em Minas e no Brasil. Estamos revendo nossas projeções e acredito que, em 2017, a produção física no estado vai crescer algo em torno de 2% em decorrência da indústria extrativa, da indústria automotiva e também pela expectativa do setor de máquinas e equipamentos”, considerou Guilherme Veloso Leão.
Segundo ele, o setor automotivo variou 0,8% em agosto e o segmento de produção de bens, máquinas e equipamentos registra crescimento positivo acumulado de 3,1% entre janeiro e julho. “A importação de bens e capital sinaliza que as empresas voltam a planejar investimentos”, disse. Em contrapartida, o setor de construção civil demora mais a reagir e não tem perspectiva de melhora no curto prazo.
Impactado negativamente pela agricultura, o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas projetado em princípio para 0,76% em 2017 deverá ficar em 0,49%, segundo avaliou Guilherme Veloso Leão. Mas impulsionada pela reação do setor automotivo, as horas trabalhadas na produção cresceram 1,3% em agosto, excluídos os efeitos sazonais. Entre janeiro e agosto de 2017, a variável recuou 1,8% e, nos últimos 12 meses, a queda foi de 2,6%.
Também a massa salarial real aumentou 0,7% em agosto, na série livre de efeitos sazonais. Na comparação com igual mês de 2016, o índice cresceu 1,5%. Nos últimos 12 meses, houve queda de 1,8% na variável, sendo esse o menor recuo observado desde fevereiro de 2015. Também houve aumento do rendimento médio real de 0,3% em agosto em relação a julho, retirados os efeitos sazonais. Entre janeiro e agosto de 2017, a variável cresceu 6,1% e, na análise dos últimos 12 meses, elevou-se em 3,7%.
A utilização da capacidade instalada da indústria mineira permanece, em agosto, abaixo de sua média histórica mensurada desde abril de 2015, de 83,3%. Em agosto, a utilização da capacidade instalada foi de 78,2%, uma oscilação positiva de 0,2 ponto percentual em relação a julho, esta foi de 78% na série dessazonalizada. Entre janeiro a agosto, contudo, o indicador registrou, no acumulado, 77,9% de uso da capacidade instalada, uma queda de 1,1 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2016, quando se registrou 79% da utilização da capacidade instalada.
Receita Quando comparado a julho, o faturamento real da indústria mineira de agosto recuou 1,1%, mantendo, no acumulado dos 12 meses, uma retração de 4,7%, sendo esse, desde maio de 2014, o menor recuo nessa base de comparação. Em relação ao mesmo período de 2016, o faturamento real da indústria mineira cresceu 4%. Já o emprego decresceu 0,2% em agosto, desconsiderando os efeitos sazonais, sendo esse o 11º mês consecutivo de recuo do indicador. O índice acumulado registra queda de 5,7% no ano e de 5,3% nos últimos 12 meses.
“O comportamento das variáveis na média móvel, ainda que no acumulado do ano a maior parte delas esteja negativa, apresenta cada dia um negativo um pouco menor. Isso sugere que conforme a produção e o faturamento vão acontecendo ao longo dos meses, vai ocorrendo uma gradual retomada em relação ao mês anterior”, avaliou Guilherme Veloso Leão.