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Estado de Minas Empreendedorismo

Adeus, chefe! Tudo o que você precisa saber antes de abrir o próprio negócio

Minas Gerais se consolida como polo empreendedor e o crescimento da atividade pode ser a saída diante de incertezas


24/10/2017 11:23 - atualizado 24/10/2017 12:37

Sonhe grande, comece pequeno. Um passo de cada vez
Sonhe grande, comece pequeno. Um passo de cada vez (foto: Freeimages.com)
De todas as partes e fontes surgem pesquisas que alertam: a tendência é ter mais trabalho do que emprego no futuro (que está bem próximo!). Diante do cenário, seja por necessidade, vontade ou aptidão, ser um empreendedor é cada vez mais o caminho certo, ainda que não seja seguro e com muitos riscos a percorrer, independentemente da profissão (claro, guardada as particularidades de algumas formações). Beth Barros, diretora da unidade Minas Gerais da consultoria Lee Hecht Harrison (LHH), afirma que, na verdade, não há um segredo para empreender. “Mas é fundamental o profissional fazer uma autoavaliação sincera e perceber claramente o que quer e por quê. Ter claro qual é o objetivo a ser atingido, se preparar, planejar e se empenhar para conquistá-lo.” Para isso, ela enfatiza que, antes de mais nada, a pessoa deve identificar em que área tem mais interesse, afinidade, habilidades e capacidade para exercê-la. “Depois, é preciso analisar o mercado, quais são as oportunidades, a viabilidade do produto/serviço que quer oferecer, testá-lo e criar assim um plano de negócio detalhado”, afirma.

 

'É fundamental o profissional fazer uma autoavaliação sincera e perceber claramente o que quer e por quê. Ter claro qual é o objetivo a ser atingido, se preparar, planejar e se empenhar para conquistá-lo.'

 


Beth Barros avisa que, mais do que tudo, é fundamental ter paixão pelo que quer fazer, já que empreender dá trabalho e se o foco da escolha for só a potencial rentabilidade do negócio, o empreendedor pode não aguentar passar por todas as etapas necessárias para construir uma empresa de sucesso. E decidir pelo empreendedorismo na crise é desafio ainda maior. “É necessário que o empreendedor busque conhecer profundamente o mercado em que irá atuar, o cliente-alvo, seu comportamento e anseios. Afinal, são essas informações que o ajudarão na personalização dos produtos e/ou serviços, bem como no estabelecimento das melhores estratégias de venda, e consequentemente se manter firme em períodos de crise.”


Agora, Beth Barros alerta que para empreender não basta apenas ter talento. É preciso ter autoconfiança e desenvolver algumas habilidades e comportamentos como compromisso com o seu sonho e com o plano para colocá-lo em ação; coragem para correr riscos calculados; capacidade de se antecipar aos fatos e criar oportunidades; exigência de qualidade e eficiência; interesse em buscar informações e se aprimorar; ser capaz de engajar outros no seu projeto; planejamento e monitoramento sistemático; não se intimidar com as empresas já estabelecidas e desafiá-las com o seu novo jeito de fazer as coisas; ter uma boa rede de contatos e apoio.

Empreender é ser super-herói de si mesmo
Empreender é ser super-herói de si mesmo (foto: Freeimages.com)

Para a diretora da LHH, parcerias são bem-vindas. Mas ela explica que a pessoa deve procurar alguém que vá somar ao negócio. “Além disso, todas as responsabilidades devem ser preestabelecidas em um contrato entre sócios, para que não surjam problemas no futuro. A partir do momento em que você chama um sócio para um negócio, o comando não é individual. É importante buscar informações com instituições que apoiam os pequenos e médios empresários e também um bom contador.”

FRACASSO

 

Beth Barros diz que, para algumas pessoas, sair da zona de conforto e traçar objetivos, metas e um planejamento estratégico se torna complicado e muitas vezes gera questionamentos como “Por onde eu começo?”. “Nesse momento, é preciso que o empreendedor tenha alguém com quem compartilhar suas dúvidas, preocupações e decisões, como um coach. O processo de coaching pode ser um bom aliado para ajudar o potencial empreendedor a organizar as ideias, refletir sobre o seu novo papel, identificar onde está errando e quais decisões tomar. Nesse caso, não serão dadas as soluções, mas auxiliá-lo a ampliar seu autoconhecimento e usar suas capacidades para estabelecer seu plano de ação para chegar aonde quer.”


E se o fracasso ocorrer, é importante saber dar a volta por cima. “É necessário que o empreendedor tenha resiliência e olhe para as falhas como aprendizado. É preciso ter calma, analisar os gargalos, corrigi-los e não ter medo de mudar completamente de estratégia se for o caso.”

 

 

 

 

 Hábitos que todo empreendedor deve ter:

 


1 – Autoconfiança

2 – Compromisso com o seu sonho e com o plano para colocá-lo em ação

3 – Coragem para correr riscos calculados

4 – Capacidade de se antecipar aos fatos e criar oportunidades

5 – Resiliência e persistência

6 – Exigência de qualidade e eficiência

7 – Interesse em buscar informações e se aprimorar

8 – Ser capaz de engajar outros no seu projeto

9 – Estabelecer metas claras e desafiadoras

10 – Planejamento e monitoramento sistemático

11 – Não se conformar com os produtos e serviços disponíveis, procurando sempre aperfeiçoá-los

12 – Procurar superar os produtos e serviços já existentes

13 – Não se intimidar com as empresas já estabelecidas e desafiá-las com o seu novo jeito de fazer as coisas

14 – Ter uma boa rede de contatos e apoio

 

 

'Para quem anda frustrado com a profissão, uma mudança de área seria até melhor, sair da zona de conforto e descobrir outras aptidões e performances'

Ricardo Pereira, Gerente Sebrae

 

 

Educação empreendedora 

 

A Junior Achievement acredita, aposta, investe e enxerga essa capacidade e potencial dos jovens
A Junior Achievement acredita, aposta, investe e enxerga essa capacidade e potencial dos jovens (foto: Freeimages.com)

Empreendedorismo deveria ser ensinado na escola, estar na grade curricular desde a infância. A Junior Achievement, fundação educativa sem fins lucrativos, mantida pela iniciativa privada, acredita, aposta, investe e enxerga essa capacidade e potencial. Criada nos EUA em 1919 (fará um século daqui a dois anos), está presente no Brasil desde a década de 1980 e em Belo Horizonte a partir de 2003 com a missão de despertar o espírito empreendedor em crianças e adolescentes ainda em idade escolar. Empreendedorismo, educação financeira, mercado de trabalho, economia e negócios são os pilares dessa formação. Agora, com a parceria entre a instituição e o governo do estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes), o programa Meu Primeiro Negócio vai beneficiar cerca de 20 mil alunos do ensino médio em 70 cidades mineiras e contará com a metodologia do programa Miniempresa, que visa proporcionar uma experiência prática em negócios.


Catarina Lutero, gerente-geral da Junior Achievement Minas Gerais, conta que os primeiros programas foram criados pela Universidade de Harvard. Hoje, eles ainda são desenvolvidos nos EUA, mas existe uma “tropicalização”, ou seja, adequações à realidade brasileira, como questão econômica, linguagem e normas do Ministério da Educação (MEC). Com nove anos de empresa, a experiência de Catarina confirma que os jovens “participam com um novo olhar, e a temática permite que saiam do programa com visão mais crítica e refinada, mais preparados tanto para ter seu negócio quanto para sair melhor durante uma entrevista de emprego”.


Mantida pela iniciativa privada e parcerias, a Junior Achievement vai até as escolas (só rede estadual) que se inscrevem, sem custo. Catarina acredita que todo mundo tem potencial para empreender, só precisa despertar as habilidades e competências. Ela se lembra de jovens empreendedores natos, que na escola vendem bombom, artesanato, fazem sucesso e geram renda. No entanto, com educação empreendedora o salto deve ser maior, mais consistente e duradouro.

NA PRÁTICA

 

Nessa parceria com o governo, que começou em agosto deste ano, Catarina Lutero destaca que durante os três módulos do programa, 870 escolas serão atendidas até 2018. E os jovens sairão com experiência prática em economia e negócios, na organização e na operação de uma empresa. O programa é desenvolvido em 12 semanas, em jornadas semanais, em que eles aprendem conceitos de livre iniciativa, mercado, comercialização e produção acompanhados por profissionais voluntários das áreas de marketing, finanças, recursos humanos e produção. “O brasileiro tem vocação para empreender. A falha está na formação técnica, porque não se vive de sonho. Muitos não buscam qualificação, arriscam e a grande maioria não dá conta.” A gerente ressalta o valor do envolvimento do estado, já que tem potencial de levar o programa de forma multiplicada para a rede pública.


Para o presidente da Localiza, Eugênio Mattar, que é também presidente do conselho consultivo da Junior Achievement Minas Gerais, ao levar o empreendedorismo às escolas públicas, a entidade, acima de tudo, qualifica novos profissionais para o mercado de trabalho, com uma visão clara do mundo dos negócios. “Poucas escolas no país oferecem disciplinas que desenvolvem a competência empreendedora em jovens estudantes e fomentam o conceito de reconhecimento por mérito. Na Junior Achievement, esses alunos são orientados por profissionais capacitados para vencer em um mercado de trabalho cada dia mais competitivo.”


Presente em mais de 120 países, em todas as capitais do Brasil e atendendo a mais de 10 milhões de jovens por ano no mundo, preparando-os para serem futuros empreendedores, a Junior Achievement já beneficiou em Minas Gerais mais de 200 mil jovens, com a colaboração de mais de 11.500 voluntários em cerca de 30 cidades. “No programa, os jovens fundam uma empresa de verdade (só não tem CNPJ), recolhem impostos, encargos sociais, imposto sobre venda e sobre o lucro. Todos os impostos e encargos vão para uma entidade escolhida por eles. Têm acionistas que recebem o lucro ou o prejuízo. Mas 70% lucram, 94% dos projetos são feitos em escola pública e a cada cinco alunos um abre sua empresa. Assim, no fim dessa nova parceria teremos no mínimo uma centena de novos empresários no fim de 2018, seja na área rural de Montes Claros ou em Belo Horizonte”, destaca Catarina Lutero.

 

Fazer diferente

 

“Não podem confundir criatividade com espírito empreendedor.” O alerta é de Ricardo Pereira, gerente do sistema de formação gerencial do Sebrae. E completa: “Tem de compreender que é arriscado e também é uma característica de vida, que pode ser desenvolvida tanto para ser dono de um negócio quanto empregado, ou seja, o colaborador que age como proprietário sabe resolver problemas, entende a indústria em que atua, a cadeia de valores, enfim, tem essas percepções”.


Com expertise, Ricardo Pereira ressalta que o empreendedorismo, por necessidade ou não, tem exigências e cobra atenção com especificidades de cada negócio. “Não basta saber cozinhar para abrir um restaurante. Tem de conhecer, entender do setor, ter experiência, ou seja, se quer abrir uma padaria, experimenta acordar todos os dias, domingos e feriados, às 5h para saber se o desejo é esse mesmo. Assim, irá minimizar riscos, porque eles sempre existirão mesmo que se faça pesquisa, análise financeira e plano de negócio.”


Se sabe cozinhar, mas não entende ou não tem perfil para gestão, a saída pode ser parceria ou um sócio. “A forma colaborativa é uma decisão interessante, buscar no outro o que lhe falta e o que ele tem de melhor”, indica Ricardo Pereira, que, no entanto, faz um alerta. “Não confie na pessoa, no amigo, no pai, no irmão, mas na competência. Ela trará resultado. Invista no profissional, saiba suas habilidades. Negócio tem de ser baseado em contrato, com documento para respaldar. Além, claro, de ter o mínimo de um plano. Abrir um restaurante não é só fazer comida e vender, mas conhecer sobre o fornecedor, a legislação e qual é a cultura do negócio. A cultura de uma empresa de TI é diferente de um pequeno varejo.”

INOVAR

 

Para Ricardo Pereira, a ação final para o empreendedor trilhar com mais segurança é descobrir o que pode fazer diferente, no que ele pode inovar. Seja na entrega do produto, serviço ou atendimento. De volta ao risco de não dar certo, que sempre existirá, a postura, enfatiza o gerente do Sebrae, é que a maioria que dá errado coloca a culpa no juro alto, na concorrência, local errado, burocracia, ou seja, todos fatores que podem ser analisados antes de abrir o negócio.
A recomendação de Ricardo é: “Sonhe grande, comece pequeno”. Um passo de cada vez. “Os negócios que mais dão certo são de empreendedores que já conheciam o setor, o que não quer dizer atuação no mesmo segmento. Para quem anda frustrado com a profissão, uma mudança de área seria até melhor, sair da zona de conforto e descobrir outras aptidões e performances. Quanto ao perfil, os jovens estudiosos arriscam mais, não são presos em ideia e estão mais focados em resolver problemas maiores, globais, diferente dos mais maduros, que já começam com perspectiva de receita, até porque têm família e contas a pagar. O importante é encontrar prazer e autonomia no que faz e saber que emprego é diferente de trabalho e daqui para o futuro (talvez já presente) haverá mais trabalho do que emprego. E o que vale para o mercado é resultado e inovação.”

 

para ler

 

Fundadora da Kickante, plataforma de crowdfunding do Brasil, Candice Pascoal lança o livro Seu sonho tem futuro, no qual mostra aos empreendedores o passo a passo para obter sucesso nos negócios. Neste mês, a obra lidera o ranking de livros mais vendidos na categoria de negócios. “É uma honra figurar no topo da lista de best-sellers. Atingir esse resultado tão rapidamente mostra que os brasileiros estão à procura de inovar, evoluir, mudar de vida. Nosso povo é criativo, bota a mão na massa sim, mas tem pouco acesso à informação prática e democrática sobre empreendedorismo. Quero trazer conteúdo sem elitismo e sem o culto ao Vale do Silício ou a palavras marqueteiras, embaladas para presente. Empreender e ter o poder de tirar sonhos do papel são atos democráticos. Este livro vem 
responder a essas questões.”


A autora quebra paradigmas e mitos sobre o mundo do empreendedorismo. O diferencial das orientações é que elas não são baseadas apenas em crenças, e sim na própria trajetória de Candice. Para motivar o brasileiro a pensar sobre seus sonhos, a autora ainda oferece um prêmio de R$ 35 mil para um leitor que compartilhá-los, até dezembro, nas redes sociais usando a hashtag #SeuSonhoTemFuturo. As regras para participação estão na primeira página do livro.

 

Dicas


Por meio do método “aprender-fazendo”, o qual pressupõe a interação dos conteúdos teóricos e práticos, o programa Meu Primeiro Negócio (Miniempresa) da Junior Achievement tem quatro eixos que orientam a educação empreendedora:

1) Aprender a ser: preparar-se para agir com autonomia, solidariedade e responsabilidade. Descobrir-se, reconhecendo suas forças e seus limites e buscando separá-los

2) Aprender a conviver: ter a capacidade de comunicar-se, interagir, decidir em grupo. Participar e cooperar

3) Aprender a fazer: aprender a praticar os conhecimentos adquiridos. Habilitar-se a ingressar no mundo do trabalho moderno e competitivo, tendo como foco a formação técnica e profissional, o comportamento social, a aptidão para o trabalho em equipe e a capacidade de tomar iniciativa

4) Aprender a aprender: despertar a curiosidade intelectual, o sentido crítico, a compreensão do real e a capacidade de discernir

 


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