Brasília, 25 - O governo já reconhece que a seca deve se estender até dezembro deste ano em algumas das principais bacias hidrográficas brasileiras, o que exigirá avaliações semanais sobre as condições de fornecimento de energia no País. O abastecimento está garantido, mas a custos elevados, de acordo com nota divulgada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão presidido pelo Ministério de Minas e Energia.
A próxima reunião do comitê será na quarta-feira, 1º de novembro. "O CMSE decidiu aprofundar a análise das condições de fornecimento eletroenergético do Sistema Interligado Nacional (SIN) em reuniões semanais devido ao cenário hidrológico desfavorável", diz o comunicado.
"A previsão climática de consenso aponta para uma maior probabilidade de ocorrência de anomalia negativa de precipitação no período até dezembro de 2017, em relação às médias históricas na região central do Brasil, onde estão majoritariamente localizadas as referidas bacias (São Francisco, Tocantins, Paranaíba e Grande)", acrescenta a nota.
De acordo com o CMSE, a estiagem é tão intensa que já é possível afirmar que o ano é um dos piores da história na região central do País, que reúne 80% de todos os reservatórios. Na bacia do Rio São Francisco, as chuvas atingiram 27% da média histórica; na bacia do Tocantins, 55%; na bacia do Paranaíba, 48%; e na bacia do Grande, 51%. "Considerando-se essa região como um todo, o ano de 2017 está sendo caracterizado como o pior do histórico de 1931 até hoje", diz o CMSE.
De acordo com o CMSE, o consumo de energia no País tem sido maior do que o projetado, principalmente no Sudeste e Centro-Oeste, o que exige o acionamento de termelétricas. O governo decidiu manter em funcionamento a usina Termoceará, movida a gás natural.
Além disso, seguindo a nota, as tratativas para acionar termelétricas atualmente disponíveis e sem contratos de fornecimento de combustível continuam junto à Petrobras. O governo também estuda flexibilizar restrições de geração de algumas hidrelétricas e busca viabilizar a importação de energia da Argentina.
(Anne Warth)