Apesar de queda estimada em 20% na produção de 2017, o café vai permanecer como carro-chefe do agronegócio em Minas Gerais. Durante abertura da Semana Internacional do Café, na manhã dessa quarta-feira (25), no Expominas, produtores, empresários, políticos e lideranças do setor avaliaram as perspectivas para a produção no estado.
Até dezembro, o mercado do café movimentará mais de R$ 20 bilhões na economia brasileira, sendo que 54% desse montante está ligado a Minas. A aposta é aumentar a qualidade do café mineiro, com investimentos em equipamentos e conhecimento, para garantir que mesmo em ano de safra ruim o consumo continue crescendo.
“Estamos vivendo uma bianualidade na produção do café. Após um ano de safra boa, é normal que no ano seguinte a produção seja menor. Mas, mesmo com a crise hídrica pela qual o estado passou, a produção foi boa, maior do que o esperado. Mais do que volume, acreditamos na qualidade da produção para garantir aos produtores um preço maior e mais renda”, avaliou o secretário de Agricultura de Minas Gerais, Pedro Leitão.
O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), citou os investimentos em tecnologia de georreferenciamento (em que as plantações são monitoradas pelo alto para o combate a pragas) e na certificação dos produtores como forma de avançar na qualidade da safra mineira. Segundo Pimentel, a agronegócio tem apresentado as melhores oportunidades para a economia do estado.
“Estamos em busca de resgatar valores essenciais de Minas. O café é um deles, assim como o leite, o queijo e a cachaça. Houve um tempo em que parecia que a produção agrícola era motivo de vergonha para o produtor, era uma coisa menor e menosprezada. Falava-se da indústria e parecia que agricultura era coisa atrasada. Mas é o contrário. As grandes oportunidades que estamos tendo no estado estão surgindo do agronegócio”, afirmou Pimentel.
Além dos produtores, fornecedores, torrefadores e exportadores nacionais, participam da feira do café na capital mineira 30 compradores internacionais. Segundo o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, o objetivo dos produtores mineiros é deixar a condição de exportador do “café verde” para assumir uma posição no mercado de exportador de um café de alta qualidade, com mais valor agregado.
“O Brasil ainda é muito fraco em promover seu produto. Temos os melhores cafés do mundo, com muita diversidade e alta qualidade. Temos que estimular os produtores a fazer cada vez mais esse café fino e criando a ideia da internacionalização do produto vamos entrar em uma nova era”, diz Simões. Ele ressaltou que o café foi a maior receita do estado no ano passado, quando o valor do minério sofreu queda no mercado internacional.
O maior desafio para os produtores mineiros, segundo Simões, é investir nos meios de preparação do produto após a colheita. “É importante conhecer as novas tecnologias que chegam ao mercado. E principalmente buscar os certificados, tanto nacionais como internacionais. Hoje, o consumidor quer saber de onde veio o produto, quem produziu e em quais condições. E também seguir as normas ambientais e buscar uma produção sustentável, são avanços que valorizam muito o produto”, explica o presidente da Faemg.