De forma gradual, a indústria mineira se recupera de uma das maiores crises da economia brasileira pelas quais já passou. A análise é da equipe técnica da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que apresentou ontem os indicadores de desempenho das fábricas de Minas relativos ao terceiro trimestre de 2017. O aumento médio de 2,8% no faturamento real das empresas e o crescimento de 0,7% do emprego registrados no fim de setembro são motivo de comemoração para o setor. No entanto, no acumulado desde janeiro, houve queda na população ativa do estado, com recuo de 5,5% na taxa de emprego. Na retomada, se destacaram os segmentos automotivo e de exploração mineral.
Segundo Lincoln Gonçalves, os pedidos para os estoques de Natal começaram fracos, mas, em outubro, houve crescimento da demanda, que deve aparecer no balanço final de 2017. “Os setores de brinquedos e vestuário normalmente já são fortes a partir de setembro, com aumento de pedidos e expectativas de grandes vendas. Isso não ocorreu. A expectativa, mesmo assim, é de que o Natal seja melhor do que o do ano passado”, afirma.
Quanto ao nível do emprego, o crescimento de 0,7% entre agosto e setembro foi apontado como animador, uma vez que encerrou um ciclo de quedas. Foi o primeiro resultado positivo desde janeiro de 2016. No entanto, frente ao mesmo mês do ano passado, o indicador caiu 4,3% e no acumulado do ano a situação continua preocupante, com queda de 5,2%.
“Ainda está difícil empregar no Brasil. Mas a curva do emprego indica que está subindo para 2018. Com os dados positivos, a tendência é a retomada das contratações de forma gradual, mas constante”, explica Guilherme Veloso Leão, superintendente de Ambiente de Negócios da Fiemg.
Investimentos
A equipe da Fiemg estima que os investimentos devem continuar retraídos ao longo de 2018, crescendo gradualmente de acordo com a recuperação econômica do país. Segundo Lincoln, a queda na taxa de juros, o sucesso de concessões ao setor privado e os programas de refinanciamento de dívidas do governo federal indicam que o país deverá se recuperar cada vez mais solidamente.
“O refinanciamento de dívidas permite que as empresas sobrevivam. É preciso deixar qualquer aspecto ideológico de lado e perceber que isso é positivo para o país. Elas passam a ter como pagar suas dívidas. Temos muitas empresas boas que estavam com a corda no pescoço e não poderiam ser descartadas”, afirma Lincoln Gonçalves. Segundo ele, a recuperação das empresas vai garantir que o Poder Público volte a arrecadar mais nos próximos anos, permitindo a retomada de investimentos públicos.