O negócio, que será pago à vista, demorou um ano para ser acertado e o martelo foi batido na noite de sexta-feira (24), na sede da Previ. A compra, porém, ainda tem de passar pelo aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que então o Grupo Rio Quente assuma a operação.
Além dos R$ 140,5 milhões em recursos próprios pagos à Previ, o Grupo Rio Quente vai investir cerca de R$ 200 milhões para implantar um novo conceito de hospedagem no resort baiano, explica o CEO Francisco Costa Neto.
“A hotelaria de lazer não se reinventou no Brasil. Queremos aproveitar Sauípe para fazer isso, mudando o conceito para que ganhe aspectos de funcionalidade, de design e de experiência. Vai continuar atendendo a família, mas uma família diferente, formada pelas novas gerações, como os millennials (nascidos entre 1979 e 1995)”, diz.
Entre as modernizações tecnológicas, que deverão ter ênfase na nova fase, estão projetos ligados à realidade virtual.
Os novos donos da Costa do Sauípe também se prepararam para um passivo de cerca de R$ 30 milhões, entre obrigações bancárias e passivos trabalhistas.
O plano é manter as atuais bandeiras dos hotéis do centro hoteleiro, mas a gestão ficará nas mãos do Grupo Rio Quente, que pretende aproveitar a sinergia entre os dois negócios e oferecer benefícios aos associados – são cerca de 26 mil no Rio Quente Vacation Club.
A partir do OK do Cade, esses associados vão poder fazer suas reservas também em Sauípe, ou seja, passam a contar com um destino de praia além das águas termais e os atrativos do campo.
Para José Ernesto Marino Neto, da consultoria BSH International, a aquisição trará uma série de ganhos para o Grupo Rio Quente, que vai poder aproveitar o aumento da escala em suas negociações e atrair novos associados ao oferecer mais uma opção de hospedagem, com características bem diferentes das atuais.
“A expectativa é de que seja implantado um programa forte de profissionalização do negócio e de recuperação do ativo. Isso porque o que se viu até agora foi um fundo de pensão, que entende muito de finanças, mas não da operação hoteleira, gerindo um negócio de forma equivocada”, analisa. Nos primeiros nove meses do ano, o complexo hoteleiro da Bahia teve prejuízo líquido de R$ 22,2 milhões.
Segundo Marino, um hotel deve passar constantemente por atualizações – desde as roupas de cama até a troca de carpetes nas áreas de evento, itens de decoração, troca de TVs.
Devido às dificuldades de geração de caixa, os donos da Costa do Sauípe não conseguiram fazer essas mudanças ao longo dos anos. “Pelo estado do imóvel, o valor de R$ 140,5 milhões parece ser o adequado. Aquele é um lugar viável comercialmente e agora deve contar com a ajuda das mudanças na legislação trabalhista para se tornar ainda melhor operacionalmente”, diz o consultor.
A Previ, que investiu no projeto planejado pela Odebrecht, assumiu como administradora do negócio em 2009, por meio da Sauípe S.A. Até 2008, a gestão dos hotéis era terceirizada para as próprias redes hoteleiras, entre elas a Marriott e a Sofitel.
Fique por dentro
O que foi adquirido da Previ
Seis hotéis, com 1.564 apartamentos, estrutura para eventos formada por 40 salas (3.900m²) e uma arena (5.125m²) com capacidade para 3,5 mil pessoas.
Faturamento
Em 2018, grupo Rio Quente prevê faturar R$ 675 milhões
Constituição societária
O Grupo é controlado pelas holdings Algar (Uberlândia/MG) e FLC Participações e Investimentos S/A (Goiânia-GO)
Tamanho
Complexo turístico com uma área superior a 497 mil m² que recebe cerca de 1,5 milhão de visitantes por ano em Goiás, sob as marcas Rio Quente Resorts, Hot Park, Eko Aventura Park, Rio Quente Vacation Club (RQVC) e o In Casa Residence Club.