Depois de ter ensaiado uma recuperação no 2° trimestre de 2017, com crescimento de 1,4%, o PIB de Minas Gerais voltou a apresentar resultado negativo. Os dados são da pesquisa da Fundação João Pinheiro (FJP),i divulgada nesta quinta-feira.
Também de acordo com a pesquisa da FJP, no terceiro trimestre de 2017 houve queda de 0,7%, em termos reais, em relação ao segundo trimestre do ano.
No caso do Brasil, de acordo com o IBGE, o PIB do terceiro trimestre de 2017 apresentou variação positiva de 0,1%, na mesma base de comparação.
Balanço
A pesquisa registra ainda que os setores serviços e indústria cresceram 0,7% e 0,2%, respectivamente.
No entanto, a exemplo do que ocorrera no trimestre anterior, o setor agropecuário voltou a apresentar resultado negativo. Assim, o crescimento dos setores serviços e indústria não foi suficiente para contrabalançar inteiramente a retração de 8,4% do setor agropecuário.
Também no Brasil a agropecuária (-3,0%) apresentou retração, porém, em magnitude bem menor do que a observada no estado, o que ajuda a entender a estabilidade do PIB nacional.
Como consequência, pode-se inferir que o resultado da agricultura mineira foi determinante para o recuo do segmento em âmbito nacional.
Crescimento e queda
A explicação para a retração tanto da agropecuária mineira quanto da brasileira no terceiro trimestre é que o efeito positivo da safra de grãos (sobretudo soja e milho) no primeiro semestre do ano foi dissipado e a influência da inflexão na produção de café arábica para o resultado trimestral passou a ser determinante.
Café
Em Minas Gerais, esse efeito foi potencializado tendo em vista que a produção de café arábica estadual para o ano representa mais de 70% da produção nacional. De acordo com o Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) do IBGE projeta-se uma queda de 18,5% na quantidade produzida de café arábica no estado.
O setor industrial apresentou resultado levemente positivo. A boa notícia ficou por conta da indústria de transformação, que pelo terceiro trimestre consecutivo apresentou incremento no volume agregado.
No terceiro trimestre de 2017, a indústria de transformação mineira apresentou expansão de 1,4% em relação ao segundo trimestre deste ano (expansão equivalente à observada para o respectivo setor em âmbito nacional).
No caso da indústria de energia e saneamento houve melhora na geração hidroelétrica estadual em relação ao trimestre anterior, porém ainda aquém do necessário para normalizar o nível dos reservatórios, o que pode ser minimizado com as chuvas de fim de ano. A indústria extrativa mineral do estado apresentou estabilidade (variação positiva de 0,1% no terceiro trimestre de 2017).
Construção Civil
Já a construção civil permanece como o subsetor industrial que apresenta maior dificuldade de recuperação apesar da estabilidade em nível nacional nos meses de julho, agosto e setembro na série com ajuste sazonal. Em Minas Gerais, o segmento retraiu 1,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano.
Serviços
No setor de serviços, segmento que responde por aproximadamente 2/3 da variação do PIB mineiro, manteve-se a tendência de recuperação no agrupamento de outros serviços[1] (0,8%) e houve recomposição mais significativa nas margens de comércio e de transporte (1,3%).
Acumulado
No cômputo dos nove meses completados em setembro deste ano, pesquisa da FJP revela que o PIB mineiro expandiu 0,1% nesta ótica de comparação. O PIB brasileiro, no mesmo período e na mesma base de comparação, expandiu 0,6% de acordo com o IBGE.
O setor de serviços (0,6%) foi o principal responsável para o resultado positivo, tendo em vista o crescimento do subsetor de comércio (1,2%) e de transporte (0,9%). O setor industrial registrou retração de 1,4%, a despeito da recuperação do subsetor de indústria extrativa mineral (crescimento de 6,7%), que contrasta com a retração de 7,7% da indústria de construção civil e de 4,4% do subsetor de energia e saneamento.
Nesta base de comparação, as atividades agropecuárias também apresentaram resultados desfavoráveis (queda de 2,8%). Os dados disponíveis da Pesquisa Trimestral do Leite indicam queda na produção do produto no acumulado do ano. Dois dos principais produtos da pauta agropecuária mineira (leite e café) foram determinantes para o resultado negativo observado ao longo do ano.
Ainda nesta ótica de comparação, houve estabilidade na indústria de transformação mineira (variação positiva de 0,1%). Os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) revelaram crescimento na quantidade produzida, no acumulado até o terceiro trimestre de 2017 comparativamente ao mesmo período do ano passado, dos seguintes segmentos: fabricação de produtos têxteis (12,8%); de máquinas e equipamentos (7,4%); de produtos do fumo (2,9%); de veículos automotores (2,9%); de bebidas (2,4%) e de produtos alimentícios (0,8%). Por outro lado, houve recuo na fabricação de outros produtos químicos (-3,6%); na metalurgia (-2,7%); na produção de minerais não-metálicos (-2,0%); na fabricação de produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos (-1,8%); no refino de petróleo e biocombustíveis (-1,3%) e na fabricação de celulose e produtos de papel (-1,2%).
Valores Correntes
Valor do PIB
O PIB mineiro no terceiro trimestre de 2017 totalizou R$ 143,6 bilhões. O valor adicionado da agropecuária registrou R$ 6,8 bilhões; da indústria R$ 32,8 bilhões e dos serviços R$ 87,1 bilhões. ( Com Informações da Fundação João Pinheiro)