São Paulo – Os Correios e a Azul juntaram forças para criar uma empresa privada de logística e transporte de cargas para atender ao crescente volume de encomendas do comércio eletrônico no país.
Em comunicado, as duas companhias informaram que o capital da nova empresa será dividido em 50,01% para a Azul e 49,99% para os Correios. A expectativa é movimentar 100 mil toneladas de cargas por ano a partir de março de 2018, quando está previsto o início da operação.
Até lá, a empresa terá que ser submetida à análise do Tribunal de Contas da União e do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), além do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Além da economia gerada com a união das cargas transportadas pelos dois sócios (70 mil toneladas dos Correios e 30 mil toneladas da Azul Cargo), diz o executivo, as empresas vão ganhar eficiência operacional, mais receita e melhorar a oferta de serviço para o consumidor, além de disputar um mercado que movimenta cerca de R$ 100 bilhões por ano. Atualmente, os Correios utilizam as empresas Sideral e Total, que continuam até o início da operação conjunta com a Azul.
Apesar das dificuldades financeiras por que passam os Correios, Campos disse que a parceria está alinhada com as sugestões dadas pela CGU, de encontrar novas alternativas de negócios para superar a crise e aumentar as receitas. “Entre as recomendações da CGU está a busca por novas opções de negócios e a parceria vem totalmente alinhada com esse propósito”, disse o executivo, lembrando que o negócio com a Azul traz também uma redução no custo da mercadoria transportada pela estatal.
John Rodgerson, presidente da Azul, afirmou que a parceria com os Correios é uma oportunidade para a aérea ampliar o volume de carga transportada e ganhar eficiência operacional. Ele destacou ainda que a companhia tem forte presença no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), o segundo maior hub de cargas do Brasil, e é a que atinge o maior número de cidades brasileiras.
Sobre os investimentos na nova empreitada, as empresas informaram que a montagem da operação não envolve recursos, uma vez que a Azul vai utilizar aviões já existentes para transportar com exclusividade a carga de encomendas e postais dos Correios. “Esta operação terá custo zero. Vamos juntar as aeronaves existentes da Azul com a carga dos Correios”, disse Campos, acrescentando que pesou na escolha da Azul o fato de ela ser a companhia aérea que atende a mais destinos no país.
Mesmo depois de adotar medidas para reduzir despesas, como o fechamento de agências, corte de patrocínios e demissões de funcionários, a situação financeira dos Correios continua grave. Até novembro, a estatal acumulava perdas de R$ 2,03 bilhões, 17% acima do registrado em 2016.
Segundo Campos, os gastos com o plano de demissão voluntária e as despesas com o plano de saúde da empresa vão responder por boa parte do prejuízo em 2017. Só para os planos de saúde, a empresa terá que desembolsar algo em torno de R$ 1,9 bilhão neste ano. Já as demissões voluntárias, cuja meta é atingir 8,2 mil funcionários, devem custar R$ 970 milhões no decorrer de oito anos.
O presidente dos Correios reconheceu que a estatal “passa por dificuldades”, mas disse que a sua gestão “está virando o disco”. “Não podemos ficar sentados, esperando que a empresa definhe até a morte”, disse ele, salientando que vai “levar pancada” dos concorrentes e dos órgãos de fiscalização e controle por suas iniciativas à frente da estatal.
O perfil das parceiras
Azul
l 755 voos diários e 104 destinos
l Frota de 118 aeronaves
l 10 mil funcionários
l Faturamento de R$ 6,6 bilhões (2016)
l Lucro de R$ 344 milhões (2016)
Correios
115 mil funcionários
l Faturamento de R$ 18,8 bilhões (2016)
l Distribui 33,2 milhões de objetos por dia
l Prejuízo de R$ 2,03 bilhões em 2017 (até novembro)