2017 foi muito ruim para o emprego. Os números de pessoas desempregadas seguem altos, apesar de dar sinais de que começam a recuar. A taxa de desocupação no trimestre encerrado em outubro fechou em 12,2%, recuo de 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior. Ainda assim, havia no país no período 12,7 milhões de pessoas sem emprego, como apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se comparado com o mesmo período do ano passado, quando a taxa de desemprego era de 11,8%, houve aumento de 0,4 ponto percentual. Na contramão dessa tendência, o mercado de freelancer deve se expandir em 2018. Pesquisa feita pelas empresas Rock Content, 99jobs e We Do Logos e divulgada este mês mostra que a expectativa é de crescimento de 20%. O cenário verificado ainda mostra que 77,3% dos brasileiros atuam como freelancers. Foram ouvidas 9.561 pessoas entre 14 de setembro e 14 de outubro.
Ainda de acordo com o levantamento, dos que declararam atuar no mercado de freelancers, 37,1% vivem exclusivamente da atividade autônoma. E mais: dos que ainda não atuam os números mostram que 68% pretendem oferecer seus serviços de forma independente já em 2018, o que representa crescimento de 20,1%. Para Bruna Moreira, analista de marketing na Rock Content e coordenadora da pesquisa, a falta de oportunidades tem levado as pessoas a se arriscar em atividades autônomas. “O mercado de trabalho não está acolhendo todas as pessoas. Tem muita gente qualificada e pouco espaço para esses profissionais”, afirma.
Ainda de acordo com ela, além de conquistar uma colocação, a maioria recorre a essa modalidade para complementar a renda. “As pessoas sempre pensam em ganhar mais e esse é um motivador para que busquem o mercado de freelancer”, afirmou. Para 59,3%, aumentar os ganhos é a razão principal para esse tipo de atuação. Já entre os freelancers, 76% acreditam que terão aumento considerável na renda nos próximos 12 meses. Os serviços oferecidos, em sua maioria, variam de consultorias especializadas a assistência técnica.
DUPLA JORNADA
Mas há quem ofereça outro tipo de serviço. É o caso de Rodrigo Silva, de 34 anos. Ele trabalhava em uma empresa e, para complementar a renda, resolveu também oferecer serviços de motorista. Depois de certo tempo, o bico se transformou em atividade principal até conseguir outro emprego formal. Silva contou que não pensava em se lançar no mercado de freelancer, mas a redução nas horas extras no antigo emprego o levou a isso. “Na época, o salário da empresa tinha reduzido muito, devido ao corte das horas extras, que ajudavam a complementar a renda”, contou.
Apesar disso, a experiência foi boa e inspirou Rodrigo a pensar em abrir um negócio. Mas, enquanto isso não ocorre, mesmo em novo emprego, ele segue mesclando com freelancer. “Fui demitido e o bico se tornou a renda principal. Hoje estou em outro ramo. A tendência vai ser sempre levar os dois trabalhos ao mesmo tempo, até que o mercado na área em que atuo volte a melhorar”, revela.
O caso de Rodrigo, no entanto, se encaixa bem na maioria dos que também atuam como freelancers. Isso porque 85,2% das pessoas aceitariam um emprego formal se a proposta fosse boa. Inclusive, 75,2% já estão à procura desse emprego.
Perfil
Geralmente, segundo os dados levantados pela pesquisa, o freelancer brasileiro tem formação superior. Ao todo, 95,2% indicaram que têm graduação completa, incompleta, pós-graduação completa ou diploma de tecnólogo. Entre as áreas de formação, as que têm mais profissionais são as de ciências humanas, com 73,06% do total, seguida pelas áreas de exatas (16,74%) e biológicas (2,40%). As outras áreas somam 7,80%. “Assim, segundo os dados obtidos, o freelancer brasileiro médio é de humanas e formado em comunicação social”, afirma o relatório da pesquisa.
A maioria absoluta também é jovem e tem até 35 anos, respondendo por 79,39% dos entrevistados. Outro dado apresentado pelo levantamento mostra que a maioria dos profissionais autônomos no país trabalha com projetos de marketing digital, totalizando 28,3%. É seguido bem de perto por design e criação (27,8%) e mídias sociais (24,7%).
Prós e contras
Principais motivações
Aumentar a renda.........................................................59,31%
Flexibilidade.................................................................42,58%
Liberdade.....................................................................34,20%
Dificuldade de encontrar emprego.................................30,17%
Equilíbrio vida profissional/pessoal................................26,46%
Cansado de trabalhar como empregado.........................17,26%
Assumir controle sobre a própria carreira........................16,13%
Principais dificuldades
Encontrar clientes..........................................................59,52%
Definir o preço do próprio trabalho.................................49,47%
Conquistar espaço no mercado......................................40,23%
Definir direção para a carreira........................................20,53%
Administrar a vida financeira..........................................16,73%
Controlar os prazos dos projetos.....................................16,34%