São Paulo – As moedas virtuais, as chamadas criptomoedas, fizeram a festa em 2017. Estrela desse novo mercado, a bitcoin teve uma valorização de pouco mais de 1.600% em 12 meses. O preço de uma moeda saltou de US$ 910,21 em 26 de janeiro de 2016 para US$ 16.306,40 na cotação das 16h de ontem.
O sucesso foi tão grande que o termo “bitcoin” ficou em segundo lugar na lista de notícias globais do buscador do Google, atrás apenas do furacão Irma. Segundo a página do Google Trends, as pesquisas começaram a subir a partir de agosto, aceleraram forte em novembro, quando a moeda saiu de US$ 8 mil para US$ 10 mil, e explodiram de vez em dezembro, quando a cotação bateu em impressionantes US$ 20 mil. Foi um verdadeiro furacão no mercado financeiro.
Criada em 2009, a Bitcoin marcou o início da ascensão de outras moedas virtuais. Litcoin, Ethereum, Ripple, bitcoin Cash, Lisk, entre muitas outras, aproveitaram a onda de Ofertas Inciais de Moedas (ICO, na sigla em inglês) para se lançar no mercado. A grande maioria utiliza o mesmo sistema de controle descentralizado da bitcoin, chamado de Blockchaim, que opera em rede ponto a ponto (peer-to-peer) de computadores. As criptomoedas, é bom lembrar, não têm regulação alguma e sua valorização depende da tecnologia por trás dela, além do apetite dos investidores.
As criptomoedas são oferecidas em corretoras (exchange) especilizadas na internet. No Brasil, mais de uma dezena de corretoras oferecem as moedas virtuais. A grande vantagem, ou desvantagem, a depender do ponto de vista, é que os investimentos nesse mercado não estão sujeitos aos controles tradicionais, fogem das altas taxas e estão cada vez mais lucrativos. É bom que se saiba que não há comparação com as moedas comuns mantidas por instituições financeiras ou em forma de dinheiro. Embora menos sucetíveis a crises políticas, todas as criptomoedas representam risco relativamente elevado, exatamente porque o investidor não tem garantia alguma.
Depois da bitcoin, a segunda moeda virtual mais líquida é a ethereum, negociada com o código ETH, que alcançou capitalização de US$ 78 bilhões. Instituições financeiras consagradas, como o americano JP Morgan e o espanhol Santander, já estudam utilizar a ethereum para transferir valores. Apenas o anúncio do interesse fez com que a ETH subisse de US$ 7,93 em janeiro para US$ 859 em dezembro, alta de mais de 10.000%.
Ao contrário da bitcoin e da ETH, a moeda monero, negociada com o códixo XMR, oferece privacidade nas transações. Ou seja, seus não dados não podem ser rastreados. Isso, porém, pode ter um efeito adverso, porque o modelo abre espaço para usos ilegais. Em dezembro, a capitalização da monero chegou a US$ 7,2 bilhões. Ela é uma das 30 moedas virtuais com capitalização de mercado superior a US$ 1 bilhão.
O sucesso levou os especialistas a levantar a possibilidade de as moedas virtuais se tornarem uma bolha, podendo gerar perdas bilionárias para os investidores. Na semana passada, o Banco Central brasileiro chegou a alertar para os “riscos imponderáveis” que os investidores em moedas virtuais, em especial a bitcoin, correm. Ou seja, o dinheiro investido pode virar pó, como aconteceu com as “ponto com”, em 2000.
Mercado em ascensão
Há 1,3 mil criptomoedas em circulação. Conheça algumas delas
>> Litecoin – A tendência de alta da chamada “prata das moedas virtuais” começou nos últimos meses do ano. A litecoin estava sendo vendida ontem a US$ 285,34.
>> Ethereum – Em 2017, teve valorização fora da curva, em torno de 10.000%. Ontem, estava cotada a US$ 765,26.
>> Lisk – É considerada uma moeda emergente e barata. Começou a se valorizar
a partir do meio do ano, quando estava cotada a menos de US$ 5. Ontem,
valia US$ 23,81.
>> Ripple – É vista pelos especialistas como a moeda do momento. Utiliza plataforma própria e pertence a um grupo de banqueiros. Estava cotada ontem
a US$ 1,09.
>> Bytecoin – A moeda apresentou crescimento expressivo em 2017. Cada transação é emitida em intervalos de 120 segundos. Cotada a US$ 0,006038.