Nem bem passada a ressaca da virada do ano, a procura por material escolar já está grande nas papelarias e livrarias de Belo Horizonte. Os pais resolveram antecipar as compras e, de olho nesse filão, as lojas apostam em promoções e nas trocas de livros didáticos para atrair os clientes. A expectativa dos lojistas é de crescimento nas vendas em relação ao ano passado. Os preços não caíram frente ao começo de 2017, mas também não subiram, de acordo com comerciantes ouvidos pelo Estado de Minas.
Só nessa quarta-feira (3) na parte da manhã a loja da rede Leitura na Rua Paraná, no Centro da Cidade, tinha pelo menos 30 listas de material à venda. “O pessoal está antecipando mesmo e quem vai viajar já está vindo fazer a compra antes para evitar o tumulto. Nossa expectativa é boa, acho que esse ano a economia deu uma segurada e o povo está com menos temor”, comemora o gerente da loja, Gustavo Abreu Teles.
Segundo Abreu Teles, o tíquete médio por cliente nas compras de papelaria supera o do ano passado, variando de R$ 50 a R$ 60. Ainda que com a forte procura, a loja já faz promoções. “No jornalzinho deste mês são 16 páginas com descontos de no mínimo 15%”, conta o gerente.
As listas de papelaria variam com cerca de 15 produtos, como borracha, lápis, caneta, mochila, estojo e lancheira. Na Leitura do Centro, uma compra de material sem livro pode sair de R$ 50 a R$ 500. “É muito flexível o preço, você tem mochila de R$ 39 e de R$ 399 e caderno de R$ 5,49 e de R$ 20”, afirmou. Pensando nas vendas, a loja ampliou o quadro de pessoal de 28 a 67 empregados. Nas 16 lojas em BH, a expectativa é aumentar o faturamento em 300%, podendo chegar a 400% em algumas unidades.
Em outro ponto tradicional de venda de material, a Livraria e Papelaria João Paulo II, na Savassi, a venda também está a todo vapor e o crescimento esperado é de pelo menos 20%. As três lojas da rede também contrataram 18 trabalhadores por contratos temporários para reforçar o atendimento aos clientes. Além das promoções, o lugar tem foco na compra, troca e venda de livros usados, que, aliás, é uma aposta para quem quer economizar nas compras. Com a estratégia, uma lista avaliada em R$ 2 mil, por exemplo, pode sair por R$ 1,5 mil.
Foi essa a experiência da professora aposentada Águeda Kallás, de 56 anos, que conseguiu levar por R$ 1.073 os itens de uma lista que consumiria R$ 1.487. Na compra do material para a filha Ana Luísa, de 13 anos, que cursa a 8ª série, ela levou sete livros usados. Conseguiu vender quatro, que, como estavam em ótimo estado, lhe renderam desconto de R$ 260. “Falo sempre pra minha filha usar com muito cuidado porque os livros em bom estado podem render desconto de 40%, isso ajuda muito”, diz a mãe.
A filha Ana Luísa não vê problemas em reaproveitar o material. “É a mesma coisa.” Mãe e filha resolveram antecipar as compras para poder viajar de férias mais tranquilas e evitar as lojas cheias em fevereiro. A administradora Renata Melo, de 44, fez o mesmo e foi ontem, com os filhos Bernardo, de 6, e Pedro, de 10, comprar a lista que custou R$ 2.163. A quantidade de produtos foi a mesma do ano passado e Renata economizou com dois livros que aproveitou. A escolha dos itens fica por conta dos pequenos, mas sempre com moderação. “Claro que se tiver um que custa R$ 10 do lado do outro que custa R$ 20 escolheremos o mais em conta, mas sempre observando a qualidade do material”, diz a mãe.
Por enquanto ela só pode comprar livros novos, pois os filhos ainda estão na idade em que se escreve neles. Usados só a partir do sexto ano. “A partir daí as mães começam a vender os livros usados e isso vai gerar uma economia de 40% a 50%, porque além de optar pelo livro usado a pessoa pode dar o dela como abatimento da compra”, diz o gerente da João Paulo II, João Paulo Azevedo.
Usados valiosos
O gerente da Leitura, Gustavo Teles, conta que a loja também aumentou a venda de livros usados. “A gente avalia o livro do ano anterior e paga um terço do que vale o novo e os usados fazemos pela metade do preço. Ou seja, se um livro custa R$ 100, eu o compro do cliente por R$ 33 e vendo um de R$ 100 por R$ 50. Neste caso, ele pagaria R$ 17”,explica.
As mães também podem optar por vender os livros em um lugar e comprar material em outro. Foi o que fez a administradora Silvana Benati, de 47. Depois de gastar R$ 1,8 mil com o material para dois filhos, ela conseguiu recuperar ontem R$ 120 vendendo seis livros. No ano passado, ela também vendeu livros usados. “Foi bom porque compensou um pouco do gasto”, diz.