A inflação medida em Belo Horizonte ao longo de 2017 registrou o menor índice dos últimos 11 anos: 3,94%. O número foi divulgado nesta quinta-feira pela Fundação Ipead, vinculada à UFMG, responsável pelo cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a evolução dos gastos das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos.
Em 2006 o IPCA foi de 3,74%, o mais baixo em 12 anos. Já 2015 registrou o recorde negativo, com alta nos preços de 11,82% – ano marco pelo ápice da crise econômica no país.
O baixo índice de inflação em 2017 reflete a queda no consumo das famílias, reflexo da crise econômica. Mesmo com o consumo em baixa, no entanto, houve reajustes de preços e o grande vilão do índice em 2017 foi a gasolina – que registrou um aumento de 13,69% ao longo do ano –, seguido do plano de saúde individual (13,55%) e seguro de automóveis (27,68%).
Embora esse último tenha registrado um percentual maior, o peso nas despesas da família é menor. “Nem sempre o que mais aumentou é o que mais contribuiu para a inflação”, explicou Thaíse Martins, coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead.
Em relação aos outros 11 meses do ano, a inflação de dezembro foi a maior (0,60%) o que segue uma tradição nos números econômicos. Os custos no último trimestre se elevam em razão das festividades de final de ano e ao aumento das vendas de Natal.
E mais uma vez apareceu a gasolina para elevar o índice inflacionário. Dezembro sentiu o efeito dos oito aumentos no valor do combustível, que ao longo do mês acumulou uma alta de 4,15%.
Ainda de acordo com o Ipead, o grupo de alimentos teve uma variação positiva de 0,06%, contribuindo 0,01 pontos percentuais para a inflação anual – o que significa uma estabilidade nos preços.
A pesquisa mostrou que três dos cinco itens de alimentação tiveram elevação, com destaque para o gasto em restaurantes, que tiveram alta de 2,99% nos preços.
O grupo dos produtos não-alimentares registrou uma variação positiva de 4,67% , correspondente a 99,75% da contribuição total do ano passado.
Os produtos industrializados registraram uma variação de 0,93% e bebidas em bares e restaurantes ficaram 2,46% mais caros. No topo da lista de produtos que mais pressionaram a inflação estão refeição (2,96%), manteiga (26,47%), sorvete industrializado (17,80), refrigerante em supermercados (3,45%) e peito de frango (9,89%).
Os produtos que menos contribuíram para a inflação foram o feijão carioquinha, maçã, açúcar cristal, laranja e banana prata.
Levando-se em conta a variação individual de preços, o maior reajuste de 2017 foi da manga, que subiu 33,7%. Já a menor variação foi do feijão carioquinha, que registrou queda de 36,96%.
Já os alimentos in natura fazem parte da curva inversa: tiveram uma queda de 13,88% nos preços. Também registraram queda os produtos de elaboração primária, que ficaram 3,49% mais baratos. Dentre os produtos do grupo não alimentares, tiveram destaque os administrados (conta de água, luz, telefone), que registraram variação de 6,74% – o correspondente a 40,86% da participação na variação geral do IPCA.
Na sequência, despesas pessoais apresentaram uma variação positiva de 4,16; saúde e cuidados pessoais (7,09%), encargos e manutenção (2,61%) e artigos de residência (1,07%). Do outro lado, vestuário e complementos tiveram uma redução de 0,40%.
E o que esperar dos preços na capital mineira em 2018? Nem mesmo os analistas econômicos sabem precisar, mas a expectativa de Thaíse Martins é que a inflação se mantenha controlada. A estimativa é que a inflação atinja índice semelhante ao deste ano, cotada em 3,96%.
“Esperamos que não haja movimentos bruscos, de alta ou queda”, disse a coordenadora da Fundação Ipead. Até porque um dos fatores que contribuem fortemente para os índices não dependem da demanda e oferta de produto, que são as contas de energia, água, telefone, impostos e combustíveis.