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Estado de Minas

Inovação sustenta crescimento das franquias em 2017

Segundo pesquisa, 91,8% das empresas franqueadoras investiram em algum tipo de atividade inovadora e metade delas disse que aumentou a rentabilidade e a participação no mercado


postado em 12/01/2018 12:00 / atualizado em 12/01/2018 07:56

O grupo Boticário liderou a lista de maior rede de franquias do Brasil(foto: Erbs Jr/Divulgacao)
O grupo Boticário liderou a lista de maior rede de franquias do Brasil (foto: Erbs Jr/Divulgacao)

São Paulo
– As franquias conseguiram  aumento de 8% no faturamento em 2017, segundo dados preliminares divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) – apesar dos contratempos da economia. O descolamento do desempenho médio das áreas de comércio e serviços foi possível, em boa medida, graças ao investimento que as redes fizeram em inovação.


Segundo a 1ª Pesquisa de Inovação nas Franquias Brasileiras, feita pela ABF em parceria com a Confederação Nacional de Serviços (CNS), com metodologia da Fundação Dom Cabral, 91,8% das empresas franqueadoras adotaram algum novo produto ou serviço entre 2014 e 2016. Ainda de acordo com o levantamento, 45% delas disseram ter adotado equipamentos, técnicas ou mesmo novos softwares no negócio.

Graças a esses investimentos, 50,7% disseram que a inovação aumentou a participação da empresa no mercado. E 43,1% afirmaram que as iniciativas inovadoras refletiram na melhora da rentabilidade. “Não estamos falando de uma inovação disruptiva (em vez de evolutiva), mas incremental, que privilegia logística, atendimento e gestão”, diz Altino Cristofoletti Júnior, presidente da ABF.

Na rede de calçados infantis Bibi, que tem 110 unidades franqueadas, a inovação serviu para aproximar ainda mais quem trabalha nas lojas, na produção e nas tomadas de decisão. Em 2016, foi criado o chamado “ninho de inovação”, que funciona como um portal onde os colaboradores podem sugerir ideias. Em 2017, foram cerca de 300 sugestões e as melhores acabaram premiadas em seis categorias. Entre as propostas que mais renderam resultados para a companhia, segundo Camila Kohlrausch, diretora de Marketing e Produto da companhia, estão o tênis com LED e o modelo com patchs, que permitem a customização do calçado.

“Fazemos uma reunião por mês para discutir as sugestões. Damos retorno positivo, negativo, ou pedimos um refinamento da ideia. Podem surgir desde propostas para mudar um processo de produção até diferenciais para os nossos produtos. Nessa parte, as lojas se saem muito bem, já que têm o contato com os clientes e conseguem captar melhor quais são as aspirações deles”, detalha a diretora.

Para a executiva, sem o investimento nesse tipo de canal de comunicação e na aposta em ações inovadoras, a crise na economia teria impactos maiores. “A inovação sempre existiu na empresa, mas não da forma como funciona hoje. Do jeito que é agora, contribuiu muito nesse período em que o mercado não está muito receptivo”, diz Camila. Segundo ela, cerca de 20% da receita veio do ninho de inovação e dos workshops que a companhia promove com profissionais da área de saúde, como médicos, fisioterapeutas e professores de educação física.

Apesar do baixo crescimento da economia em 2017, a Bibi teve  aumento de 12% no faturamento da rede de lojas (valores não divulgados) e de 20% nas exportações. Para este ano, segundo Camila, a expectativa é que as lojas tenham  acréscimo de 25% na receita e as vendas ao exterior evoluam cerca de 20%.

FATIA MAIOR Coordenador da pesquisa, Fernando Garcia Freitas, assessor econômico da CNS, é categórico ao dizer que a inovação foi determinante para a manutenção e a ampliação dos números das redes de franquia. “Quem inovou teve sucesso tanto na redução de custos quanto na participação de mercado. Esses sairão da crise mais eficientes e com uma fatia maior do bolo.” Freitas lembra que, além do impacto nas vendas, o investimento em inovação traz outros ganhos, como o menor impacto no meio ambiente (com a busca de alternativas para a economia de água e energia, por exemplo), graças a melhorias de embalagens e redução de uso de insumos no processo de produção. Além disso, segundo o assessor, muitas franquias incluíram em suas atividades o controle de aspectos ligados à segurança do trabalho.

Cristofoletti, da ABF, que é presidente da franquia Casa do Construtor, dá como exemplo a sua própria empresa, que atua no segmento de aluguel de máquinas e equipamentos para construção. “Os próprios franqueados ajudaram a trazer soluções para reduzir os custos e aumentar a demanda. Enquanto o setor teve queda de 60% no faturamento, nós conseguimos crescimento de 9%”, conta.

Espaços alternativos ajudaram nas vendas


Apesar de sentir no bolso as dificuldades econômicas do país, o brasileiro não abandonou alguns hábitos, como o de procurar serviços e produtos dos segmentos de saúde, beleza e bem-estar. Essa é uma das conclusões do estudo divulgado ontem pela ABF. Sua participação no ranking das 50 Maiores Marcas de Franquias do Brasil, por unidades, cresceu de 12% para 16% na comparação entre 2016 e 2017.

Mas ainda é o segmento de alimentos que domina a lista, com 34% de participação, seguida por serviços educacionais (18%). Na lista geral, O Boticário continua como a maior rede em número de lojas, com 3.762 lojas, bem à frente da segunda colocada, a AM PM Mini Market (2.415 unidades). Já as redes que conseguiram subir mais posições no ranking das 50 maiores foram Acqio (15 posições), Dia% (9), Seguralta (7), 5ÀSEC (7), Piticas (7), Óticas Carol (6) e Instituto Embelleze (6). As novidades foram as redes Casa dos Bolos, SPA das Sobrancelhas e Não+Pêlo.

Como o levantamento divulgado agora é preliminar, a expectativa da ABF é de que o setor de franquias tenha conseguido em 2017 crescimento de 8% na receita e de 2% em número de unidades. Com isso, a estimativa é de que o faturamento do ano passado chegue a R$ 163 bilhões, ante R$ 151,2 bilhões registrados em 2016. Para 2018, a associação projeta aumento na receita que deverá ficar entre 9% e 10%.

Apesar disso, o crescimento da geração de empregos foi bem menor, de 1%, somando cerca de 1,2 milhão de postos de trabalho ligados diretamente às redes de franquia.

Além da inovação, outra explicação para o crescimento da receita das franquias em 2017 foi a aposta dos franqueadores em pontos de venda alternativos, como quiosques, trucks, contêineres, store-in-store e home-based, por exemplo, que passou de 6% para 9% de participação. As lojas físicas, no entanto, são a grande maioria, com 91% das franquias. “Essa foi uma das razões para o crescimento dos segmentos de saúde, beleza e bem-estar, que procuraram mais esses canais alternativos para expandir”, afirma Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF.

 


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