São Paulo – Um rali diante do desfecho esperado, de confirmação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância, levou o Ibovespa a bater novo recorde ontem, aos 83.680,00 pontos, e valorização de 3,72%. O giro financeiro foi forte, de R$ 15,7 bilhões. Durante o pregão, as ações ligadas ao governo, de empresas estatais como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil estiveram entre as maiores valorizações do índice à vista, entre 6% e 7%. Os papéis ON e PN da petroleira renovaram seguidas máximas levando o preço a R$ 20 e R$ 19, respectivamente – as maiores cotações dos últimos anos.
“Neste momento, o que está importando para o mercado é Lula não ser candidato. Ainda não se precificou as consequências disso, do ponto de vista da corrida eleitoral”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe Nova Futura CTVM, referindo-se ao fato de o ex-presidente, fora do pleito, vir a apoiar fortemente alguém. O economista Alexandre Espirito Santo, da Órama, não vê a questão do julgamento como algo definitivo para o médio prazo, quando Tribunal Superior Eleitoral (TSE) for instado a se manifestar.
A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, também comenta que o foco do mercado no que diz respeito às eleições é a possibilidade de aprovação de medidas de ajuste. Ela ainda comenta que, caso as perspectivas sobre isso sejam positivas, a tendência é que o otimismo no mercado se prolongue. Nesse contexto, Alexandre Espírito Santo diz que os mercados seguem favorecidos pelo ambiente internacional, com 22 dias consecutivos de entrada de dinheiro de investidores não residentes na bolsa, o que contribui para que o giro financeiro seja algo excepcional para o mês de janeiro.
Câmbio
A perspectiva dos investidores de que a condenação do ex-presidente Lula fosse mantida por unanimidade pela 8ª Turma do TRF-4 – o que acabou se confirmando – fez o dólar à vista fechar R$ 3,174, no menor patamar em mais de três meses, depois de ter alcançado os R$ 3,15 durante a sessão. No mercado futuro, com a confirmação do placar de 3 a 0, a moeda americana para fevereiro fechou a R$ 3,15, em queda de quase 3%.
Contribuiu para a forte apreciação do real a queda generalizada da divisa americana no exterior. O dólar à vista terminou em baixa de 1,93%, no menor valor de fechamento desde 18 de outubro de 2017, quando ficou em R$ 3,1679. O giro foi de US$ 1,349 bilhão. Na mínima, chegou a R$ 3,1524 (-2,58%) e, na máxima, a R$ 3,2316 (-0,13%). No mercado futuro, o dólar para fevereiro encerrou em queda de 2,81%.
Com a condenação mantida em segunda instância, diminuem substancialmente as chances de que o petista seja candidato este ano, mesmo recorrendo da decisão. “O cenário externo também contribuiu para o otimismo doméstico, uma vez que as commodities subiram”, comentou Leandro Ruschel, sócio-fundador do Grupo L&S. A moeda americana recuava ante moedas fortes e emergentes.
Juros
Os juros futuros fecharam a sessão regular em queda firme, nas mínimas, refletindo a expectativa de que os votos dos três desembargadores do TRF-4, que julgaram Lula da Silva, confirmassem a sua condenação. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 encerrou na mínima de 6,830%, de 6,900% no ajuste anterior, e a do janeiro de 2020 fechou também na mínima, de 7,99%, de 8,11% no ajuste de terça. A taxa do DI para janeiro de 2021 caiu de 8,99% para 8,84% (mínima) e a do DI para janeiro de 2023 recuou de 9,78% para 9,62%. A expectativa em torno do julgamento conduziu os negócios desde a abertura, com as taxas tendo acelerado a queda e batido mínimas no período da tarde, na medida em que foi crescendo a aposta na confirmação da condenação.