São Paulo, 31 - A alternativa encontrada pela Eletrobras para vender as distribuidoras, com a inclusão dos ativos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) foi um erro, disse a economista Elena Landau, que esteve no conselho da estatal elétrica até meados do ano passado, fazendo um "mea culpa" durante evento com investidores promovido pelo Credit Suisse. "Quisemos pôr no PPI porque achávamos que a resistência política seria grande. Isso foi um erro... Não achamos que o BNDES estava tão mal instrumentalizado para fazer privatização", disse.
Ela lembrou que o banco levou um ano pra fazer um modelo e chegar à conclusão - que considerou "óbvia" - de que as empresas não tinham valor. "A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) atrapalhou tudo que podia", acrescentou.
Ela considerou que a venda das distribuidoras é a primeira tarefa a ser feita para viabilizar a privatização da Eletrobras. "Sem solução, fica difícil arranjar uma oferta pública... Vai ter de acabar, tirar de dentro (da holding), porque a vocação da Eletrobras é geração e transmissão", disse. Ela lembrou que os acionistas da empresa devem se reunir em fevereiro para discutir a venda das distribuidoras. "Seria importante, se houve votação para continuar (com o processo de venda das distribuidoras, e não realizar a liquidação agora), marcar a data imediatamente", disse.
Elena também lembrou da necessidade de resolver a questão legislativa visando a permissão para privatização, mas avaliou que o governo conseguirá a aprovação. "Mas vai dar trabalho", disse. Ela destacou que é a primeira vez que o modelo de privatização é discutido no Congresso Nacional e lembrou que no passado bastava um decreto para incluir uma empresa no programa de desestatização, enquanto o modelo era discutido com a agência reguladora ou ministério setorial.
Ela voltou a criticar o anúncio da privatização a Eletrobras da forma como foi feita, com data preestabelecida para ocorrer. "Não estou preocupada que ocorra em julho de 2018, vai sair em algum momento, ou vai ter de capitalizar a empresa", disse.
Ela minimizou o impacto do cronograma eleitoral para a realização da privatização. "FHC privatizou a Telebras em junho de 1998", lembrou, mas considerou que o que definirá o sucesso da privatização da Eletrobras em seu prazo também é o momento de mercado, tendo em vista que neste caso se trata de uma oferta de ações. "Quando é venda de controle, depende menos da situação de mercado."
(Luciana Collet)