A fama do carnaval de Belo Horizonte se espalhou e trouxe milhares de turistas para curtir os blocos e festas da capital mineira este ano, para a alegria de comerciantes e empresários da rede hoteleira, que esperam chegar na quarta-feira de cinzas faturando alto com a folia. Grupos de amigos, casais ou pessoas sozinhas vieram de outras cidades e estados para conhecer ou repetir a participação na festa. Questões como o ambiente saudável, a qualidade dos blocos e os preços mais em conta do que em outros locais tradicionais pesaram na hora da escolha do lugar para passar o feriado prolongado.
Outro que trocou o carnaval do Rio pelo de BH foi Felipe Corrêa Goretti, de 35. Servidor público federal no Rio, ele morou em Belo Horizonte até os 25 anos, mas nunca passou um carnaval na cidade porque na época não era bom. “Agora, de tanto que falaram que aqui está bom, resolvi vir para ver e estou trazendo mais três amigos do Rio. Estou confiando na galera que me disse que é muito bom, senão vão me pôr a culpa se for furada”, brincou. Os colegas cariocas alugaram uma casa em BH e Felipe está na casa da mãe desde quinta-feira. O grupo volta amanhã para passar o resto dos dias no Rio. Para não perder nada, fizeram até planilha com os blocos e festas.
A engenheira civil Fernanda Santos, de 25, e o namorado, Joel Donato, de 31, também escolheram o carnaval de Belo Horizonte por indicação de um amigo. Ela mora em Goiânia e ele em Brasília. “Cresceu muito o carnaval de BH e, além dos blocos tem muitas festas privadas famosas”, conta Joel. O casal estreante na festa da capital mineira, que está hospedado no Hotel Hilton, chegou na quinta-feira. Na sexta-feira, eles passaram em uma loja da Savassi para comprar adereços e aproveitaram para fazer um esquenta. “Aqui é bem mais barato que no Rio, tanto em passagem como na hospedagem. Tudo ficou em R$ 1,5 mil para os dois”, conta. Ontem, eles foram para o Então, Brilha! e à noite para uma festa no Mirante Olhos D’Água. “Queremos aproveitar ao máximo a cidade”, diz Fernanda.
Um grupo de amigos que estava com o carnaval praticamente fechado para Salvador acabou trocando a folia baiana pela mineira por causa da publicitária mineira Marcela Miraglia, de 27. É que o também publicitário Pedro Galvão, de 27, começou a namorar a moça e acabou arrastando os outros rapazes do grupo de São Paulo em busca do carnaval de BH. Vieram o atuário Guilherme Sore, de 26, e o economista Otávio Dutra, de 27. “Estamos esperando muita folia e festa”, diz Guilherme. Otávio, que já passou carnavais em Ouro Preto e Diamantina, já aprovou o estilo mineiro de folia e disse esperar muita animação até a quarta-feira. Eles planejam ir a dois blocos por dia e à noite frequentar as festas fechadas. Todos estão hospedados na casa da Marcela.
O advogado Hugo Alcântara, de 33, veio com outros quatro colegas de Montes Claros, no Norte de Minas. Eles costumavam ir a Diamantina e, como muitos, migraram para BH depois que a festa ganhou fama na capital. Para economizar, os cinco vieram de carro e vão comprar bebida em supermercados para já sair abastecidos para os blocos. “Carnaval aqui é muito bom porque não tem briga, dá para curtir em vários pontos diferentes e o preço da cidade é muito bom”, diz. Eles estão pagando R$ 85 na diária do Ibis Hotel para passar a festa pela segunda vez em Belo Horizonte. “A expectativa é de que seja melhor que o do ano passado”, diz.
OCUPAÇÃO A economia para quem escolhe BH é comprovada por levantamento realizado pelo Sindhorb. De acordo com os dados, BH é a capital com média de diárias mais barata ao longo do ano. O sindicato anunciou uma taxa de crescimento de 5% no número de hospedagens, e ocupação média variando de 50% a 55% dos leitos na capital mineira, que dispõe hoje de 220 hotéis, que somam entre 22 mil e 24 mil vagas.
A expectativa para os comerciantes também é de lucrar. Levantamento da área de Estudos Econômicos e o setor de Negócios Turísticos da Fecomércio MG aponta que 55,5% dos empresários esperam melhorar suas vendas na festa de Momo, em comparação a 2017. O otimismo está maior do que no ano passado, quando 73,8% acreditavam que o período seria positivo para o comércio. Este ano, esse índice subiu para 80,2%. Essa melhora é justamente por causa de uma perspectiva maior de presença de turistas na cidade. A analista de Turismo da Fecomércio MG, Milena Soares, explicou que o carnaval se tornou uma data para as empresas do comércio de bens, serviços e turismo da capital investirem pensando no viés turístico.