Na ausência do mar e em busca de mais segurança para fazer as compras e o lazer, os belo-horizontinos se transformaram em habituais frequentaores dos shoppings centers. Não por outro motivo, a capital mineira ganhou status de referência para empreendimentos do ramo alimentício. Pelo menos três redes anunciam sua chegada à capital mineira até junho, Coco Bambu, The Black Beef e Pecorino. Na ponta do lápis, significa investimento da ordem de R$ 24,5 milhões, geração de emprego e renda na cidade, que abriga 20 grandes centros comerciais, e já foi apontada por pesquisa da Associação Brasileira dos Shoppings Centers (Abrasce) como a capital em que os moradores mais frequentam e gastam dinheiro.
“O shopping center é a segunda casa do brasileiro, e percebemos no perfil das cidades que não têm praia que esse fenômeno é ainda mais forte. Shopping é lugar de compras, lazer e também refeições. Não teria como abraçarmos uma cidade como Belo Horizonte sem a presença em um shopping”, diz João Paulo Gomes, sócio da The Black Beef, hamburgueria criada há dois anos em Maceió, (AL), e que conta com uma rede de seis lojas também em Brasília, São Paulo e Uberlândia. A marca entra em BH, no mais tardar, em três meses, com planos que incluem mais duas unidades na capital – ainda em local a ser definido."O shopping center é a segunda casa do brasileiro, e percebemos no perfil das cidades que não têm praia que esse fenômeno é ainda mais forte"
. João Paulo Gomes, sócio da Hamburgueria The Black Beef
O investimento na loja do Diamond Mall, no Bairro de Lourdes, é de R$ 650 mil, dinheiro que os proprietários esperam recuperar rapidamente. Ele prometem oferecer produtos de qualidade com preços acessíveis ao bolso dos mineiros. De acordo com João Paulo, os amantes de hamburgueres encontrarão no cardápio preços variando de R$ 15 a R$ 24. A casa oferece milkshakes e batatas frias especiais, além de bebidas. “Posso ganhar pela qualidade oferecida e também pelo preço. O nosso modelo é o de fast casual, caracterizado pela simplicidade”, diz o empresário, que tem entre os sócios da marca The Black Beef o ator global Caio Castro.
Direto do Ceará, também desembarcará em Minas Gerais a Coco Bambu, rede de restaurantes especializada em peixes, frutos do mar e culinária oriental. Atualmente são 28 unidades no Brasil e uma em Miami, nos Estados Unidos. Em Minas, serão duas lojas em Belo Horizonte e Uberlândia, no Triângulo – um investimento total de R$ 22 milhões.
"Estamos nas principais capitais do Brasil e uma das poucas que faltava era Belo Horizonte, por questão de oportunidades comerciais"
. Elias Bacha, sócio da Coco Bambu
Na capital, o restaurante vai ocupar três andares do Anchieta Garden Shopping, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A área total é de 2,2 mil metros quadrados para atender 700 pessoas – 100 em uma área na calçada do shopping, para happy hour, e o restante em dois pisos do edifício. “Minas Gerais é um dos maiores estados do Brasil, e tem poder aquisitivo alto. Estamos nas principais capitais do Brasil e uma das poucas que faltava era Belo Horizonte, por questão de oportunidades comerciais”, afirma Elias Bacha, sócio da Coco Bambu.
Por que a escolha de um shopping para abrir a primeira unidade em BH? A resposta está na ponta da língua: “Em cidades que não são praianas, o shopping ganha o fluxo de um público que procura diversão e alimentação. Tem também a facilidade de estacionamento, que muitas vezes você não encontra em uma loja de rua”. As obras do restaurante já começaram e a previsão de inauguração é início de junho.
Tendência
Para trazer a Belo Horizonte a sua receita de culinária italiana, a rede Pecorino está investindo R$ 1,5 milhão em uma unidade para atender 100 pessoas no Diamond Mall. Nascida nos Jardins, em São Paulo, a Pecorino tem como marca uma releitura das tradicionais cantinas italianas. “Achamos mais seguro entrar numa cidade nova através de um shopping, pois já tem o público dele, que vai fazer compras e aproveita para almoçar ou jantar”, explica Zito Silveira, fundador da Pecorino.
Ele considera o ingresso nos centros de compra uma tendência de redes que querem desbravar uma cidade. A rede atua há oito e tem, hoje, 12 lojas em São Paulo, São Bernardo do Campo, Brasília e Balneário Camboriú. As obras já começaram e a expectativa é de que a inauguração ocorra no início de junho. “Sempre quisemos ir para BH, uma das principais cidades do Brasil e que não tem negócios com o nosso perfil, que é um restaurante italiano esportivo, despretensioso, com bastante opções de pratos e uma boa relação entre custo/benefício”, conclui Zito Silveira.
Madero tem novos planos em Minas
A rede curitibana Madero investiu R$ 12 milhões para chegar a Belo Horizonte e conta com lojas em três centros de compras – BH Shopping, Minas Shopping e Shopping Cidade – e uma unidade em frente à Cidade Administrativa, sede do governo mineiro. Um ano depois da estreia no mercado da capital, o vice-presidente de Operações da empresa, Rafael Mello, não tem do que se queixar: “Fomos bem-aceitos e já temos planos de expandir na região”, diz ele, sem revelar detalhes. Em Minas Gerais, a rede atua também em Juiz de Fora e Uberaba.
Entre as 110 lojas espalhadas pelo Brasil, a maioria delas está instalada em centros comerciais. “A gente está vivendo em um país em que a segurança não existe, os clientes estão cada vez mais receosos e procurando os shoppings, que têm mais comodidade, com opções de lazer, compras, alimentação e estacionamento”, justifica Rafael Mello. Na capital, a média diária de público varia de 300 a 1 mil pessoas por dia de acordo com a loja. O tíquete médio é de R$ 52.
O Outback Steakhouse Brasil completou em 2017 10 anos de atuação em Belo Horizonte, com a inauguração de um restaurante no shopping Pátio Savassi. Desde então, mais duas casas foram abertas: em fevereiro de 2014 no Boulevard Shopping e, dois meses depois, no BH Shopping. “A opção por nos instalarmos em shoppings centers se deve a uma combinação de variáveis, entre eles o grande fluxo de pessoas, o horário estendido de funcionamento e a comodidade e praticidade que os shoppings oferecem para os clientes”, diz Gustavo Vaz, sócio-regional do Outback. (IS)