Alguns especialistas sérios afirmam que a criptomoeda é uma grande bomba e que ela vai terminar o ano abaixo de melancólicos US$ 5 mil. Outros garantem que o valor de uma unidade de Bitcoin pode chegar a US$ 50 mil no final de 2018, ou até mais, e levar os mais resistentes, aqueles que suportaram a pressão diante do sobe e desce das cotações, a ganhar bastante dinheiro.
Afinal, quem tem razão? A resposta é uma demonstração perfeita de como funciona o mercado financeiro: ninguém tem 100% certeza de nada, a não ser que ela continuará provocando intensos debates ao longo do ano.
Alguns indicadores sinalizam que a Bitcoin perdeu o irresistível poder de sedução. Ao contrário do final do ano passado, quando havia uma corrida nas corretoras especializadas, o mercado parece agora bem mais sereno. Em outras palavras: as moedas virtuais, e não apenas a Bitcoin, estão perdendo popularidade.
O número de transações diárias de bitcoins caiu de 400 mil em dezembro para 200 mil em março, segundo dados da Blockhain.info. Trata-se do nível mais baixo em dois anos, quando a moeda era negociada abaixo de US$ 1 mil.
O interessante desses dados é que, nas últimas semanas, a cotação da Bitcoin vem recuperando terreno. Mesmo assim, o total de transações continua descendente. O que explica o movimento? Para analistas, uma das razões é a avalanche de notícias negativas sobre as criptomoedas, envolvendo inclusive referências do universo financeiro, como o megainvestidor Warren Buffett, que afirmou ter quase certeza de que o “bitcoin terá um final ruim.”
Outra explicação para a queda de transações está em um inevitável processo de acomodação. O fim do furor em torno das moedas virtuais não é, portanto, algo necessariamente ruim. “Pode ser um sinal do amadurecimento deste mercado”, diz o consultor financeiro Alex Foltran. “A loucura pelas moedas virtuais esfriou, e agora talvez as transações entrem em um período de calmaria.”
Grandes investidores em criptomoedas apostam que elas estão bem distantes do precipício e que o negócio continuará valendo a pena nos próximos anos. Em entrevista concedida à Bloomberg na semana passada, o americano David Drake, CEO da LDJ Capital, empresa que tem mais de US$ 10 milhões aplicados em moedas virtuais, afirmou que o bitcoin chegará a US$ 35 mil até o final de 2018. “Temos um histórico de transações muito lentas e caras e levará algum tempo para as pessoas se esquecerem”, disse Drake. “Mas as criptomoedas voltarão.”
Drake, porém, está menos otimista do que seis meses atrás. Na ocasião, ele chegou a afirmar que o bitcoin valeria mais de US$ 50 mil em dezembro de 2018. Com a queda abrupta da cotação em janeiro, ele atualizou seus prognósticos.
Seja qual for o caminho que as moedas virtuais tomarão nos próximos meses, a verdade é que os últimos dias trouxeram notícias positivas. O movimento mais importante veio da Alemanha, uma das nações mais austeras do mundo em termos de regulação financeira. O país reconheceu o bitcoin como meio de pagamento, criando assim um precedente para a União Europeia. Se os alemães estão abertos às moedas virtuais, por que seus vizinhos não estariam?
Na semana passada o Bank Frick, banco privado de Liechtenstein, anunciou a permissão para que seus clientes façam investimentos em criptomoedas. Por enquanto, serão aceitas bitcoin, bitcoin cash, litecoin, ripple e ethereum. Iniciativas como essas mostram que as moedas virtuais ainda estão no jogo, apesar de tudo.