Empresas do setor siderúrgico, excluindo as que têm plantas nos Estados Unidos, perderam 5,7% do valor de mercado, o equivalente a R$ 3,5 bilhões, desde que o presidente norte-americano Donald Trump anunciou sobretaxa de 25% às importações de aço e 10% às importações de alumínio de origem brasileira. A informação é da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que apresentou nesta sexta-feira nota técnica repudiando a decisão e teme que se estenda para outros setores.
“O decreto assinado pelo presidente americano, Donald Trump, em 08/03/2018, impondo as sobretaxas mencionadas no parágrafo anterior, é prejudicial à atividade de metalurgia e à economia mineira com um todo, dada a sua relevância no cenário estadual e nacional”, aponta o documento.
De acordo com a Fiemg, em 2016, o setor contabilizou mais de 56,5 mil empregos em Minas Gerais, 28% do total brasileiro, distribuídos entre 546 empresas instaladas no estado. Em 2017, as exportações de produtos metalúrgicos do estado somaram US$5,3 bilhões. Desse total, 12,2% tiveram como destino o mercado americano.
A entidade reforça ainda que a sobretaxa ocorre num momento em que o setor se recupera da crise entre 2014 e 2017. Em 2017, o segmento gerou 1.127 empregos em Minas Gerais e 2.472 no Brasil. A nota pede ainda a intervenção de autoridades brasileiras em relação à medida, antes que ela entre em vigor, em 15 dias.
“Sabemos que os efeitos da medida podem ter repercussões para outros setores além do metalúrgico brasileiro, agravadas pelo potencial de retaliações comerciais que venham a ser adotadas por outros países. A Gerência de Estudos Econômicos está acompanhando a evolução desse quadro para a emissão posterior de novas avaliações”, informa a entidade.
A avaliação é de que a manutenção de uma tarifa de importação aumentará os custos no mercado interno norte-americano, já quer 80% das exportações da siderurgia brasileira para os EUA são de produtos semiacabados, que servem de insumos para as próprias siderúrgicas americanas.
Outra consequência é de que anúncio do presidente norte-americano abre espaço para negociações com países que não apresentem superávit comercial com os EUA, como é o caso do Brasil, que, entre 2009 e 2017, registrou déficit comercial de mais de US$46 bilhões com os EUA.