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Estado de Minas

Carne brasileira ganha credibilidade no mercado internacional

Para tanto, um novo sistema de rastreabilidade bovina, totalmente automatizado, foi desenvolvido e está sendo testado pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA)


postado em 12/03/2018 06:00 / atualizado em 12/03/2018 09:13

Administrador da fazenda Sanga Puitã, no DF, Luís Barcelos de Melo instala microchip nos animais (foto: Ed Alves/CB/D.A. Press)
Administrador da fazenda Sanga Puitã, no DF, Luís Barcelos de Melo instala microchip nos animais (foto: Ed Alves/CB/D.A. Press)

Para conquistar mercados internacionais, os países exportadores de carne têm que cumprir as normas sanitárias estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e pela Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE). Muitas vezes, no entanto, um país ou um bloco de países tem normas próprias para a importação do produto, como faz, por exemplo, a União Europeia, uma comunidade de 28 nações e um mercado potencial de 500 milhões de consumidores. Por isso, a modernização do sistema de rastreabilidade na pecuária é necessária para que o setor possa avançar e tornar-se apto a atender a diferentes requisitos dos diversos mercados em todo o mundo.

 

Um novo sistema de rastreabilidade bovina, totalmente automatizado, foi desenvolvido e está sendo testado pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). O local escolhido para o projeto é a fazenda Sanga Puitã, a 70 quilômetros de Brasília, na região do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF). Para dar início aos testes, todo o rebanho bovino da propriedade, composto por 240 cabeças de gado da raça nelore, recebeu brincos de identificação, que têm o objetivo de registrar todo o manejo realizado, incluindo vacinações, tratamentos, movimentações entre propriedades e outras informações, como idade, sexo e raça dos animais.

A ferramenta permite o completo monitoramento do gado, desde o nascimento até o desligamento do brinco eletrônico, quando ele vai para abate, no frigorífico. Os dados armazenados permitem oferecer transparência aos países importadores da carne brasileira, podendo ser facilmente acessados por computador ou por um aparelho celular. “O sistema que está em teste vem para dar garantias específicas aos parceiros comerciais do Brasil, podendo chegar à rastreabilidade individual para garantir a idade, a raça e o sexo do animal, tudo com a Certificação Oficial Brasileira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, explica o coordenador do Protocolos de Rastreabilidade da CNA, Paulo Vicente Costa.

"O sistema que está em teste vem para dar garantias aos parceiros comerciais do Brasil"

Paulo Vicente Costa, coordenador do Protocolos de Rastreabilidade da CNA

A modernização do sistema de rastreabilidade na pecuária é importante para colocar o Brasil em novo patamar nas relações comerciais com os importadores. A implantação do sistema no rebanho bovino funciona como um certificado de que os pecuaristas brasileiros estão atentos aos modos de produção e atendem não apenas às exigências sanitárias internacionais, mas, também, de qualidade da carne nos mercados interno e externo.

É fundamental que o Brasil esteja preparado para atender também a demandas específicas, como é o caso de mercados com exigências devidas a preceitos religiosos. Os abates Halal e Kosher, direcionados às comunidades muçulmanas e judaicas, respectivamente, exigem procedimentos próprios para o consumo dos animais. Existem mercados que também estabelecem restrições à compra de carne de países que usam determinados elementos para o desenvolvimento de rebanhos. Muitas vezes, no entanto, algumas regras podem acabar funcionando como barreira à entrada de um produto em um determinado país.

Esse tipo de prática, quando envolve os produtos nacionais, tem sido combatida pelo governo brasileiro por meio de negociações internacionais. “O modo de produção praticada na pecuária do Brasil é considerado de ponta e atende plenamente aos requisitos sanitários internacionais, conforme os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial de Sanidade Animal, além de preservar o meio ambiente pelo atendimento do novo Código Florestal”, afirma Paulo Vicente Costa.

TESTES Os testes começaram em 26 de janeiro, com a identificação de todos os animais da propriedade e a inserção dos números de identificação de cada animal no sistema. A primeira avaliação será feita ainda este mês. Nessa primeira etapa, os técnicos vão verificar os relatórios emitidos pelo sistema, levantar as ocorrências de nascimentos, mortes, compra e venda de animais, além de averiguar se o responsável pela propriedade está operando a ferramenta com facilidade. Os testes devem terminar em maio. Ainda este ano, será feita a validação do sistema, que, em seguida, será liberado para implantação no rebanho nacional e disponibilizado para parceiros internacionais.

A vantagem econômica que o novo sistema traz ao produtor é enorme. Ele permite melhor preço na venda dos animais, pois atende a compradores com exigências específicas, disposto a pagar mais para ter o produto de acordo com suas necessidades e exigências. “O novo sistema vai permitir o atendimento dos vários tipos de demanda, já que pode separar produtores brasileiros que realizam manejos diferentes, identificando, assim, os rebanhos aptos a satisfazer cada comprador”, esclarece Paulo Costa.

Para Luís Barcelos de Melo Júnior, administrador da fazenda Sanga Puitã, a implantação do novo sistema vai valorizar o rebanho e aumentar a rentabilidade do negócio. “O método vai ajudar a melhorar o manejo e o controle de doenças e vacinas”, enfatiza. A pecuária brasileira como um todo ganhará credibilidade e um diferencial de qualidade. O resultado final será a maior produtividade e o aumento do preço pago pela arroba. Os frigoríficos vão querer pagar mais, pois venderão os produtos a clientes específicos”, avalia Luís Barcelos.



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