São Paulo, 12 - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta segunda-feira, 12, que a retomada da atividade econômica torna o cumprimento das metas fiscais mais factível. O dirigente, porém, alertou que é preciso que o Brasil prossiga com a agenda de ajuste fiscal e as reformas, para garantir que os juros continuem baixos por tempo prolongado.
Ilan ressaltou que a reforma da Previdência foi adiada, mas o governo de Michel Temer conseguiu aprovar outras reformas relevantes, como a trabalhista e o teto de gastos. "O teto empurra o Brasil para discutir a reforma da Previdência e já está fazendo seu papel."
No caso das mudanças nas regras trabalhistas, o presidente do BC destacou que os litígios na área tiveram redução significativa no final de 2017. "Tomara que seja já o primeiro impacto da reforma."
A economia brasileira "já está rodando" em um crescimento de 2% a 2,5%, e os analistas acham que vai melhorar um pouco mais, destacou o presidente do BC em sua apresentação. "Acreditamos que a política monetária teve um papel nessa recuperação", afirmou ele, observando que os juros reais da economia estão na casa dos 3%.
O juro real do Brasil é alto em relação à economia mundial, disse Ilan, mas é o mais baixo que o País já teve em muito tempo. "Eu entrei na vida acadêmica, de economista, com juro real de 20%", disse o presidente do BC.
Ao falar do cenário macroeconômico, Ilan mencionou que o Brasil tem hoje um problema diferente do enfrentado pelo resto do mundo, que discute se a inflação vai se acelerar de forma mais intensa e se os juros vão subir. Na economia brasileira, ao contrário, um dos riscos é a inflação seguir baixa por muito tempo.
O dirigente ressaltou que no caso brasileiro, que sempre conviveu com inflação alta e juro elevado, é sempre mais fácil lidar com o ambiente de inflação reduzida. "É um risco do bem", disse Ilan ao falar da possibilidade de os índices de preços seguirem baixos.
(Altamiro Silva Junior)