Em menos de 20 dias desembarca no Brasil a equipe da multinacional canadense de alimentos McCain Foods, nova acionista da Forno de Minas, maior fabricante brasileira de pão de queijo, exportado de Contagem, na Grande Belo Horizonte, para 15 países. As equipes das duas empresas começam em abril um processo de integração que, segundo o presidente da indústria mineira, Helder Mendonça, abre caminho para a expansão da Forno e a globalização da iguaria típica da culinária do estado. “O nosso pão de queijo terá prioridade absoluta na sociedade com a McCain”, afirma.
McCAIN CHEGA
Teremos muitas oportunidades para aproveitar sinergias, know how e experiência. A Forno leva vantagem porque como o sócio é uma das empresas globais de alimentos, (a McCain Foods lidera a produção mundial de batata pré-frita congelada e o segmento de snacks/aperitivos), vai poder surfar na experiência dela, com suas 53 fábricas de várias linhas, de tortas a pizzas, em seis continentes. Entendemos que com o portfólio amplo de produtos em vários países (da Europa à Oceania) e a estrutura de distribuição da companhia, abre-se para a Forno um universo de possibilidades, inclusive de trazer novidades para o Brasil. A Forno tem um pouco desse DNA da inovação.
O FUTURO
Com a força de vendas que a McCain tem lá fora e o seu relacionamento com praticamente todos as grandes redes varejistas no mundo, seguramente teremos a oportunidade de apresentar nossos produtos e ampliar o portfólio da Forno. A ideia já discutida com o sócio está mais voltada para o acesso que os nossos produtos poderão ter à estrutura de distribuição da McCain. No segmento da batata frita, a companhia está estudando a sua presença no mercado brasileiro e a tendência para que tenha mais eficiência está no desenvolvimento de variedades mais adaptadas para o Brasil. (Hoje a empresa importa a batata que comercializa da Argentina, Europa e dos Estados Unidos. O desejo é que, com a melhoria da cultura, as importações sejam substituídas.
O QUE MUDA
Passamos a ter um sócio estratégico que compartilha dos mesmos pensamentos e das dores de produzir também. Isso vai ser um facilitador, além de a sociedade nos permitir capitalizar a empresa. Iniciamos o processo de integração já em abril. No dia 5, chega o grupo de profissionais da McCain para começarmos a definir as nossas estratégias. Entendemos que daremos conta de fazer algumas linhas de snacks para complementar os produtos da McCain. A Forno está mais direcionada para a área de panificação e a nossa sócia mais voltada para os snacks, atendendo a bares e restaurantes. Temos muito a ganhar em eficiência de logística, na área comercial e de promoção e vendas com a nossa união.
INVESTIMENTOS
A Forno já tem alguns projetos definidos e validados com a McCain durante a negociação. Os recursos que entram nos permitirão acelerar esses projetos, aproveitando a capitalização para a expansão da marca. Devemos investir entre R$ 60 e R$ 80 milhões deste ano até meados de 2019 para complementar o portfólio da Forno no segmento do food service (os serviços de alimentação pronta, das cafeterias, cantinas, lanchonetes e padarias a bares e restaurantes), que é o que mais cresce.
A perspectiva é criar cerca de 3000 a 400 empregos (a Forno emprega 1 mil pessoas nas unidades de Contagem, Conceição do Pará (laticínio) e Araxá (onde está instalada a Sérya, fabricante de especialidades de batata). Num universo, hoje, de 300 mil clientes potenciais no país, a Forno atende 15 mil. As estimativas são de que só as padarias somam mais de 60 mil empreendimentos no país. Estamos desenvolvendo alguns produtos de varejo, linhas de croissants, pães de batata e folhados, como o burek, folhado de origem grega. Na linha de massas, vamos estender os sabores de lasanha e pratos prontos. Planejamos dobrar o tamanho da área de fábrica, hoje com 24 mil metros quadrados, dos quais 12 mil de área construída. Já temos o terreno (ao lado da fábrica de Contagem) e queremos começar a terraplenagem logo depois das chuvas. Será uma expansão para incorporar novos produtos e triplicar a área de armazenamento/câmaras frigoríficas.
PÃO DE QUEIJO
Pensamos sempre na globalização desse produto, que é uma iguaria mineira tradicional, e responde por 70% da nossa receita. Achamos que existe um potencial grande desse produto, que tem se tornado item obrigatório de qualquer operação do food service. Já exportamos para 15 países e acabamos de chegar à China. O primeiro contêiner desembarcou a não mais de dois meses, mas trata-se de um mercado onde é muito restrito o hábito de consumidor alimentos assados. Menos de 5% da população chinesa tem forno em casa. Acreditamos que no curto prazo, para nós, o grande mercado e é o americano, mais maduro e, óbvio, mais concorrido também. Mas o pão de queijo tem um forte apelo que é o sabor, além do seu valor nutricional, e características de alimento exótico, sem glúten e fermento. O nosso pão de queijo terá prioridade absoluta na sociedade com a McCain. Uma coisa é vender nos Estados Unidos e outra é poder vender lá muitas vezes mais debaixo do guarda-chuva de uma distribuição estruturada como a da McCain. Com certeza, seremos melhor recebidos.
RUMOS DO BRASIL
Não se pode analisar o Brasil pontualmente. É um país com potencial gigantesco, uma hora mergulhado em bom cenário, outra num ambiente ruim. Isso é o Brasil. Daqui a pouco voltaremos a gerar empregos e independente de quem vencer as eleições deste ano, haverá vários desafios. Acredito que o novo presidente terá o apoio da população para fazer as reformas que são necessárias.