Brasília – O Brasil registrou a criação de 61.188 novas vagas com carteira assinada no mês passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. O resultado é o melhor para o mês desde 2014, quando foram criados 260.823 empregos. Em fevereiro de 2017, a economia brasileira havia aberto 35.612 novos postos de trabalho.
Os números de fevereiro deste ano decorrem de 1,274 milhão de admissões e de 1,213 milhão de demissões. O dado inclui os contratos firmados já sob as novas modalidades previstas na reforma trabalhista, como a jornada intermitente e a jornada parcial. Com esse resultado e os ajustes feitos em meses anteriores – que incorporam declarações de contratação ou demissão feitas fora do prazo –, o saldo do Caged em 12 meses ficou positivo em 102.494 vagas geradas entre março de 2017 e o mês passado.
No Brasil, assim como em Minas, o setor de serviços e a indústria lideraram a geração de empregos formais no mês de fevereiro. Dados divulgados pelo Caged mostram que os serviços terminaram o mês passado com 65 920 novos postos de trabalho com carteira assinada. Em seguida, a indústria de transformação aparece com a geração de 17.363 novos empregos formais.
Entre os demais setores que terminaram o mês com contratações, em terceiro aparece a administração pública, com 9.553 novos empregos no mês. Serviços industriais de utilização pública (629 vagas) e a indústria extrativa mineral (315 empregos) também terminaram o mês com saldo positivo.
Por outro lado, o comércio encerrou mais um mês com demissões. Ao todo, foram fechados 25.247 empregos com carteira assinada no mês passado. O setor agropecuário, com 3.738 demissões, e a construção civil, com o fechamento de 3.607 empregos formais, também terminaram o mês com menos empregos que em janeiro.
Liderança Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul lideraram o ranking dos estados que proporcionalmente mais abriram postos de trabalho com carteira assinada no mês passado. De outro lado, Alagoas, Rio Grande do Norte e a Paraíba ficaram na lanterninha e terminaram o mês com menos empregos formais e os piores indicadores do mês.
Entre catarinenses, de acordo com o Caged, o número de trabalhadores formais cresceu 0,83% – o equivalente a 16.344 novos empregos. Em seguida, aparecem Mato Grosso, com expansão de 0,71% (4.721 empregos) e Mato Grosso do Sul, com aumento de 0,65% (3.280 postos).
No outro extremo do ranking, a unidade da Federação que mais sofreu com demissões foi Alagoas, onde fecharam 3,08% das vagas formais ou 10.698 empregos. Em seguida, ficaram Rio Grande do Norte com queda de 0,85% (3.570 demissões) e Paraíba (2.759 dispensas).
Entre os demais estados, São Paulo terminou fevereiro com aumento de 0,25% no número de empregos formais, contratando 30.040 pessoas no mês analisado. Já o Rio de Janeiro continua com a diminuição do número de empregos e queda de 0,08%, o equivalente a 2.750 empregos.
O mercado de trabalho registrou a criação de 143.186 empregos formais no acumulado de janeiro e fevereiro de 2018. O resultado é o melhor para o primeiro bimestre desde 2014, quando a economia brasileira ainda crescia com mais vigor e foram abertas 364.632 vagas de empregos com carteira assinada no Brasil, conforme a série histórica com ajustes.
Dados do Caged mostram que os serviços lideram a contratação em 2018, com 113 907 postos no acumulado do primeiro bimestre do ano. Em seguida, aparece a indústria de transformação com 67.488 empregos novos nos dois meses. A construção civil (12.827 empregos), agropecuária (11.916 vagas), administração pública (9.150 vagas) e serviços industriais de utilização pública (1.710 vagas) também terminaram o período com abertura de novos empregos.
Por outro lado, o comércio ainda é um dos poucos setores que demitem na economia brasileira. No bimestre, foram fechados 12 827 postos de trabalho no varejo. A indústria extrativa, com demissão de 35 pessoas, também terminou o período com resultado negativo no mercado de trabalho.
Admitido ganha menos
O salário médio de admissão no mercado de trabalho formal registrou queda real de 2,2% em fevereiro em relação a janeiro de 2018, para R$ 1.502,68, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho. Na comparação com fevereiro de 2017, diferentemente, houve aumento real de 2,6%.
Como tem ocorrido nos últimos meses, o salário dos novos empregados ficou abaixo do que era recebido pelos trabalhadores demitidos em fevereiro. Na média, o salário dos demitidos foi de R$ 1.662,95. Os que entraram no mercado de trabalho, portanto, recebem o equivalente a 87,31% dos que foram demitidos.
Entre os setores da economia, a indústria extrativa é o segmento que apresenta mais diferença salarial entre demitidos e contratados: o salário médio dos que entraram equivale a 68,4% da renda média dos demitidos em fevereiro. Na indústria, a proporção é inferior à média da economia e ficou em 79,5%. A agropecuária é o ramo da economia em que contratados e demitidos recebem basicamente a mesma proporção: os novos salários equivalem a 99,6% da renda dos que deixaram os empregos.
Prova de mais confiança
O presidente da República, Michel Temer, comemorou ontem o aumento informado pela multinacional do setor automotivo Fiat Chrysler da jornada de trabalho em sua nova fábrica de Goiana, em Pernambuco. De acordo com Temer, ninguém abre novos turnos de trabalho numa fábrica se não estiver depositando confiança no crescimento econômico.
“Tenho absolutamente convicção de que legitimamente ninguém contrata sem horizonte econômico favorável. Se a Fiat resolveu ampliar a jornada de trabalho, é porque tem visão de longo prazo, verifica o que acontece no Brasil, diz posso investir”, afirmou. Temer acrescentou que “acertamos ao trazer a responsabilidade de volta ao centro da nossa política econômica”.
O presidente voltou a afirmar que encontrou o país com 14 milhões de desempregados. “Esse número caiu sensivelmente, porque depois de cessar a recessão abrimos cerca de 1,5 milhão de postos de trabalho”, afirmou Temer, sempre invocando nas citações de sucesso a colaboração do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, provável candidato às eleições presidenciais de outubro.
Temer, que admitiu que será candidato à reeleição, fez referências ao nome do seu ministro da Fazenda pelo menos três vezes durante o rápido discurso que proferiu em Goiana, em Pernambuco. Meirelles, que discursou antes do presidente, também fez questão de enaltecer os feitos de Temer no comando do país, em especial na área econômica.
Ao voltar a comentar sobre o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, que no início de seu governo estava em 47 mil pontos e agora encontra-se em 87 mil pontos., Temer afirmou se tratar de uma ação reveladora da confiança no Brasil. “Ouvi depoimentos dos trabalhadores daqui de que o Brasil não pode viver de pessimismo, mas de otimismo.”
Mais incentivos
O presidente Michel Temer anunciou ontem a decisão de prorrogar por mais cinco anos o programa de incentivo à indústria automotiva no Nordeste. “Quero anunciar solenemente que vamos providenciar a prorrogação por mais cinco anos do regime especial do setor automotivo no Nordeste”, disse. O anúncio do presidente foi feito durante visita que ele e comitiva fizeram à unidade fabril da Fiat Chrysler Automobiles, em Goiana, no norte de Pernambuco.