Apesar da melhora de alguns indicadores do mercado de trabalho, ainda é difícil determinar que esteja em recuperação, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de desemprego passou de 12,0% no trimestre encerrado em novembro de 2017 para 12,6% no trimestre até fevereiro de 2018. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo IBGE. O resultado, porém, ainda é melhor em relação a um ano antes, no trimestre encerrado em fevereiro de 2017, quando a taxa de desocupação estava em 13,2%.
"O mercado de trabalho não deve ser analisado somente pela taxa de desemprego. É um erro, tem que ser analisado o conjunto. Tem que ver a qualidade do emprego. Que população ocupada é essa?", questiona Azeredo. "Tivemos um aumento na fila de desocupação de meio milhão de pessoas (no trimestre encerrado em fevereiro de 2018 ante o trimestre encerrado em novembro de 2017). Dizer que tem um quadro favorável é complicado, porque o nível de desocupação ainda é muito elevado, e a base de comparação é muito ruim, qualquer crescimento vira um salto", ponderou.
Azeredo lembrou que, no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, o total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado alcançou o menor patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012: 33,126 milhões de pessoas.
O montante significa que o País tem 3,5 milhões de vagas formais a menos do que o pico de 36,672 milhões de vagas com carteira assinada registrado no trimestre encerrado em agosto de 2014.
"Não posso usar o termo recuperação (para o mercado de trabalho). Tem aumento de ocupação, mas muito voltada para a informalidade. Tem desaceleração no aumento da desocupação e na redução da carteira assinada. Mas não dá para falar em recuperação quando tem um nível de carteira (assinada) chegando ao patamar mais baixo. A crise foi tão agressiva que até emprego de baixa qualidade afetou", frisou Azeredo.
Azeredo calcula que, atualmente, quase 40% da força de trabalho no Brasil estão na informalidade, incluindo trabalhadores por conta própria, sem carteira assinada no setor privado, trabalhador familiar auxiliar e pequenos empregadores. "Esse número era entre 33% e 34% antes da crise, em 2014", lembrou.
Dois setores importantes para a economia dispensaram trabalhadores no trimestre encerrado em fevereiro ante o trimestre terminado em novembro do ano passado. A indústria eliminou 244 mil vagas, enquanto a construção demitiu 277 mil empregados.
No caso da construção, Azeredo explica que as dispensas ocorreram em canteiros de grandes obras de edificações. Na indústria, os cortes foram disseminados entre as atividades industriais, embora os setores de alimentos e de vestuário ainda estejam puxando as contratações na comparação com um ano antes, o trimestre encerrado em fevereiro de 2017.
(Daniela Amorim)
A taxa de desemprego passou de 12,0% no trimestre encerrado em novembro de 2017 para 12,6% no trimestre até fevereiro de 2018. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo IBGE. O resultado, porém, ainda é melhor em relação a um ano antes, no trimestre encerrado em fevereiro de 2017, quando a taxa de desocupação estava em 13,2%.
"O mercado de trabalho não deve ser analisado somente pela taxa de desemprego. É um erro, tem que ser analisado o conjunto. Tem que ver a qualidade do emprego. Que população ocupada é essa?", questiona Azeredo. "Tivemos um aumento na fila de desocupação de meio milhão de pessoas (no trimestre encerrado em fevereiro de 2018 ante o trimestre encerrado em novembro de 2017). Dizer que tem um quadro favorável é complicado, porque o nível de desocupação ainda é muito elevado, e a base de comparação é muito ruim, qualquer crescimento vira um salto", ponderou.
Azeredo lembrou que, no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, o total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado alcançou o menor patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012: 33,126 milhões de pessoas.
O montante significa que o País tem 3,5 milhões de vagas formais a menos do que o pico de 36,672 milhões de vagas com carteira assinada registrado no trimestre encerrado em agosto de 2014.
"Não posso usar o termo recuperação (para o mercado de trabalho). Tem aumento de ocupação, mas muito voltada para a informalidade. Tem desaceleração no aumento da desocupação e na redução da carteira assinada. Mas não dá para falar em recuperação quando tem um nível de carteira (assinada) chegando ao patamar mais baixo. A crise foi tão agressiva que até emprego de baixa qualidade afetou", frisou Azeredo.
Azeredo calcula que, atualmente, quase 40% da força de trabalho no Brasil estão na informalidade, incluindo trabalhadores por conta própria, sem carteira assinada no setor privado, trabalhador familiar auxiliar e pequenos empregadores. "Esse número era entre 33% e 34% antes da crise, em 2014", lembrou.
Dois setores importantes para a economia dispensaram trabalhadores no trimestre encerrado em fevereiro ante o trimestre terminado em novembro do ano passado. A indústria eliminou 244 mil vagas, enquanto a construção demitiu 277 mil empregados.
No caso da construção, Azeredo explica que as dispensas ocorreram em canteiros de grandes obras de edificações. Na indústria, os cortes foram disseminados entre as atividades industriais, embora os setores de alimentos e de vestuário ainda estejam puxando as contratações na comparação com um ano antes, o trimestre encerrado em fevereiro de 2017.
(Daniela Amorim)