Brasília – Com o objetivo de unir conforto e economia, os brasileiros optam por deixar o veículo próprio de lado para utilizar o transporte oferecido pelos aplicativos de mobilidade, um segmento em que cresce a concorrência. Mas para quem se pergunta qual das alternativas é a mais vantajosa, especialistas alertam que a economia depende de alguns fatores, como a distância percorrida. É preciso colocar todas as despesas na ponta do lápis antes de optar pelo serviço.
“Primeiro é preciso avaliar o gasto que a pessoa teria com as duas opções”, explica o educador financeiro da empresa DSOP Luis Botelho. “Com o carro é preciso considerar despesas como o valor da gasolina, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), eventuais multas, manutenções e estacionamento. Além do valor do carro, prestações e a desvalorização, também precisam ser contabilizados no momento da análise”, destaca Botelho. “Já com a utilização dos aplicativos temos gastos por quilometragem e minutos, ou seja, tudo depende da distância percorrida”.
Pensando em economizar, a cantora Ana Oliver, de 30 anos, decidiu vender o carro e apostar nos aplicativos de mobilidade. “Com o aplicativo, minhas despesas com locomoção ficam em menos de R$ 600 por mês. Com o carro, eu gastava R$ 800 só com a gasolina mensal”, calcula.
“Como não sou muito ligada a automóvel e não gosto de dirigir, juntei o útil ao agradável. E o dinheiro que peguei com a venda do meu carro antigo, eu investi” diz Ana. Segundo a cantora, ela até questionou a atual dona do veículo sobre a convicção da compra. “Eu quase estraguei minha compra perguntando se ela queria mesmo comprar meu carro, já que na ponta do lápis, usar os aplicativos é uma melhor opção”, afirma.
Não foi só o custo que fez Ana preferir os aplicativos, a comodidade também faz a diferença, na avaliação da cantora. “Quando saio à noite, não preciso deixar de beber e nem me preocupar com o local onde estacionei meu carro”, afirma. “Antes eu costumava ter receio de sair tarde de onde estava e ir para o meu carro sozinha, ou então acabava pagando manobrista para não ter que deixá-lo em qualquer lugar. Agora, o motorista me busca na porta do local, o que é mais seguro”, conta.
Segundo a gerente de comunicação da Uber Brasil, Crislaine Costa, na hora de avaliar a substituição é importante se atentar à questões que vão além do dinheiro. “É preciso analisar itens como segurança, conforto e tempo”, afirma. “O período que você gastaria dirigindo, pode ser utilizado para estudar, fazer uma ligação, ou até mesmo estar em uma reunião virtual”, indica.
Foi a conclusão a que chegou a publicitária Maya Lima, 41 anos. Como os gastos com o automóvel estavam acima do orçamento, ela decidiu vender o carro. “Era gasolina, revisão, IPVA... Tudo estava muito alto, e nós estávamos passando por uma crise. Então eu decidi vender meu automóvel. Hoje me desloco utilizando aplicativos como 99pop e Uber”, conta. “Eu moro só com a minha mãe e não tenho filhos, então é muito mais fácil. Como minha mãe tem carro, se precisarmos para alguma emergência posso utilizá-lo”, afirma.
Diagnóstico O educador financeiro Luis Botelho alerta que é preciso ficar atento ao gasto que cada opção trará para o bolso da família. “É fundamental fazer um diagnóstico das despesas com transporte. Os gastos, seja com aplicativos de mobilidade, seja com carro pessoal, não podem passar de 30% do total da renda da casa”, afirma.
Depois de ter colocado na balança e analisado a opção mais rentável, ainda é possível economizar com cada uma das alternativas. “Para quem tem carro e faz o mesmo trajeto diariamente, é possível identificar as pessoas que vão para a mesma direção e compartilhar os custos com o combustível” indica o educador financeiro da Dsop, Emerson Oliveira.
Outra dica para os que avaliam o carro como a opção mais econômica, é evitar os horários de pico. “Tentar sair de casa um pouco antes, ou ficar um pouco mais no serviço pode ser uma alternativa para fugir de engarrafamentos” afirma Oliveira. “Sem trânsito, a pessoa gasta menos gasolina”, complementa.
É possível economizar até mesmo na hora de estacionar. “Tentar encontrar locais de estacionamento com o menor custo possível é uma ótima forma de poupar dinheiro”, diz o educador. “Se o local for um pouco longe, é preciso pensar pelo lado positivo: Além de estar economizado, a caminhada ajudará a saúde também”, afirma.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Marta Vieira
Compartilhamento Para quem acredita que os aplicativos de mobilidade são melhores alternativas, é preciso ficar atento à concentração de usuários. “Quanto mais usuários disponíveis em um mesmo local, maior é o preço pago”, conta Luis Botelho. Além do carro tradicional e dos aplicativos de mobilidade, estão chegando no mercado brasileiro as empresas de compartilhamento. A prestação do serviço é feita por meio de veículos que ficam em pontos nas ruas, e ao acessar o aplicativo o usuário pode localizar o automóvel e utilizá-lo, deixando-o na plataforma mais próxima de seu local de destino. O preço do deslocamento é calculado pelo tempo que o usuário fica com o veículo. De acordo com o presidente da LDS Group, que lançou esse serviço em São Paulo, Leonardo Domingos, o conceito do projeto é baseado em mobilidade. “Para a nova geração o carro não é mais um sonho. O que as pessoas buscam hoje em dia, são formas simples de se deslocar, sem precisar ficar refém de um automóvel”, afirma.
*Para comentar, faça seu login ou assine