Rio, 06 - O Operador Nacional do Sistema (ONS) detectou falha humana durante a investigação do apagão ocorrido em março, principalmente no Norte e Nordeste do Brasil. De acordo com o diretor geral do órgão, Luiz Eduardo Barata, houve erro na instalação do disjuntor, que não deveria "abrir" (deixar de conduzir energia).
"No disjuntor deveria ter apenas um alarme, não precisa ter abertura, depois do alarme se reduz a geração na mão. Indevidamente, tinha uma ordem de abertura no valor indevido", explicou Barata. "Alguém programou esse ajuste e o ajuste foi indevido", reafirmou.
Um relatório sobre a ocorrência será entregue à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 15 dias, que será a responsável por notificar as empresas envolvidas, Eletrobras e State Grid, sócias da Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE) para mais explicações e eventuais multas. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) também poderá ser notificada depois de o ONS ter identificado também falha na operação da usina de Paulo Afonso durante a ocorrência.
De acordo com Barata, 98% das linhas de transmissão do Nordeste saíram de operação e 86% do Norte. No Sudeste os apagões ocorridos por falta de carga foram pontuais, observou.
"A região Nordeste foi a mais castigada, no Norte teve duração 2 horas", disse Barata, informando que no Nordeste a primeira ocorrência de falta de energia foi registrada 16h30 e o último religamento foi às 22h20 .
Barata admitiu que se a Abengoa não tivesse entrado em default e abandonado o projeto é possível que o apagão não tivesse acontecido, já que os dois barramentos do projeto já teriam sido construídos e a segurança seria maior.
Segundo ele, no momento o segundo barramento já foi finalizado e a linha de transmissão está operando normalmente. "O alarme já foi instalado", informou. "Se estivesse como o planejado você teria dois barramentos. Se o sistema estivesse completo, não aconteceria", afirmou.
(Denise Luna)