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Estado de Minas

Hospital Sírio-Libanês inicia expansão pelo Brasil

Com investimentos de R$ 260 milhões, nova unidade do hospital - a primeira fora de SP - será inaugurada até o fim do ano no DF. Ideia é oferecer o mesmo padrão de atendimento da sede


postado em 12/04/2018 12:00 / atualizado em 12/04/2018 10:09

Sede do Sírio Libanês em São Paulo: nova unidade em Brasília deverá receber investimentos de R$ 260 milhões(foto: Anderson Barbosa/Foto Arena/Agência Estado - 31/10/11)
Sede do Sírio Libanês em São Paulo: nova unidade em Brasília deverá receber investimentos de R$ 260 milhões (foto: Anderson Barbosa/Foto Arena/Agência Estado - 31/10/11)

São Paulo – No próximo dia 26 de abril, o Hospital Sírio-Libanês, referência no país em atendimento médico de qualidade, inicia um dos passos mais importantes de sua história. Nessa data será lançada a pedra fundamental do Hospital Sírio-Libanês Brasília, nova unidade do grupo que deverá começar a funcionar a partir de novembro com investimentos de R$ 260 milhões e mais de 500 empregos gerados. 

 A iniciativa é simbólica por diversas razões. Trata-se do primeiro hospital completo do Sírio fora de São Paulo – e o maior investimento da rede em muito tempo. “Brasília contará com os mesmos serviços de excelência disponíveis em São Paulo”, diz o médico Gustavo Fernandes, diretor-geral da nova unidade. A escolha de Fernandes para chefiar a operação brasiliense expõe a preocupação do Sírio em preservar seus padrões de qualidade. Fernandes foi presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e é um dos grandes especialistas brasileiros nessa área. 

 

Segundo Gustavo Fernandes, Brasília contará com os mesmos serviços de excelência disponíveis em São Paulo(foto: Divulgação)
Segundo Gustavo Fernandes, Brasília contará com os mesmos serviços de excelência disponíveis em São Paulo (foto: Divulgação)

Não é de hoje que o Sírio mantém laços com Brasília. Em 2011, o hospital inaugurou um Centro de Oncologia na Asa Sul e, três anos depois, abriu a sua segunda operação desse tipo por lá. Em 2016, foi a vez de investir em uma unidade de diagnóstico. Diante dos bons resultados obtidos nessas frentes, o grupo detectou uma nova – e realizável – oportunidade. Estava claro que havia em Brasília espaço para projetos mais ambiciosos.

 

Brasília tem uma das rendas per capitas mais altas do país e passou relativamente incólume pela crise dos últimos três anos, fatores suficientes para atrair investimentos como os do Sírio. Além das razões econômicas, a geografia pesou a favor da cidade. “Pacientes de Goiânia e até do Nordeste não precisarão mais se deslocar para São Paulo”, diz o médico Gustavo Fernandes. A distância entre Salvador e São Paulo é de 2 mil quilômetros – ou 600 quilômetros a mais do que entre a cidade baiana e a capital federal. 

 Embora a decisão de fincar bandeira em Brasília tenha sido tomada há pelo menos dois anos, o hospital começou a sair do papel em meados de 2017. Para agilizar processos e reduzir custos, o Sírio escolheu um prédio já existente na Asa Sul, próximo aos centros de oncologia e diagnóstico mantidos pelo grupo na cidade.

 
As obras de adaptação do edifício ficaram a cargo da construtora Engeform, que tem a área hospitalar como uma de suas especialidades. “Como o prédio foi desenhado para fins comerciais, tivemos que fazer alguns ajustes, como reforço do piso e rebaixamento das áreas molhadas”, diz Simone Vallilo, diretora de Novos Negócios da Engeform.

 O novo hospital terá 30 mil metros quadrados e contará com 144 leitos de internação (desses, vinte são de UTI), seis salas de cirurgia e um pronto atendimento. “Teremos também um Centro de Diagnósticos para análises clínicas e equipamentos de última geração”, diz o doutor Fernandes.

 No Brasil, como na maioria dos países desenvolvidos, os grandes hospitais têm atuação quase sempre regional. Abrir unidades em rede é um complicador por uma simples razão: trata-se de um tremendo desafio manter padrões de qualidade em cidades diferentes.

 Para não correr o risco de errar, o novo Sírio terá em Brasília equipamentos iguais ou até superiores aos de São Paulo. Segundo o diretor-geral Gustavo Fernandes, os centros cirúrgicos contarão com equipamentos para cirurgias robóticas e ressonância intra-operatória, tecnologia capaz de determinar, em exames de imagem, a real extensão de um tumor durante a operação.

 Além de oncologia e hematologia, a nova unidade irá oferecer atendimento nas áreas de cardiologia, ortopedia e neurologia, entre outras especialidades. “O hospital de Brasília trará ganhos para São Paulo também”, diz o médico Fabio Gregory, superintendente de novos projetos do Sírio. “A troca de experiências será fundamental para a formação de profissionais do hospital”.

 Segundo o executivo, a partir do novo hospital o Sírio-Libanês ampliará a sua atuação nas áreas de ensino e pesquisa, compartilhando informações – um dos bens mais preciosos na medicina – entre as duas unidades hospitalares. 

A chegada do Sírio a Brasília não terá impacto apenas entre os pacientes que podem pagar pelos tratamentos. Com os novos investimentos, o hospital deverá ampliar seus projetos sociais. Desde 2014 o Sírio mantém um acordo com o Hospital da Criança José Alencar para o atendimento gratuito de crianças e adolescentes que precisam de radioterapia. Além disso, o grupo também realiza radioterapia gratuita em pacientes do SUS que são selecionados e encaminhados pela Secretaria de Estado da Saúde do governo do Distrito Federal. Para o triênio 2018-2020, projeta-se o tratamento radioterápico de 1,2 mil pessoas.

 O Sírio não divulgou o balanço de 2017, mas estima-se que suas receitas ficaram em R$ 2,1 bilhões, acima do R$ 1,8 bilhão registrado no ano anterior. De acordo com os mais recentes dados disponíveis, o hospital conta com um quadro de 4 mil médicos e 6 mil colaboradores, que realizam atendimentos em mais de 60 especialidades diferentes. 

 Em 2018, o Sírio intensificará a diversificação de receitas. A ideia é abrir unidades ambulatoriais dentro de empresas, ampliando uma iniciativa que começou com o Banco Votorantim. Segundo o hospital, a meta é chegar a 20 operações desse tipo até o final do ano.

 A investida em Brasília também faz parte do projeto de ampliação de receitas e é apenas o começo de um processo de expansão que pode levar o grupo para outras praças. Os executivos do Sírio não falam sobre o assunto, mas a nova unidade servirá de laboratório para investimentos futuros.

Sonho levou 44 anos para ser realizado


Maria Kehdi Schahin:
Maria Kehdi Schahin: "A história do hospital é a prova de que sonhos não têm limites" (foto: Divulgação)
Em 1921, a ideia de construir um hospital nasceu de uma prosaica reunião na casa da libanesa Adma Jafet, que desejava retribuir para São Paulo o acolhimento que a colônia sírio-libanesa recebeu da cidade. Do encontro nasceria a Sociedade Beneficente de Senhoras, que abraçou a missão de angariar recursos, recrutar voluntários e construir um hospital na capital paulista.

O sonho foi maturado durante 10 anos, período dedicado especialmente para a captação financeira com empresários. Em 1930, começam as obras do hospital e os primeiros equipamentos chegaram apenas em 1937. Quatro anos depois, em plena Segunda Guerra Mundial, o prédio seria requisitado pelo governo de São Paulo para o Exército preparar cadetes. Apenas em 1959 o edifício seria devolvido à Sociedade Beneficente de Senhoras.

Adma Jafet morreu em 1956 e não viu o sonho do hospital se realizar. Sua filha, Violeta Basílio Jafet, assumiu a presidência da Sociedade logo depois e levou o projeto adiante. No dia 15 de agosto de 1965 – 44 anos depois da ideia original – o Sírio-Libanês seria oficialmente inaugurado. “A história do hospital é a prova que sonhos não têm limites”, diz Marta Kehdi Schahin, atual presidente da Sociedade Beneficente de Senhoras, instituição que filantrópica que ainda hoje desenvolve para o Sírio ações de assistência social, ensino e pesquisa.


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