São Paulo – A Sense Bike, de Belo Horizonte, acaba de fazer o caminho oposto de muitas empresas brasileiras ao comprar uma concorrente multinacional, a Swift Carbon, da África do Sul e com linha de produção no Porto, em Portugal. A venda foi fechada por US$ 20 milhões, incluindo investimentos que serão feitos nos próximos cinco anos, segundo Henrique Ribeiro, um dos sócios da fabricante nacional. O negócio entre a Sense Bike e a Swift Carbon foi fechado há um mês, mas o anúncio oficial foi na noite de ontem.
A Swift Carbon vende suas bicicletas de carbono, que custam na faixa dos R$ 10 mil, para cerca de 40 países. A presença é mais forte no continente europeu. Já a Sense Bike é especializada em modelos de alumínio, que custam entre R$ 2 mil e R$ 7 mil e são comercializados apenas no Brasil.
Henrique conta que deve definir nos próximos meses como será a integração entre os dois negócios – por exemplo, se vai manter as duas marcas, se trará parte da produção da Swift Carbon para o Brasil ou se poderá fazer o caminho contrário com a Sense Bike.
Criada em 2009, a Sense Bike é comandada por Henrique e o irmão Gustavo e faz parte da Lagoa Participações, grupo mineiro que desde 1981 investe nos negócios sobre duas rodas, como concessionárias de motos, além de empreendimentos imobiliários, investimentos na área financeira, gestão e desenvolvimento de marcas. No ano passado, a companhia faturou cerca de R$ 1 bilhão.
A empresa tem atualmente 19 modelos de bicicletas (estrada, mountain bike, urbana e elétrica), de carbono e alumínio, e faz desde o desenho até a fabricação dos quadros. A Swift Carbon, por meio da sua área de tecnologia, já era parceira da Sense Bike.
As diferenças no processo de produção das bicicletas feitas com alumínio e com carbono são muito grandes. Um modelo da Sense Bike precisa de um dia para estar acabado. Já o da Swift Carbon, por ser produzido em sistema quase artesanal, leva até 30 dias.
As negociações entre as duas companhias, conta Henrique, demoraram um ano. Para o empresário, a aquisição trará como principal ganho a possibilidade de internacionalizar a Sense Bike e aumentar o portfólio de produtos ao agregar ao negócio os modelos feitos com fibra de carbono. “Queremos tornar nossa marca global”, explica.
Ao criar a Sense Bike, os irmãos Henrique e Gustavo enxergaram uma oportunidade de atender a demanda crescente por alternativas que melhorassem a mobilidade urbana. Com isso, a empresa se tornou uma das referências no mercado nacional com o desenvolvimento de bicicletas elétricas.
Os primeiros três modelos foram lançados em 2012: Easy, Breeze e Wind, com a tecnologia de pedal assistido, bateria de lítio e 24v. Essas bicicletas serviram de modelo para que o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) regulamentasse no final de 2013 a utilização dos modelos elétricos por meio da Resolução 465.
Henrique não divulga o tamanho da produção e o faturamento das duas empresas, mas conta que nos últimos três anos a Sense Bike viu suas vendas aumentarem 80% e seu portfólio expandir 150%. “Esse mercado vem crescendo bastante graças ao aumento da preocupação com soluções para mobilidade urbana, além de aspectos ligados à saúde, bem-estar e preocupação ambiental”, diz o sócio da Sense Bike.