São Paulo – Desde o período Pré-Histórico, quando peles de animais serviam para proteger os corpos, muitas matérias-primas surgiram ao longo dos séculos para serem usadas na confecção de vestimentas. Assim como cresceu a expectativa do ser humano de cada vez consumir mais. No meio desse processo está a indústria de confecção, que vive diariamente o dilema de aumentar as suas vendas e arcar com os impactos ambientais.
A multinacional holandesa acaba de lançar pela primeira vez uma campanha global de sustentabilidade, a #VistaAMudança. A proposta, segundo Rozália Del Gaudio, gerente sênior de Comunicação e Sustentabilidade da C&A no Brasil, é fazer com que os clientes da rede varejista “percebam mais as ações da empresa e se engajem nesse movimento”.
“Sabemos como avançar ao buscar matérias-primas mais sustáveis em uma rede de fornecedores que respeite os trabalhadores, assim como estamos fazendo isso internamente, com o engajamento de nossos funcionários. Mas quem está no dia a dia, nas lojas, é o cliente, por isso é importante que ele faça parte do que estamos oferecendo como conceito de negócio”, explica a executiva.
O movimento da C&A nessa direção começou a ser feito em 2009. Nos últimos cinco anos, os investimentos na área tiveram um aumento de 70% por conta da relevância que se pretende dar ao tema – os valores não são revelados. A partir de 2015, essas iniciativas passaram a ser estruturadas em três pilares de atuação: Produtos Sustentáveis, Rede de Fornecimento Sustentável e Vidas Sustentáveis. Eles compõem o que a empresa chama de Plataforma Global de Sustentabilidade, com metas alinhadas ao negócio que vão até 2020 e que estão relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).
De acordo com seu plano de negócios, a C&A terá até 2020 para abolir o uso de algodão convencional em suas peças – ele deve ser certificado, mostrando que seu cultivo usa menos água e pesticida. Além disso, 67% de toda a matéria-prima deverá ser de origem sustentável. Isso inclui, por exemplo, a adoção de poliéster reciclado e de viscose sustentável.
Hoje, cerca de 40% das peças de algodão comercializadas pela C&A no Brasil usam a pluma mais sustentável e 23% das matérias-primas utilizadas pela marca são mais sustentáveis (incluindo o próprio algodão).
Apesar dos avanços, Rozália admite que o desafio de melhorar a comunicação sobre sua proposta de sustentabilidade é constate. “Trabalhamos com a crença de que daqui a um tempo esse tema vai ser o normal na vida das pessoas, por isso pensamos nele não como um dilema, algo que possa comprometer o consumo responsável. Para nós, o conceito de tendência está fora de moda, é ultrapassado. Oferecemos uma plataforma de escolha para os clientes se conectarem e se expressarem, e isso não passa por comprar tudo, mas sim aquilo que faz sentido”, analisa.