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Estado de Minas

Le Cordon Bleu, a escola 'do Masterchef', chega ao Brasil

Uma das escolas de gastronomia mais famosas do mundo faz parceria com a Ânima Educação e com o governo do Rio para oferecer cursos de culinária no país. Ideia é formar chefs estrelados


postado em 10/05/2018 12:00 / atualizado em 10/05/2018 10:27

O instituto de alta gastronomia é celebrado no mundo todo(foto: Divulgação)
O instituto de alta gastronomia é celebrado no mundo todo (foto: Divulgação)

São Paulo – O celebrado instituto de alta gastronomia francesa Le Cordon Bleu abre as portas no Brasil com duas operações distintas, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A operação paulista é uma joint venture com a Ânima Educação, um dos maiores grupos de ensino superior privado do país, enquanto no Rio ela é resultado de um acordo com o governo do estado.

Em São Paulo, o projeto nasceu por insistência do CEO da Ânima, Daniel Castanho. O namoro começou há 7 anos, quando um chef-reitor do Le Cordon Bleu veio para um evento no restaurante Chef Rouge, na capital paulista. Castanho aproveitou a oportunidade para fazer uma proposta. No início os franceses só queriam licenciar a marca, mas acabaram convencidos a colocar dinheiro no negócio. O investimento final não foi revelado, mas estima-se que tenha ultrapassado a previsão inicial de US$ 2 milhões.

Um programa de bolsas de estudos está sendo desenhado pela Ânima e deve envolver algum tipo de competição culinária. “Queremos que pessoas de todas as regiões do Brasil estudem aqui e que depois voltem para os seus estados e abram grandes restaurantes”, diz Castanho.

A operação do Rio começou com um convite do ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso. A ideia era lançar o projeto antes da Copa de 2014, mas ele acabaria sendo adiado. O estado do Rio cedeu o prédio, na Rua da Passagem, em Botafogo, com a condição de que fosse criada uma escola técnica e mais acessível, com 20% de bolsas para alunos da escola pública. O projeto inicial foi avaliado em R$ 4 milhões, mas acabou custando quase R$ 18 milhões. Desse montante, R$ 10 milhões foram investidos pelos franceses e R$ 8 milhões vieram de recursos públicos

O preço salgado dos cursos (R$ 24,8 mil o módulo básico com 11 semanas e período integral) não parece ser um impedimento para o sucesso da empreitada. As duas primeiras turmas em São Paulo começam em 21 de maio com todas as vagas preenchidas. O curso completo, chamado Grand Diplôme, que inclui os três módulos (básico, intermediário e avançado) sai por R$ 141,6 mil e pode ser feito em 9 ou 18 meses. O corpo docente é internacional e as aulas são ministradas em inglês, com tradução simultânea se necessário.

Os cursos do Rio e de São Paulo seguem o currículo global do instituto, mas há projetos específicos para o mercado brasileiro. Um deles é o CordonTec, curso técnico de graduação com duração de dois anos. O formato é exclusivo para o Brasil e terá “mensalidades compatíveis com o mercado”, segundo a diretora da operação no país, Sofia Mesquita. “Não fechamos o valor, mas deve ficar na faixa de R$ 2 mil por mês”, diz a executiva. O curso ainda está em fase de registro no MEC, mas a ideia é lançá-lo logo.

A operação brasileira chega com 20 anos de atraso. No final dos anos 90, o Le Cordon Bleu se voltou para a América Latina, origem de muitos de seus alunos, ao abrir a operação no Peru e no México. No Brasil, o negócio emperrou. “Era impossível fazer parceria com uma universidade pública”, diz André Cointreau, presidente do Le Cordon Bleu, que veio para a inauguração da operação paulista. “Havia um ministro da educação muito elegante, que falava francês (Paulo Renato Souza), e que queria fazer a parceria com a Universidade de Brasília. Mas não foi adiante por questões de regras e regulações.”

O Le Cordon Bleu foi fundado em 1895 por Marthe Distel, editora de uma revista de gastronomia que oferecia cursos com chefs renomados. Hoje é um dos dois mais importantes formadores de chefs do mundo, com 35 institutos em 20 países, 20 mil alunos por ano e cursos de técnica culinária e hotelaria.

O instituto passou por uma virada em 1984, quando André Cointreau, herdeiro direto dos fundadores das bebidas Cointreau e Rémy Martin, assumiu o comando. “Marthe Distel já tinha todas essas ideias de internacionalização e de prestar um serviço de excelência para atender as demandas da indústria”, diz Cointreau, minimizando seu papel no crescimento da empresa. “Não encaro o Le Cordon Bleu como um negócio, mas como um instituto de ensino. Claro que temos que ter um modelo de negócios. Mas não quero apresentar resultados a cada trimestre.”

O sucesso do instituto, diz ele, deve ser medido pela quantidade de estrelas que os ex-alunos exibem na porta de seus restaurantes. Não à toa, o marketing tem papel fundamental na estratégia da marca. O instituto é o atual patrocinador global do programa Master Chef e, nos anos 50, ficou famoso com um merchandising no filme Sabrina, de Billy Wilder, com a atriz Audrey Hepburn aprendendo a fazer suflê.



O que é o Le Cordon Bleu

» Fundação: 1895, na França

» Como ficou conhecido: forte presença no cinema. A atriz belga Audrey Hepburn chegou a fazer merchandising da marca. Atualmente, o Le Cordon Bleu é patrocinador global do Master Chef

» Estrutura: 35 institutos em 20 países

» Alunos: 20 mil
 


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