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Estado de Minas

Direção da Estácio sofre com mensalidade de R$ 49

Política de preços praticada nos primeiros meses do ano e crise do Fies abalam confiança dos investidores. Setor está mais vulnerável com a dificuldade para captar alunos no país


postado em 14/05/2018 12:00 / atualizado em 14/05/2018 10:45

Cerca de 75% dos calouros da Estácio entraram este ano pagando apenas R$ 49 nas primeiras mensalidades(foto: Fernando Frazão/Agência Brasil %u2013 12/11/17)
Cerca de 75% dos calouros da Estácio entraram este ano pagando apenas R$ 49 nas primeiras mensalidades (foto: Fernando Frazão/Agência Brasil %u2013 12/11/17)

São Paulo – A direção da Estácio, segundo maior grupo de ensino do país, passou as últimas semanas gastando sola de sapato com outro tipo de educação: a de seus próprios investidores. O balanço do primeiro trimestre revelou uma nova política de preços – com as primeiras mensalidades a R$ 49 – que estremeceu a confiança do mercado na rentabilidade do grupo. No começo de maio, as ações da Estácio chegaram a cair mais de dois dígitos.


Agora, o CEO Pedro Thompson está tentando convencer os investidores de que eles entenderam tudo errado. O pomo da discórdia atende por DIS, sigla para “Diluição Solidária”. Com o fim da farra do Fies e o consumo ainda fraco, captar novos alunos está cada vez mais difícil, o que tem levado todo o setor a adotar preços mais agressivos para atrair calouros.


Como as matrículas se estendem até março – e neste ano, por conta de atrasos no Fies, invadiram o mês de abril – virou praxe a isenção ou a cobrança de tarifas módicas para as duas ou três primeiras mensalidades, que se referem a janeiro, fevereiro e março. Sem a colher de chá, o valor retroativo a ser pago na entrada seria muito alto, dificultando ainda mais as matrículas.

Foi nesse contexto que a Estácio anunciou sua nova política para este ano. Cerca de 75% dos calouros entraram pagando apenas R$ 49 nas primeiras mensalidades. O saldo restante referente a esses primeiros meses será parcelado ao longo do curso e corrigido apenas pela inflação.

Funciona assim: considerando um tíquete médio de R$ 800 e o prazo médio de duração dos cursos de 48 meses, quem entra em março e paga R$ 49 pelas mensalidades de janeiro e fevereiro tem um saldo restante de R$ 1.502 a quitar. Essa diferença é parcelada em 46 meses e a mensalidade passa a ser de R$ 832,70 (o saldo é corrigido apenas pela inflação).


As ações da Estácio despencaram mais de 5% no dia seguinte à divulgação. “Na verdade, essa política de preços cria valor, mas só ficou claro desde o início para quem acompanhava bem de perto a companhia”, diz um gestor do Leblon. “Eles pecaram na comunicação”.

O problema foi ainda maior porque, pelas regras de contabilidade, a Estácio é obrigada a reconhecer o valor cheio dessas primeiras mensalidades – o que inflou a receita e poluiu todas as métricas de comparação. O DIS respondeu por 14% da receita no primeiro trimestre, ainda que esse valor esteja longe de virar caixa.

“Houve uma desconfiança de que eles estavam criando uma falsa sensação de melhora, inflando as matrículas num período em que está muito difícil captar alunos”, diz outro investidor.

TÍQUETE MÉDIO Num intervalo de 10 dias úteis, o CEO Pedro Thompson e a equipe de Relações com Investidores do grupo participaram de uma conferência do Itaú, um almoço promovido pelo BTG e conversas com analistas. A mensagem básica: a nova política de preços captura uma receita que vinha sendo deixada na mesa e adiciona 5% ao tíquete médio quando as parcelas são trazidas a valor presente.


Uma das principais preocupações do mercado diz respeito à qualidade da base que está sendo atraída pelos preços baixos: quando a empresa começar a cobrar o valor cheio, o aluno não vai desistir do curso?

A empresa diz que não, e prova com dados do ano passado. Pouca gente havia se dado conta mas, em 2017, a Estacio já havia cobrado R$ 59 nas primeiras mensalidades na campanha de captação do primeiro semestre – e sem parcelar o valor restante, simplesmente abrindo mão da receita. E a evasão, como mostram os balanços desde então, diminuiu.

Outra dúvida diz respeito ao provisionamento da inadimplência das mensalidades. A Estácio provisionou 15% da receita com o DIS, com base no histórico dos alunos que costumam abandonar o curso no primeiro ano e na probabilidade de recuperação dos créditos. Alguns analistas apontam que esse valor deveria ser mais próximo de 25% a 30%. A companhia disse que fará um acompanhamento mensal e ajustará as provisões se a inadimplência ficar maior do que o esperado.


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