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Estado de Minas

Agronegócio argentino 'lucra' com o dólar forte


postado em 14/05/2018 13:54

Buenos Aires, 14 - A desvalorização do peso argentino em relação ao dólar, que já chega a 12% neste mês e a 23% no acumulado do ano, se tornou a esperança dos produtores de soja e milho do país vizinho para reduzir as perdas que eles tiveram com a seca, tida como a pior dos últimos 70 anos. O colapso econômico levou o país a negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um socorro de US$ 30 bilhões.

A falta de chuvas entre novembro e março na Argentina deverá reduzir a safra de soja deste ano em 30% em relação à projeção inicial e, a de milho, em 18%. Com um dólar em alta, no entanto, os produtores poderão ter uma receita em pesos mais elevada com a exportação dos produtos, compensando, em parte, as perdas.

Segundo cálculos da Fundação Agropecuária para o Desenvolvimento da Argentina (Fada), o país ainda tem 52% da colheita total para vender, o que é considerado normal para essa época do ano.

Há também parte da safra passada que ainda não foi comercializada - pouco mais de 10% do total, o que resultará em US$ 2,6 bilhões para o país. A produção agrícola responde por dois terços das receitas com exportações da Argentina, que vem sofrendo uma fuga de capitais há duas semanas.

O economista da Fada, David Miazzo, lembra, porém, que os grandes produtores não devem perceber mudanças com as alterações no valor do peso, já que costumam se proteger no mercado cambial. "Houve também quem perdeu absolutamente toda a produção na seca. Para esses, não tem preço em dólar que compense", diz.

Produtor de milho, soja e trigo nas províncias de Buenos Aires e Córdoba, Santos Zuberbühler conta que ainda tem 30% da safra para vender e 100% da safrinha. Essa parte da produção não foi negociada e será vendida por um dólar mais alto. "A safra atual é dessas para não querer se lembrar nunca mais, mas a desvalorização vai ajudar. Metade dos nossos custos são em pesos e agora eles valem menos por quilo de soja."

O economista Martín Ravazzani, da consultoria Ecolatina, destaca que a desvalorização do peso vai melhorar sobretudo a rentabilidade dos produtores que estão nas províncias em que Santos atua.

Aqueles que estão em outras zonas costumam ter mais gastos em dólares, pois precisam transportar a safra por rodovia até os portos. A Ecolatina estima que o PIB deixará de crescer 0,8 ponto porcentual neste ano por causa da seca e projeta alta menor do que 2% para a economia em 2018. As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Luciana Dyniewicz, enviada especial)


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