Os protestos de caminhoneiros na manhã desta segunda-feira (21) contra o preço do diesel afetam pelo menos três rodovias de Minas Gerais: as BRs 040, 381, 251 e 262. Nas estradas, quem tenta trafegar encontra manifestantes interrompendo o fluxo de veículos nas pistas. O movimento ocorre em todo o Brasil por causa da política da Petrobras de constantes aumentos nos preços dos combustíveis.
Veja como está o trânsito na sua região
Os caminhoneiros chegaram a fazer algumas barreiras de pneus e atearam fogo na faixa da direita, tanto no sentido Uberaba, como no sentido Belo Horizonte.
Motoristas que aderiram à paralisação conferem todos os veículos que passam e forçam a parada de carros menores que estão carregados com algum tipo de mercadoria para entrega.
O caminhoneiro Hermiro Machado, 47 anos, rodando nas estradas brasileiras há 28 dirigindo veículos pesados, diz que o atual cenário para os caminhões está enforcando os condutores. “As transportadoras estão repassando valor baixo do frete, a demanda caiu e os preços dos combustíveis estão abusivos. Desse jeito não tem como trabalhar”, afirma.
No caso da BR-262, o início da manifestação nos dois sentidos está instalado embaixo do viaduto da MG-050. Portanto, a melhor opção para quem vai de BH para o Triângulo Mineiro é entrar em Betim e sair em Juatuba, pegando um trecho de apenas cerca de 100 metros de manifestação.
Pego de surpresa
O auxiliar de engenharia Wemerson Casitta, de 38 anos, deveria ter chegado em Araxá, no Alto Paranaíba, às 10h, mas já perdeu o dia após ficar preso na manifestação dos caminhoneiros na BR-262, em Juatuba. “Se eu soubesse não tinha nem saído hoje”, afirma ele, pego de surpresa às 5h30 da madrugada. Wemerson acredita que para surtir efeito real o protesto deveria parar todo o trânsito das rodovias, do contrário não haverá impacto no preço dos combustíveis.
Segundo registros da Polícia Rodoviária Federal de Minas Gerais, há manifestações com pontos de interdição parcial na BR 381, nos quilômetros 513, altura de Igarapé, e 617, em Oliveira, além do km 690, na estrada de Lavras.
Já na BR 040 os manifestantes fecham parte da pista no quilômetro 699, em Barbacena. Há registro de interdição parcial também no quilômetro 808 em Matias Barbosa.
Quem vai de Ribeirão das Neves para BH, na Região Metropolitana, também encontra interdição e protesto. Segundo a PRF, somente veículos de carga conseguem passar.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Autônomos de Carga de Minas Gerais (Sinditac-MG), também há protesto em trecho da MG 50 em Passos.
Diesel inviável
Para o presidente do Sinditac de Minas, Antônio Vander Silva Reis, que está acompanhando os protestos no estado, o que tem sido cobrado de combustível está inviabilizando o trabalho dos caminhoneiros. “O aumento é absurdo, tem lugar que o diesel, que custava cerca de R$ 2,70 há seis meses, está custando R$ 3,70 ou R$ 3,80. O preço está chegando aos R$ 4”, disse.
Segundo Antônio Vander, o impacto na atividade de quem trabalha com fretes é enorme, pois o preço pago pelos contratantes dos serviços não mudou. “Não tem mais condições de rodar. Hoje o combustível já está ultrapassando em 60% o valor do frete”, conta.
Se um motorista pega um serviço de transporte de mercadoria por R$ 1000, são R$ 600 destinados somente ao combustível. Na avaliação do sindicato, uma conta justa seria de três por um. Ou seja, se o gasto com o diesel for de R$ 600, o motorista deveria receber R$ 600 pelo serviço e mais R$ 600 pelo desgaste do veículo.
Motoristas nas estradas
O presidente do Sinditac-MG afirmou que a orientação aos motoristas foi ficar em casa e não soube dizer quais serão os procedimentos nas manifestações. “Essa greve partiu dos próprios caminhoneiros, então não tem como a gente dizer como vai ser conduzido”, afirmou.
O movimento dos caminhoneiros em Minas Gerais começou por volta das 23h30 de domingo nas BRs já nas alturas de Barbacena, Matias Barbosa e Juatuba.
Na sexta-feira, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) chamou os motoristas a participar de uma paralisação a partir das 6h desta segunda-feira. O principal motivo é a alta de preço no óleo diesel. Até o momento, o governo federal não sinalizou com resposta sobre as reivindicações da categoria.
Os caminhoneiros pedem a retirada dos encargos tributários cobrados sobre o óleo diesel. Também querem a isenção da Contribuição sobre Domínio Econômico (Cide) sobre a venda do óleo diesel usado pelos transportadores autônomos.
Norte de Minas
A paralisação dos caminhoeiros também ocorre no Norte de Minas. O protesto é realizado na BR 251, uma das estradas mais movimentadas de Minas Gerais, com um grande trânsito de veiculos de cargas que viajam do Centro-Sul para o Norte/Nordeste.
Iniciada às 7h50min, a manifestação acontece no Km 504 da rodovia, em frente ao "Posto Chimba", proximo ao entroncamento com a MGT 122 (estrada para Janaúba), entre Montes Claros e Francisco Sá.
Conforme a Policia Rodoviaria Federal, está interrompido tráfego de caminhoes e carretas, sendo liberada a passagem dos demais veiculos. Foram formadas longas filas nos dois sentidos da estrada. Policiais rodoviarios estão local e tentam negociação com os integrantes do movimento para liberar o transito dos veiculos de carga.