A Petrobras, deste 2017, sob a presidência de Pedro Parente, passou adotar o aumento do preço dos combustíveis equivalente a variação do petróleo no mercado externo. Isso fez com que a empresa voltasse a obter bons resultados, com o valor da ação novamente na região dos R25,00.
A medida, apesar de trazer resultados satisfatórios para a Petrobras, trouxe prejuízo aos consumidores, já que a gasolina aumentou substancialmente nos postos. Mesmo o preço da gasolina aumentando 17,96% nos últimos 12 meses, durante esse período, em algumas ocasiões, o petróleo oscilou para baixo, o que fez a Petrobras também reduzir o valor cobrado das distribuidoras. Entretanto, o litro não desvalorizou nos postos de gasolina.
O operador da WM Manhattan (mesa proprietária que atua no mercado de renda variável e ensina investidores a atuarem na bolsa de valores), Rafael Mendes ressalta que a Petrobras não influencia os preços cobrados pelos postos.
Rafael explica que, em relação a questão tributária, do preço cobrado pela gasolina, 43% são impostos. Entre 25% e 34% são cobrados pelos estados via ICMS; R$0,7925/litro são cobrados pela União a título de PIS/COFINS; R$0,1/litro cobrado pela União através da CIDE. “Fica claro que o governo fica com uma boa fatia na composição do preço”, finaliza.
Nos últimos 12 meses a escalada de preços da gasolina já reflete em 0,8% no Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), o que tornou ainda mais cara toda cadeia de produtos e serviços. “Caso o petróleo atinja a marca de U$90,00/barril e o câmbio siga se valorizando e chegue aos R$3,80, o litro da gasolina pode chegar a R$5,10 de acordo com estudo divulgado pela consultoria Tendências” estima Rafael.
No cenário externo, o preço do petróleo tem se valorizado muito em função da retirada dos EUA do acordo do Irã, o que reduz a oferta de petróleo no mercado. O CEO da WM Manhattan, Pedro Henrique Rabelo aponta que outro motivo para a redução na oferta é a crise da Venezuela PDVSA que já reduziu em mais de 40% seus níveis de produção.
Sendo assim, a Petrobras não é a única culpada dessa escalada de preços. O repasse do valor da commodity aos distribuidores é algo natural e saudável para o bom desempenho da empresa.
“O governo deveria revisar sua política tributária sobre o produto e fiscalizasse os postos de gasolina, muitas vezes envolvidos em práticas de cartel”, orienta Pedro.
Infelizmente, o consumidor fica de mãos atadas nessa história, pagando o preço da desorganização do setor de energia do país. Enquanto na Venezuela o litro da gasolina custa R$1,59; nos EUA, R$1,71; o Brasil paga R$4,75.
Entenda
Durante o governo Dilma, não havia uma vinculação direta entre os preços praticados pela Petrobras e o valor do petróleo no mercado externo. Assim, por vezes, o valor da gasolina era definido pelo governo federal a fim de conter os níveis de inflação. Essa ingerência governamental sobre a estatal fez com que seu valor de mercado despencasse na bolsa de valores, chegando a custar R$4,00 em meados de 2015. Afinal, para continuar abastecendo o mercado interno aos preços arbitrados pelo governo, a empresa acabava incorrendo em prejuízos que se refletiam em seus balanços.