Doze semanas “com a mão na massa”, aprendendo conceitos de mercado, livre iniciativa, plano de negócios e comercialização de produtos. Quatrocentas escolas públicas de ensino médio da rede estadual de Minas participam este ano da segunda edição do programa Meu Primeiro Negócio (MPN), uma parceria do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) com a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) e a Junior Achievement.
Na primeira edição, 120 instituições de ensino participaram do projeto, quando os alunos tiveram contato com temas como estudo de viabilidade, pesquisa de mercado e formação de miniempresas.
Para Caio Henrique Azevedo Ferreira, de 16 anos, aluno da Escola Estadual Francisco Menezes Filho, localizada no Bairro Ouro Preto, em BH, o programa Meu Primeiro Negócio abriu portas para que ele despertasse o interesse por iniciativas empreendedoras. “Fiquei sabendo do programa pelo diretor da escola e logo me inscrevi. Não tinha nenhum contato com empreendedorismo”, conta.
O programa inclui a organização e a operacionalização de empresas estudantis formadas pelos próprios alunos. O objetivo é promover a cultura empreendedora entre os participantes por meio de encontros semanais de três horas e meia de duração cada para a troca de experiências entre estudantes, monitores, voluntários e profissionais das áreas de marketing, finanças, produção e recursos humanos.
Brain storm
Uma miniempresa foi montada com 17 alunos da escola de Caio, eleito presidente, além de cinco diretores e o restante do grupo, que trabalhou na produção. Depois de uma votação, resultado de uma brain storm (tempestade de ideias), o nome que surgiu, como explica Caio, foi Cellport. “Criamos o produto a partir do nome”, explica o estudante. O produto em questão é um suporte de telefone celular, de forma que o aparelho não fique no chão.
Com a ideia em mente, o grupo passou por várias etapas – pesquisa de mercado, encontros frequentes sob a supervisão de monitores, plano de negócios, divulgação do produto até a sua comercialização.
O grande salto do grupo foi a montagem de um estande na Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (Finit). “Fomos convidados para participar da Finit e ficamos muito felizes. Foi nossa maior fonte de vendas”, diz Caio.
Estimulado a empreender depois que participou do Meu Primeiro Negócio, a intenção de Caio é, futuramente, montar uma empresa com um dos participantes do programa. “Quero estudar, fazer gestão de projetos e quem sabe abrir uma empresa.”
Demanda alta
Na Escola Estadual Professor Neidson Rodrigues, no Bairro Paulo VI, em BH, o professor de Física Hualter Ildes Martucheli confessa que está ansioso para a próxima edição do Meu Primeiro Negócio.
No ano passado, 20 alunos da escola participaram do programa com várias ideias até chegar ao produto – um copo de acrílico personalizado, de acordo com o gosto do freguês. “Foram várias as etapas, desde a matéria-prima, a viabilidade, a captação de recursos, a negociação com os acionistas, a divulgação até a comercialização. Não é simplesmente vender. Há toda uma história por trás, um sonho, uma realização”, diz Hualter.
Os jovens trabalharam os copos com vários temas e datas comemorativas, mas investiram na personalização. “Eles atendiam os pedidos dos clientes e fabricavam os modelos na hora.” Os copos eram envernizados e saíam a R$ 6. Posteriormente, foram vendidos a R$ 4. Eles chegaram a vender cerca de R$ 400 durante a Finit.”
O professor lembra que trabalhar durante a Finit foi um sucesso. “Eles foram premiados como destaques na feira, a comunidade se envolveu, assim como a família dos estudantes”, completa.
Este ano a seleção na escola será disputada, já que cerca de 100 alunos mostraram interesse, sendo que o programa oferece 30 vagas com 10 de reserva. “A demanda é enorme. A primeira edição do programa despertou o interesse dos alunos, que estão extremamente empolgados para a próxima edição.”
Aposta em uma nova economia
Economia criativa com foco em um novo comportamento da juventude. Esse é um dos alvos do programa Meu Primeiro Negócio, que entra no segundo ano com um número crescente de vagas e com resultados extremamente positivos entre os participantes.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes), a implantação do programa é uma aposta em uma nova economia, cujos atores, os jovens, não mais se sentem atraídos por concursos públicos ou por estabilidade profissional. A intenção é estar em sintonia com a juventude, com foco em empreendedorismo e destinado a estudantes do ensino médio sem deixar de lado a economia tradicional.
Mais do que criar uma empresa, o programa Meu Primeiro Negócio integra uma estratégia do governo de criar políticas públicas com base no desenvolvimento econômico, na conexão de startups, na inovação e na tecnologia para que o jovem comece a entender o universo dos negócios.
A secretaria garante que o número de vagas do programa deve aumentar em 2019. Na primeira edição foram 120 participantes, nesta que se inicia em junho já são 400 e para o próximo ano o número deve aumentar com base no crescimento divulgado recentemente pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostra uma evolução significativa de Minas com relação à geração de empregos.
Requisitos
Para ser voluntário do programa Meu Primeiro Negócio, é necessário ter mais de 18 anos completos até a data de divulgação dos voluntários participantes; ter experiências profissionais e/ou acadêmicas preferencialmente correlacionadas às seguintes áreas de atuação: finanças, negócios, marketing, recursos humanos e produção; identificar-se com iniciativas empreendedoras e com os objetivos do programa; e ter habilidade para trabalhar com adolescentes e jovens em diferentes ambientes sociais.
O grupo de voluntários é composto, em média, de cinco pessoas por miniempresa, sendo divididos nas áreas de produção, marketing, finanças, RH e diretoria geral. Cada grupo de voluntários é responsável por atuar em uma escola, presencialmente, por 12 semanas. O encontro é semanal com duração de três horas e meia, fora do turno escolar, de acordo com a disponibilidade do voluntário.