A greve dos caminhoneiros adiou o dia dos sonhos do casal de psiquiatras Larissa Lanza, 30 anos, e João Marcelo, 28, que seria nesta sexta-feira (25) em Sete Lagoas, Região Central de Minas Gerais. O casamento e a festa para mais de 300 convidados, planejados com 16 meses de antecedência, não vão acontecer porque os fornecedores, que viriam de Belo Horizonte, não conseguirão chegar. Um deles, que levaria flores para a decoração, chegou a ter a caçamba do caminhão atingida por um tiro.
A noiva Larissa conta que a maioria dos fornecedores é da capital e, desde quarta-feira, quando começou a greve dos caminhoneiros, eles começaram a ligar. “Nos informaram que estavam tendo grandes dificuldades e tivemos que tomar essa decisão (de cancelar a festa de sexta). Os caminhões foram abordados e alguns quase agredidos. O fornecedor das flores teve o veículo atingido por um tiro na BR 040 perto do Jardim Canadá”, conta.
Tiro e flores
As flores viriam de Holambra, interior de São Paulo. “Ficaram presas, está tudo parado. Os móveis também não conseguiram chegar, os lustres, não tem como passar nada”, lamentou Larissa. Ela conta que o melhor amigo do noivo havia vindo da Austrália e os irmãos da noiva viajaram dos Estados Unidos e Suécia. Os convidados de outros estados foram avisados, mas também tiveram problemas com passagens e hotéis.
“Estamos muito tristes mas a gente compreende os motivos. Não esperávamos que fosse na nossa semana”, conta a noiva. A cerimônia seria na Igreja de Santo Antônio e a festa no Splendore.
Prejuízo e decepção
A psiquiatra disse que os fornecedores foram compreensivos e não falaram em cobrar multa para remarcar as datas.
É o caso da equipe que faria a música do evento. O administrador José Luiz Tonelli, diz que houve prejuízo com o cancelamento em cima da hora, mas não pensa em repassar os custos para o casal. “Prejuízo houve, mas é o custo de um país desorganizado, que infelizmente está sujeito a surpresas como essa. Sou a favor da greve e espero que esse sacrifício tenha resultado”, afirmou.
Pai da noiva, o engenheiro Luiz Cláudio Lanza Silva, 64 anos, lamentou o transtorno, mas disse apoiar as reivindicações dos motoristas. "Apesar de tudo sou a favor da paralisação. Acho que é a única maneira de estes políticos e o povo acordarem.
Já são mais de 20 anos de desgoverno. Está na hora de mudança. É agora ou nunca", afirmou.
Nova data só depois da lua de mel
A nova data, segundo a noiva Larissa, ainda será marcada. Antes, ela e o noivo vão antecipar a Lua de Mel em Orlando, nos Estados Unidos. “Vamos fingir que nada aconteceu e na volta a gente pensa e decide”, disse.