A Polícia Federal instaurou 37 inquéritos em 25 Estados para apurar a prática ilegal de locaute, quando a paralisação dos funcionários tem iniciativa ou apoio das empresas. Segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, mandados de prisão já foram expedidos, mas ele disse que não poderia informar se já tinham sido cumpridos por uma questão de segurança. De acordo com ele, os responsáveis estão sendo convocados para prestar depoimentos.
Para sufocar o movimento, o governo Michel Temer buscou atuar em três frentes: a Polícia Rodoviária Federal (PRF) entregará ao Ministério Público Federal relatório atualizado de todas as multas aplicadas a caminhoneiros autuados nas estradas no processo de desobstrução; o governo diz que também passou a aplicar multas de R$ 10 mil por dia para caminhoneiros e R$ 100 mil por hora para empresas que continuarem resistindo na greve; e atuação mais efetiva das Forças Armadas na liberação das rodovias, principalmente das vias consideradas fundamentais para distribuição de combustíveis e produtos essenciais, como hospitalares.
Segundo Jungmann, a Polícia Rodoviária Federal emitiu 400 autos de infração que ultrapassam R$ 2 milhões. Essas multas só dizem respeito a infrações ao Código Brasileiro de Trânsito, segundo a corporação. Não incluem as sanções permitidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a greve ilegal.
Os ministros deram entrevista à imprensa no Palácio do Planalto após reunião com o presidente da República, Michel Temer, e com outros ministros integrantes do gabinete de crise que avalia a greve dos caminhoneiros em todo o País. Mais cedo, Temer assinou um decreto no qual permitiu ao governo assumir o controle de caminhões para desobstruir as rodovias. A medida, chamada de requisição de bens, já havia sido anunciada pelo governo na sexta-feira, mas, só seria tomada se houvesse necessidade. Pelo menos 800 motoristas das classes D e E do Exército, da Marinha e da Aeronáutica estão de prontidão em todo o País para serem empregados, caso haja necessidade. Mas este é considerado um último recursos pelo governo. Esses motoristas têm habilitação para dirigir inclusive a chamada carga sensível.
(Fernando Nakagawa, Julia Lindner e Tânia Monteiro)