São Paulo – Até 2050, o mundo terá 10 bilhões de pessoas para alimentar, boa parte delas concentradas nos grandes centros urbanos. O número faz parte de um levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), e dá uma ideia do tamanho do desafio que a agricultura terá nos próximos anos para melhorar o acesso desse contingente de seres humanos a uma alimentação de qualidade.
No Brasil, empresas embaladas pelo sucesso do agronegócio estão investindo pesado em tecnologia e no desenvolvimento de novos métodos e processos que auxiliem nos ganhos de produtividade do agricultor brasileiro. É o caso da Santa Clara Agrociência, de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, que está incorporando processos da indústria 4.0 em uma nova fábrica de insumos para a área de nutrição e proteção vegetal, que tem inauguração prevista até o final de junho.
A nova unidade, com 4,2 mil metros quadrados, está sendo instalada em Jaboticabal, no interior de São Paulo, e terá capacidade para produzir 26,8 milhões de litros por ano de insumos, ou 10 vezes mais que toda a produção atual. No total, estão sendo investidos R$ 7,5 milhões, segundo Vinicius Mazza, diretor financeiro e administrativo da empresa.
“Todo o investimento foi feito com capital próprio”, disse o executivo. Segundo ele, os recursos se devem ao crescimento anual de 75% nos últimos três anos. Dados da Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) mostram que a expansão média do setor foi de 10% a 14% no mesmo período.
Mazza diz que uma das razões para o salto notável foi o investimento em pesquisa e desenvolvimento que resultou em novas fórmulas de fertilizantes capazes de aumentar a produtividade no campo. “Além, é claro, de uma sólida plataforma de distribuidores espalhados por todas as regiões produtoras do país”, reforça Marcelo Rolim, diretor-técnico da empresa.
Segundo o executivo, também ajudou a bom momento do agronegócio, que capitalizou os produtores e permitiu maiores investimentos em insumos. Outro indicador que pode explicar os bons resultados são as constantes obtenções de patentes para novos produtos: atualmente, a Santa Clara detém cinco patentes de insumos especiais. Outras 12 estão depositadas no Instituto Nacional de propriedade Industrial (INPI) esperando aprovação.
Fundada por José Amaro Cury, que acumula cerca de 50 anos de experiência no comércio de fertilizantes agrícolas no país, a Santa Clara se prepara para o futuro de alimentos orgânicos. Para os próximos três anos, a empresa está pleiteando junto à Financiadora de Estudos e Projeto, a Finep, um crédito de R$ 14 milhões.
Um terço do montante será destinado a programas de desenvolvimento de novas tecnologias de controle de pragas e doenças por meio de compostos naturais, os chamados bioinsumos, ou biofertizantes, que podem ser aplicados em praticamente todas as culturas agrícolas.
“Os produtos orgânicos representam o futuro da agricultura”, diz Rolim, lembrando que a empresa também tem uma parceria com a Embrapa (a estatal de pesquisa agropecuária que está completando 45 anos) para desenvolver produtos à base de micro-organismos. Aplicados ao solo ou nas sementes, eles ajudam no crescimento e protegem o desenvolvimento das plantas.
LIDERANÇA O Brasil é hoje o maior produtor de itens orgânicos do mundo. Projeções mostram que, no futuro próximo, 20% dos agroquímicos serão substituídos por biofertilizantes. Com essa expectativa, a Santa Clara construiu anexo à nova fábrica de Jaboticabal um laboratório de pesquisa e desenvolvimento, além de uma pequena unidade piloto para reproduzir e testar em ambiente de fábrica os novos produtos que serão desenvolvidos.
“Isso é uma raridade em termos de fábrica no Brasil e um diferencial muito grande”, diz Mazza. Segundo ele, a nova unidade, que levou três anos para ser construída, coloca a Santa Clara entre as dez maiores empresas do setor no Brasil. Presente em 30 países da América do Sul, Central e África, a companhia se prepara para desembarcar na Espanha, país escolhido para entrar no mercado europeu. “Queremos ser o maior exportador de insumos e fertilizantes vegetais e ser totalmente bio em 20 anos”, afirma Rolim.
O mercado de fertilizantes no Brasil
R$ 6,4bilhões
É o faturamento anual
459 empresas
17 milempregos
10Þ crescimento anual
Fonte: Abisolo
R$ 6,4bilhões
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